notícias, pensamentos, fotografias e comentários de um troineiro

domingo, 30 de outubro de 2016

O INACREDITÁVEL ACONTECEU EM SETÚBAL

Tenho vindo a congratular-me com os arranjos e a valorização  que tem vindo a ser levado a cabo no nosso mais antigo e sempre belo Parque do Bonfim.

Hoje, 30 de outubro deste ano de 2016 fui surpreendido com a novidade de que o antigo bebedouro, colocado perto do parque infantil, trabalhado em brecha da Arrábida, uma pedra que já não pode ser extraída e por isso mesmo se vai tornando rara e extremamente cara, teria sido substituído.

Mas, embora acreditando na novidade que me estavam a dar, acabei por fazer como o São Tomé, fui ver para crer.

O que vi  deixou-me estupfacto pelo tremendo mau gosto e pela inutilidade da substituição do artístico bebedouro.  É que o mesmo foi de facto retirado e substituído por um tubo metálico com o bebedouro em inox no topo da coluna.

Como cereja em cima do bolo, os “artistas” deixaram um bloco de pedra (brecha da Arrábida) ao lado do tubo para as crianças mais pequenas poderem chegar ao topo do equipamento.

Olhando para a nova escultura, a D. Vinha, veio-me à mente que aquela senhora pouco satisfeita certamente  ficaria se lhe retirassem uns lindos e trabalhados brincos de ouro puro para os substituir uns quaisquer lisos e sem jeito e ainda por cima de fantasia.

Não é a primeira vez que material retirado do Parque do Bonfim vai parar a edifícios particulares. Bem à vista de todos estão as pedras retiradas da antiga fonte do anjo da guarda e que foram adornar as janelas da gruta de Santo António que hoje ainda podemos ver (agora com maior destaque) no Palácio Botelho Moniz.

Não sei se isso irá acontecer, por isso não vou levantar falso testemunho, mas não gostaria de ter conhecimento de que a coluna artisticamente trabalhada em brecha da Arrábida vá um dia aparecer num qualquer jardim particular.

Como cidadão desta terra e, como tal, coproprietário desta peça julgo ter o direito de saber onde ela foi parar e qual o destino que irá ser dado à mesma.

Porque vivemos em democracia não posso questionar as ações do Executivo municipal, porquanto se encontra legitimado pelos votos expressos em urna. Isso não impede o vulgar cidadão de apontar aquilo que em seu entender representa uma asneira crassa e um atentado contra o património coletivo segundo sua opinião.

Tenho pena de ter de referir este assunto, mas se os elogios são para dar o apontar de asneiras não pode ficar silenciado e esta é mais do que uma asneira é um verdadeiro atentado ao bom gosto e ao património setubalense que deve ser cabalmente esclarecido por quem de direito.

Rui Canas Gaspar
2016-outubro-30

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terça-feira, 25 de outubro de 2016

Hoteis e hosteis em Setúbal são demais ou de menos?

No passado ano de 2015 o Hotel Isidro, uma unidade hoteleira setubalense com 70 quartos,  fechou portas provavelmente por incapacidade de resistir à crise económica que se tem vindo a arrastar ao longo dos últimos anos.

A cidade onde não abundava oferta de camas para a procura  turística  ficou mais pobre com este encerramento.

Nos últimos tempos temos vindo a ser confrontados com um aumento da atividade turística na cidade e na região, dizendo-se até que Setúbal está na moda.

Com ou sem modas, o facto é que esta é uma região de beleza  ímpar e tem potencialidades invejáveis que estão a ser descobertas por cada vez por mais nacionais e estrangeiros.

Curiosamente desde que o Isidro encerrou já abriram mais de meia dúzia de pequenas unidades hoteleiras tipo Hostel, as quais no seu conjunto provavelmente não ultrapassarão em muito o que se perdeu com o desaparecimento daquele Hotel.

Sendo assim, dei comigo a pensar que atendendo ao aumento da procura e à abertura das novas unidades, se teremos assim tanto excesso de oferta de camas como alguns setubalenses dizem haver.

Não tenho elementos fiáveis que me permitam afirmar cabalmente que começa a haver hosteis a mais ou a menos, mas fico com a sensação de que Setúbal ainda tem potencial para crescer nesta área de apoio ao turismo.

