notícias, pensamentos, fotografias e comentários de um troineiro

domingo, 18 de fevereiro de 2018

Quando o P.U.A. ainda não era nascido 

Foi um dia de festa em Setúbal, aquele 20 de maio de 1934, quando o Presidente da República, Marechal António Óscar de Fragoso Carmona, acompanhado de muitos ilustres setubalenses e visitantes, com pompa e circunstância, colocou a última pedra nas Grandes Obras do Porto de Setúbal. 

Embora tratando-se de um empreendimento de enorme importância para a cidade o mesmo viria a acabar com um conjunto de praias fluviais junto ao Rio Sado. 

As muralhas que ao longo de quatro quilómetros de margem então se construíram tinham o seu arranque na base do forte da Albarquel, num local designado por Toca do Pai Lopes. 

As areias retiradas do fundo do Sado, recorrendo-se a dragagem, foram expelidas para lá das muralhas. Devido a essa ação formaram-se amplos terraplenos, como aquele que aconteceu entre a Toca do Pai Lopes e a Praia da Saúde, um local onde viriam a funcionar os estaleiros de construção e reparação naval. 

Duas décadas depois outras necessidades viriam a ser sentidas pela cidade e, nos anos cinquenta, a Câmara Municipal de Setúbal, solicitou à empresa Eugénio & Severino que lhe cedesse parte dos terrenos que entretanto ocupava, para ali construir um Parque de Campismo. 

Mais tarde, foi acrescentada nova parcela de terreno, contígua, precisamente aquela onde o pessoal dos estaleiros jogava futebol, o que naturalmente não foi muito do agrado dos trabalhadores, ficando o parque com a dimensão definitiva até ao seu encerramento no início do século XXI. 

Algumas árvores foram então plantadas e construídas as necessárias infraestruturas de apoio ao espaço de lazer que dispunha de condições de enquadramento paisagístico invejáveis. 

Nos anos sessenta do passado século XX, naquele belo espaço, podiam ver-se montadas as pequenas tendas canadianas, muito utilizadas pelos campistas e escuteiros, a par das grandes tendas familiares ao lado das quais, curiosamente, também parqueava a viatura automóvel do utilizador do parque. 

Rui Canas Gaspar 

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2018-fevereiro-18

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Conhecem a brasileira setubalense? 

As nossas ruas são locais repletos de história ou de histórias, sobretudo as mais antigas artérias, sejam pela figura que homenageiam, pelas pessoas que por lá habitaram ou por factos e eventos acontecidos por essas bandas. 

Estou a lembrar-me por exemplo daquela ao lado da Rua das Oliveiras, onde a Fonte da Charroca aguarda por melhores dias e que dá pelo nome de Rua da Brasileira, no popular Bairro de Troino, onde residi e, onde segundo a tradição ali teria nascido, no mesmo edifício onde o meu pai também morou, a mundialmente famosa cantora lírica Luísa de Aguiar, que depois de casada passou a ser conhecida por Luísa Todi. 

Mas, independentemente das pessoas que ali residiram outros acontecimentos importantes por lá aconteceram como, por exemplo a descida rua abaixo dos soldados da Rainha D. Maria II, em 3 de maio de 1847, no dia seguinte ao combate do Viso, no decurso da terrível guerra civil. 

Nessa altura a Rua da Brasileira era designada por Rua de Coina, porquanto era ali que praticamente se iniciava o trajeto que seguindo pela estrada, um pouco mais a norte, chegaria a essa localidade, onde depois atravessando o Tejo entraríamos na capital do reino. 

Porque mudou o topónimo de Coina para Brasileira, não sei e, porque estamos em época de carnaval poderemos brincar um pouco e até pensar que alguma beldade para ali foi sambar despertando tal interesse que mandou a tal Coina às hortinhas para se radicar até hoje no meu velhinho Bairro de Troino. 

Rui Canas Gaspar 

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2018-fevereiro-13

sábado, 10 de fevereiro de 2018

Boas novas. A Ribeira do Livramento está viva! 

Basta avançar meia dúzia de metros desde Avenida da Europa para os terrenos da várzea de Setúbal para sermos confrontados com o pestilento cheiro vindo do leito da Ribeira do Livramento. Trata-se de águas de um esgoto que para ali descarrega a partir da zona do Complexo Desportivo  Municipal da Várzea, quase em frente ao campo desportivo utilizado pelos “Pelezinhos”. 

Para montante desse cano de descarga de águas negras, vindas das bandas do Bairro de São Gabriel, o leito da ribeira encontra-se seco. 

Pensava eu, e provavelmente a grande maioria dos setubalenses, que efetivamente a Ribeira do Livramento tinha morrido, devido a tão persistente seca. 

Hoje tive o privilégio de poder caminhar algumas horas pela Serra da Corva, para as bandas do Vale dos Barris, no concelho de Palmela, onde a Ribeira do Livramento tem a sua nascente. 

Ali a água, ainda que em pequena quantidade, sai da terra e forma um pequeno regato que vai aumentando de caudal até se transformar naquela ribeira com abundantes águas que desaguavam no Sado junto ao Clube Naval Setubalense.
O meu amigo, velho escuteiro, Carlos Frescata, conhecido e reconhecido ecologista conduziu-me até àquele local, onde os javalis se sentem em casa e onde em cujas águas ainda podemos observar os simpáticos cágados, enquanto no ar um casal de águias de asa redonda esvoaçam, como que patrulhando aquele santuário de vida selvagem, no estremo nascente do Parque Natural da Arrábida. 

Porque se trata de água em pequena quantidade ela não chega até à Varzea de Setúbal porquanto provavelmente vai ficando retida ou utilizada pelas explorações agrícolas por onde passa. 

Fiquei feliz por ter estado junto à nascente e por poder partilhar esta  boa nova. 

Enquanto há vida há esperança e como tal talvez um dia possamos ver a nossa várzea com água límpida correr no leito da nossa Ribeira do Livramento tal como os nossos avós tiveram o privilégio de observar, aquela mesma água onde ainda podemos saciar a sede debruçando-nos sobre a terra-mãe. 

Rui Canas Gaspar 

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2018-fevereiro-10

sábado, 3 de fevereiro de 2018

Como a Câmara Municipal de Setúbal resolveu um delicado problema de parqueamento 

No início de 2017 uma intervenção liderada pela Câmara Municipal orçada em 154.759,99 euros centrou a atenção nos trabalhos entre a Avenida da Europa e a zona até então asfaltada, beneficiando uma área de  1 070 metros quadrados. 

Desta empreitada, donde ressalta a construção de passeios e estacionamentos onde foi colocado pavet, resultou também a execução de três dezenas de caleiras para colocação de árvores, bem como a criação de uma bolsa de estacionamento automóvel que comporta 84 viaturas. Ainda no âmbito destes trabalhos foi também instalada uma rede de drenagem de águas pluviais e reforçada a iluminação pública. 

Nos últimos tempos verificou-se que era recorrente o estacionamento de viaturas pesadas nesses espaços destinados ao estacionamento automóvel, ocupando cada um desses veículos vários lugares. 

Alguém do serviço de trânsito municipal teve a brilhante ideia de ao invés de colocar sinais de trânsito ou avisos a proibir os camionistas de ali parquearem as suas viaturas, tratou de mandar colocar no meio de cada uma das bolsas de estacionamento uma floreira donde ressalta uma viçosa palmeira. 

Tiro e queda! Acabou-se ali o parqueamento abusivo por parte dos condutores dos pesados de mercadorias. 

Rui Canas Gaspar 

2018-fevereiro-03 


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