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terça-feira, 10 de outubro de 2017

Quem tem memórias da Quinta da Inveja? 

Um amplo portão trabalhado em barras de ferro, de dupla abertura, chumbado a duas altas e sólidas ombreiras de pedra calcária serviam de terminal aos muros de proteção da propriedade que ostentava no topo do lado direito a designação de Quinta da Inveja. 

O acesso à quinta processava-se pela Estrada dos Ciprestes e em finais de 2014 as devolutas instalações ainda se apresentavam como a imagem documenta. 

Situada entre a Quinta da Azeda e a Quinta da Saudade tinha há muito deixado a atividade agrícola, porém a sua ampla casa de dois pisos denotava que os seus iniciais ocupantes teriam sido pessoas abastadas. 

De facto, em 1944, enquanto o mundo se digladiava na Segunda Grande Guerra, aqui à entrada da pacífica cidade de Setúbal, Joaquim Augusto Martins, entregou ao construtor José Guilherme dos Santos, um dossier com o projeto 34/A – 44, contendo cinco plantas e 41 folhas contando a memória descritiva, declaração de responsabilidade, licença de obras, etc. para que este procedesse à ampliação da casa ali existente. 

O novo edifício foi então erigido e serviu cabalmente as suas funções habitacionais e de apoio à atividade agrícola, até que precisamente 70 anos depois do início da sua construção ele viria a ser reduzido a um monte de entulho e, no seu lugar, nada mais ficaria do que a imagem fotografada da sua presença em terras sadinas. 

A demolição da casa processou-se no âmbito do projeto para a construção do Parque Urbano da Várzea e o entulho que dali resultou, depois de devidamente tratado, foi servir de material de enchimento à nova via em construção paralela à Avenida dos Ciprestes. 

Quem tem memórias da Quinta da Inveja incluindo até do conceituado restaurante que por ali funcionou? 

Rui Canas Gaspar 



2017-outubro-10

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