Bom seria que a par da abertura destas unidades hoteleiras se continuasse a embelezar e a tornar a cidade cada vez mais atrativa, eliminando-se tanto quanto possível o flagelo dos grafites e tags que por aí proliferam e se conseguisse também um nível de higiene e limpeza um pouco mais elevado tornando assim a urbe bem mais agradável para os que aqui vivem e para quem nos visita.

Rui Canas Gaspar
2016-outubro-25

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sábado, 22 de outubro de 2016

O rio azul hoje vestiu a fatiota cinzenta

O Sado está agitado, não tanto quanto seria de esperar a fazer fé nas previsões meteorológicas. O céu que se apresentava bem escuro para as bandas da Arrábida, de quando em vez, aparecia sorridente para os lados de Troia.

Meia dúzia de veleiros de pequeno porte navegavam lá longe, perto da barra, bastante inclinados para estibordo e deslocando-se provavelmente para Sesimbra.

A poderosa lancha dos pilotos da barra “Baía de Setúbal” fabricada nos estaleiros irlandeses e  para a qual despendemos pouco mais de meio milhão de euros, lá vai veloz, saltitando sobre as ondas a caminho da barra para que um dos nossos competentes profissionais faça entrar em segurança mais um navio que aqui vem carregar ou descarregar mercadorias.

Em cima da muralha já se podem observar alguns pequenos troncos e tábuas, ali colocadas ordeiramente pelo agitado mar, outras tantas estão no areal e outras ainda podem ser observadas sobre as ondas junto à costa.

A ondulação nestes dias em que o rio se apresenta pouco calmo trás de tudo um pouco para terra e ainda fiquei na esperança de que a caixa que acabei por fotografar pudesse conter um carregamento de deliciosos e frescos chocos.

Mas não, a caixa vinha vazia e se os quiser comer terei de ir comprar à “praça” o nosso magnífico Mercado do Livramento ou então ir saborear uns pedaços de “chôque frrite” a um sítio que eu cá sei, já que até os malandros dos roazes que costumavam comer as cabeças e deixar o resto do corpo dos moluscos devem estar em greve de fome.

Assim como assim, mesmo com este tempo outonal não fique em casa e saia para apreciar o nosso rio que mesmo não se apresentando hoje vestido de azul não deixa, por isso, de ter menos beleza.

Rui Canas Gaspar
2016-outubro-22

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sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Antigo galeão do sal ostenta o nome de Mourinho 

Cada um aplica o seu dinheiro como quer e sabe e, por isso mesmo, ninguém tem nada a ver com o assunto. Sendo assim, não temos que nos admirar que o melhor treinador português de futebol, o conhecido setubalense Mourinho, tenha propriedades em Setúbal, Azeitão e onde ele muito bem desejar; que se desloque em carros de luxo e até veja a navegar no Sado um antigo galeão do sal para fins turísticos.

E é precisamente este aspeto final que é pouco conhecido entre os seus conterrâneos, a ligação ao “rio azul” que já vem dos tempos do Sr. Félix Mourinho, pai do treinador.

De facto, um dos três antigos galeões do sal que foram recuperados e que vemos navegar no Rio Sado, ostenta o nome do mundialmente famoso treinador, trata-se do “Zé Mário”, uma embarcação  que antes de ser propriedade da Reserva Natural do Estuário do Sado teria sido adquirida em 1963 por uma sociedade da qual fazia parte Mourinho, pai.

Ora foi nesse ano, mais precisamente no dia 26 de janeiro que nasceu o seu filho a quem colocou o nome de José Mário dos Santos Mourinho Félix, para os amigos setubalenses o “Zé Mário” e para o mundo o famoso Mourinho.

E foi precisamente em honra do bebé que tinha acabado de ver a luz do dia que o antigo galeão que tinha nascido e sido batizado com o nome de “Angelina de Jesus” passaria doravante a ser designado por “Zé Mário”.

Pois então para os amigos que pensavam que o nosso Mourinho estava agora a braços com alguma empresa marítimo-turística a operar no Sado podem ficar descansados, porque o homem continua nas lides futebolísticas, embora o seu nome continue a navegar nas belas e calmas águas do “rio azul” desde o ano em que nasceu.

São curiosidades da nossa terra, são coisas de Setúbal.

