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sábado, 10 de fevereiro de 2018

Boas novas. A Ribeira do Livramento está viva! 

Basta avançar meia dúzia de metros desde Avenida da Europa para os terrenos da várzea de Setúbal para sermos confrontados com o pestilento cheiro vindo do leito da Ribeira do Livramento. Trata-se de águas de um esgoto que para ali descarrega a partir da zona do Complexo Desportivo  Municipal da Várzea, quase em frente ao campo desportivo utilizado pelos “Pelezinhos”. 

Para montante desse cano de descarga de águas negras, vindas das bandas do Bairro de São Gabriel, o leito da ribeira encontra-se seco. 

Pensava eu, e provavelmente a grande maioria dos setubalenses, que efetivamente a Ribeira do Livramento tinha morrido, devido a tão persistente seca. 

Hoje tive o privilégio de poder caminhar algumas horas pela Serra da Corva, para as bandas do Vale dos Barris, no concelho de Palmela, onde a Ribeira do Livramento tem a sua nascente. 

Ali a água, ainda que em pequena quantidade, sai da terra e forma um pequeno regato que vai aumentando de caudal até se transformar naquela ribeira com abundantes águas que desaguavam no Sado junto ao Clube Naval Setubalense.
O meu amigo, velho escuteiro, Carlos Frescata, conhecido e reconhecido ecologista conduziu-me até àquele local, onde os javalis se sentem em casa e onde em cujas águas ainda podemos observar os simpáticos cágados, enquanto no ar um casal de águias de asa redonda esvoaçam, como que patrulhando aquele santuário de vida selvagem, no estremo nascente do Parque Natural da Arrábida. 

Porque se trata de água em pequena quantidade ela não chega até à Varzea de Setúbal porquanto provavelmente vai ficando retida ou utilizada pelas explorações agrícolas por onde passa. 

Fiquei feliz por ter estado junto à nascente e por poder partilhar esta  boa nova. 

Enquanto há vida há esperança e como tal talvez um dia possamos ver a nossa várzea com água límpida correr no leito da nossa Ribeira do Livramento tal como os nossos avós tiveram o privilégio de observar, aquela mesma água onde ainda podemos saciar a sede debruçando-nos sobre a terra-mãe. 

Rui Canas Gaspar 

livrosdorui.blogspot.com 


2018-fevereiro-10

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