Rui Canas Gaspar
2016-outubro-21

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sábado, 15 de outubro de 2016

A Arrábida cheia de dinamismo e beleza numa tarde de Outono

Esta tarde a Serra da Arrábida mostrava-se particularmente animada, fosse em terra, no mar ou no ar havia atividade para todos os gostos.

Na estrada que desce para o Portinho não consegui perceber o que por lá se passava ou iria passar. Fardos de palha protegiam as bermas e porque o sol estava baixo a condução com o mesmo a dar de frente tornava-se incómoda, não deixando perceber o que se passava, ainda por cima levando à frente uma ambulância do INEM com sinalização de emergência.

Pareceu-me ser uma prova desportiva de duas ou três rodas, mas o que não tive duvidas e, isso sim, a oportunidade de apreciar foi a destreza de dezenas de parapentistas, entre eles alguns amigos setubalenses que sobrevoavam a serra de onde levantavam voo para vir aterrar posteriormente nas finas areias das praias do Creiro ou nas outras suas vizinhas.

É de salientar que a estrada da serra foi recentemente alvo de uma profunda intervenção que resultou na colocação de largas centenas de novos sinais de trânsito e de placas refletoras nas curvas e nas zonas mais sensíveis. Vamos ver quanto tempo duram sem que os porcalhões não deixem nas mesmas as suas nefastas marcas.

Mas ainda a propósito de porcalhões. Estes energúmenos tinham grafitado uma das guaritas onde se encontra o principal miradouro com vista para o conventinho. Passado algum tempo essa mesma construção foi toda pintada de novo. Volvidas algumas poucas semanas e lá estava já a primeira rabiscadela. Hoje reparei que já lá não está, porque de novo a guarita foi pintada.

É assim que tem de ser, embora seja mais dispendioso, mas não podemos tolerar que os pinta-paredes vençam, eles querem publicidade à sua “arte” por isso nada melhor que passar com tinta por cima e tantas vezes as que forem necessárias.

A Arrábida é um espaço que deve ter qualidade, a todos sabemos que muito há para fazer, mas também sabemos que muito mais se pode ir fazendo e isso cabe seguramente a cada um de nós.

Rui Canas Gaspar
2016-outubro-15

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sexta-feira, 14 de outubro de 2016

À boa atenção dos badalhocos e larápios que operam em Setúbal 

Rogério é um setubalense dos poucos que por cá existem dedicados à profissão de serralheiro por conta própria, sendo também um artista a trabalhar o alumínio.

Lamenta-se de que desde que foi adotado o euro em substituição do escudo nunca mais conseguiu “levantar cabeça”. Farta-se de trabalhar e o dinheiro quase não chega para nada. O pouco que resta é levado em impostos.

Por isso este trabalhador independente não consegue substituir o velho  meio de transporte que utiliza, nem a antiga carrinha para transporte de material.

Quando me dirigi à sua oficina para tratarmos de um assunto de trabalho despertou-me a atenção um cartaz que a carrinha exibia e não deixei de sorrir para um outro que o triciclo ostenta.

É que como se não bastasse o homem ter de se fartar de trabalhar para governar a vida ainda tem umas “amigas” que de vez em quando não se dão ao trabalho de colocar o lixo no lixo e fazem-no para dentro do carro de trabalho do nosso serralheiro.

Outros amigos do alheio para furtar pouco mais de um litro de gasolina do velho triciclo já o têm danificado por mais de uma vez, ficando mais barato ao Rogério oferecer o combustível do que reparar os prejuízos feitos pelos larápios.

Sendo assim e com a boa disposição que o caracteriza o nosso homem decidiu desta singular forma, por meio de cartazes, entrar em contacto com as suas porcalhonas vizinhas e da mesma forma com os ordinários larápios.

Situações deste tipo encontramos um pouco por todo o lado, mas reações como a do amigo Rogério é que de facto são pouco comuns e, por isso, merece a melhor atenção dos larápios e das badalhocas porcalhonas.

Por se tratar de um assunto pouco comum e não representando a nossa terra não deixa de poder ser considerado uma curiosidade nas nossas “Coisas de Setúbal”.



Rui Canas Gaspar
2016-outubro-14

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quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Será que o anunciado Terminal 7 ainda é vivo? 

Em 24 de julho de 2013 era apresentado publicamente aos setubalenses o projeto de conceção do “Terminal 7” da autoria da Sami arquitectos.

Tratava-se de um vanguardista edifício a construir na zona das antigas instalações da SADONAVAL, entre a Praia da Saúde e o Parque Urbano de Albarquel, composto por zonas de restauração, áreas técnicas, balneários e demais equipamentos de apoio às atividades da náutica de recreio.

O projeto contemplava ainda operações urbanísticas que visavam dotar aquela zona de melhores condições de usufruto para a população.

Nos “mentideiros” falava-se que para se dar início à obra bastaria que saísse daquele espaço o último barco que se encontrava no estaleiro e que o proprietário das instalações fabris se decidisse desativar as mesmas.

O facto é que o “Ponta do Verde” deixou os antigos estaleiros, o proprietário libertou as instalações e quando todos esperávamos que as mesmas fossem demolidas e o espaço entre a Praia da Saúde e o PUA fosse unificado o mesmo não aconteceu. Antes pelo contrário, foi elaborado um protocolo de ocupação daquele mesmo espaço entre a Autarquia e o Centro Náutico.

Para informação da população foi colocado na zona poente da Praia da Saúde um enorme placard, com a imagem e descrição do que iria ser o Terminal 7.
Há algumas semanas essa mesma informação foi retirada e no seu lugar apareceu uma outra publicitando a Cidade Europeia do Desporto 2016.

Não é que pessoalmente nutra particular simpatia pelo tal anunciado Terminal 7, antes preferia ver a continuidade dos relvados e passeios do PUA ligando-os à Praia da Saúde e um ou dois quiosques de apoio, coisas muito mais baratas e provavelmente muito mais do meu e do agrado de muitos utentes daquele espaço.

O que não deixa de ser estranho é a pressão exercida para a desocupação das instalações e depois ao invés de se limpar a zona optar-se por lhe dar nova utilização ainda que com caráter “temporário”.

Mas então, será que o anunciado Terminal 7 morreu?

Gostaria que alguém com melhor informação conseguisse explicar cabalmente esta estranha situação de forma a percebermos o que se passa com este anunciado projeto.

Rui Canas Gaspar
2016-outubro-12

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segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Até o cemitério contribui para que Setúbal fique mais bonita

Pois então classifiquem lá como quiserem, podem até dizer que se trata de eleições, de despesismo, de má ou boa governação e até uma desenfreada ação de “corta-fitas”.

Por mim, acho que mais vale ter muitas fitas para cortar que deixar enferrujar a tesoura! Mas isto é apenas a minha opinião…

Sou apologista das coisas arranjadas, funcionais e preferencialmente bonitas, claro que isto tem custos e nem sempre se segue um critério de prioridades e dentro destas entendo que se deve dar primazia às mais urgentes.

Congratulo-me com a recuperação patrimonial de que Setúbal está a ser alvo, fruto da ação de particulares, do Estado e, justiça seja feita, da Câmara Municipal que tem feito a sua parte recuperando e embelezando o património que é de todos nós, a despeito de um ou outro pormenor que possa não ser do meu particular agrado.

Claro que muito há para fazer, desde buracos por reparar até ruas inteiras que de ruas apenas têm o nome e quanto a mim essa situação deveria enquadrar-se nas prioridades.

Ainda no campo da conservação patrimonial muitos amigos não saberão que um dos locais onde muitos setubalenses já descansam e outros para lá irão também, está igualmente a ser alvo de uma importante obra de conservação.

O cemitério de Nossa Senhora da Piedade já tem o reboco exterior praticamente todo retirado e certamente irá ser rebocado e pintado, não sei com que cor, mas atendendo a que predominam as cores fortes nas recuperações municipais, vamos lá então ver o que vai sair dali…

Uma coisa é certa, goste-se ou não dos padrões ou dos tons, Setúbal está de facto mais bonita comparativamente com o que por aqui se via à pouco menos de uma dezena de anos. Que muito há para fazer é verdade, mas não será que o muito que há para fazer se deve ao facto de durante muito tempo pouco ter sido feito?

Para aqueles que não me conhecem quero esclarecer que não sou comunista, também não tenho qualquer tipo de relação com a Autarquia mas pugno desde que me entendo como gente pelas coisas da minha terra e nunca, desde 1975, deixei de votar, e é isso que irei fazer naquele candidato que entender que seja o melhor  a apresentar-se a sufrágio nas próximas eleições autárquicas, a não ser que já esteja no interior daqueles muros que estão a ser recuperados, ou de quaisquer outros que sirvam a mesma finalidade.

Rui Canas Gaspar
2016-outubro-10

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domingo, 9 de outubro de 2016

Conhecem a rua que não é rua? 

A rua que não é rua e que nunca foi rua, até tem nome de rua e que bela rua seria se um dia fosse rua!...

O benfazejo Sol logo que nasce vem beijar de mansinho as modestas habitações da rua que não é rua e, por isso mesmo, aqueles senhores que lá longe, na margem norte do Tejo, se encontram naquela grande casa onde se fazem Leis, vão certamente querer taxar com um IMI mais alto os proprietários das pequenas habitações da rua que não é rua, porque embora não tendo rua os privilegiados moradores tem Sol com fartura e vista deslumbrante para uma das mais belas baías do mundo, a partir das suas modestas habitações na rua que não é rua.

Na rua que não é rua ainda existe um amplo espaço idêntico àquele que há milénios ali existiu, porque ali nunca foi construída uma rua. Mas… na rua que não é rua ainda podemos ver um testemunho de tempos remotos, quando ali no alto um moleiro, moía os cereais no velho moinho, cuja mó descansa agora à porta emparedada da vetusta construção.

E era com essa farinha que se fabricava o pão que alimentava parte da população que residia noutras que não na rua que não é rua, porque nesse tempo nem sequer aquelas pequenas casas ali existiam.

Aquele local da rua que não é rua também funcionou como atalaia e, em tempos idos, quando o mundo se confrontava na Segunda Grande Guerra, ali foi colocada uma metralhadora antiaérea para defender os setubalenses de algum eventual ataque de um dos aviões inimigos, sabe-se lá de que lado, porque até éramos um país neutro!...

O amplo espaço fronteiro à rua que não é rua pelo menos apresenta-se desmatado e limpo e que bem que ali ficava um lindo e agradável jardim onde todos pudéssemos apreciar o nascer e o pôr-do-Sol.

Sim, é claro!... A rua que não é rua e que têm até inveja de avenidas que estão a ser transformadas em ruas, fica ali bem no alto, a nascente da bela Setúbal, bem pertinho do Bairro Santos Nicolau e dá pelo nome de “Rua C do Bairro Rendeiro”, um local quase esquecido de quem governa, na cidade do rio azul, as ruas que são ruas e que não deviam ser ruas.

Rui Canas Gaspar
2016-outubro-09

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sábado, 8 de outubro de 2016

Setubalenses de bom gosto

Há pessoas que não usufruem nem um pouco daquilo que têm mesmo ao pé da porta, outras porém não perdem pitada.

É o caso de um pequeno grupo de amigos que mal a natureza nos brinda com alguns raios de sol logo se dirigem para a Praia da Saúde, aquela que foi recuperada dentro da cidade e onde funcionavam os estaleiros navais.

Não deixa de ser curioso verificar que ainda ali estavam os barcos e já o grupo se juntava, depois ficou apenas o “Ponta do Verde” e eles por lá continuaram abrigando-se do sol escaldante à sombra daquele barco.

Agora sem barcos no areal e com a praia ampla, ei-los que se sentam em cadeiras de esplanada apreciando uma das mais belas baías do mundo e conversando como bons amigos em pleno Outono.

A isto chamarei eu qualidade de vida e, para isso, ao que parece não é necessário ter a carteira recheada, basta ter bom gosto e melhor disposição coisa que parece não faltar a estes setubalenses apreciadores dos prazeres simples da vida e que Setúbal oferece gratuitamente.

Rui Canas Gaspar
2016-outuro-08

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sexta-feira, 7 de outubro de 2016

De costas voltadas para Setúbal 

Para os jovens setubalenses de finais das décadas de 70 e 80 do passado século XX, o Verão sem ir pelo menos uma vez às piscinas de Troia não era Verão.

O complexo de piscinas da Costa da Galé, saído do atelier do arquiteto Conceição e Silva, era naquele tempo o maior da Europa e teve até a honra de ser inaugurado pelo Presidente da República, Almirante Américo Tomás.

Com o declínio da TORRALTA e por falta de adequada manutenção aquele enorme e importante equipamento viria paulatinamente a degradar-se.

Ele não seria parte integrante no programa desenvolvido pela Sonae que também reduziria o número de camas previstas no projeto inicial de setenta mil para as seis mil e quinhentas agora contempladas no verdejante Troia Resort.

Embora os setubalenses tenham deixado de ir às piscinas do enorme complexo de Troia por as mesmas terem entretanto sido demolidas, na memória de muitos ficou o seu emblemático equipamento composto por espreguiçadeiras e cadeirões fabricados em fibra de vidro e de cor amarela.

Mas nem tudo desapareceu com a voragem dos tempos. Como podem ver subsistiram, sabe-se lá como, pelo menos estes dois cadeirões, que fui encontrar na marina de Troia, curiosamente de costas voltadas para Setúbal e para as suas gentes que mesmo assim continuam a afluir em grande número àquelas praias de fina areia branca.

Rui Canas Gaspar
2016-outubro-07

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segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Troia e os nossos sorridentes políticos 

Enquanto pesquisava imagens no meu vasto arquivo fotográfico com a  finalidade de ilustrar o próximo livro que estou a concluir sobre Troia, encontrei esta foto que captei pelas 16.00 horas do dia 8 de setembro de 2005, já lá vão 11 anos.

Naquela tarde de verão o trânsito automóvel estava complicado na cidade de Setúbal. Eram muitos os automobilistas que queriam chegar à beira-mar a tempo de assistir, em direto, à implosão das torres de Troia “verde-mar” e T04” enquanto eu me dirigi para um ponto alto no Bairro dos Pescadores.

Sorri ao olhar para a imagem que então captei da implosão numa altura em que os cartazes espalhados pela cidade anunciavam os candidatos à autarquia sadina.

Nesta imagem ilustrativa do texto podemos ver, como que a olhar para mim, sorridente, Fernando Negrão, o candidato do PSD à Câmara Municipal de Setúbal que pouco depois de perder as eleições se mudaria para a capital.

No outro lado do rio, o então primeiro-ministro socialista, José Sócrates, sorridente, premia o comando que faria cair duas das seis torres erigidas naquela península de finas areias brancas.

Os comunistas, presidentes das câmaras de Setúbal e de Grândola assistiam ao evento conjuntamente com os convidados dos empresários do grupo Sonae e, ainda a poeira não se tinha dissipado aplaudiam de rasgado sorriso o sucesso da operação.

Era o início de uma nova Troia que deixara de “ser do povo”, tinha ultrapassado o “admirável mundo novo” publicitado pela TORRALTA que preconizava a construção de uma cidade turística e que a partir daquele histórico momento passaria a ser um espaço que privilegiaria a qualidade em detrimento da quantidade, segundo versão dos seus promotores.

Onze anos passaram e Troia, goste-se ou não, nada tem a ver com o que eu conheci nos meus tempos de juventude, pouco tem em comum com o projeto da TORRALTA que ajudei a concretizar e que agora se apresenta ao mundo como um espaço de eleição.

Uma coisa parece no entanto haver em comum, os sorrisos dos nossos políticos dos mais diversos quadrantes, irmanados provavelmente pelo agradável ar que se respira naquela restinga que os romanos designaram por Ácala e que para nós é a adorável Troia.

Rui Canas Gaspar
2016-outubro-03

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domingo, 2 de outubro de 2016

Os escuteiros fecham um agrupamento por falta de dirigentes

Cada vez se nota mais a dificuldade de haver pessoas que possam trabalhar em prol dos outros sem auferir qualquer remuneração de ordem financeira apenas por simples amor à causa como são os verdadeiros voluntários.

Em Portugal ainda existem bastantes voluntários, mas insuficientes para tantas necessidades, sejam eles nos Bombeiros, nos Hospitais ou até nos corpos dirigentes dos Escuteiros.

Foram milhares de jovens que passaram um dia pelo Agrupamento 62 do Corpo Nacional de Escutas, sedeado em Setúbal, nas instalações anexas à Ordem Terceira de São Francisco. Alguns desses jovens graças à formação ali recebida viriam a destacar-se no panorama nacional nas mais diferentes áreas.

Aquela unidade escutista completará no próximo ano de 2017 o seu 80º aniversário e, que se saiba, apenas no início dos anos 60 do século passado esteve encerrada por um período de cerca de três anos, até que eu e o Mário Ramos Salgado, então jovens adolescentes a viemos reabrir.

Tínhamos ingressado naquele grupo com pouco mais de 13 anos e, aquando do seu encerramento por falta de dirigentes fomos acolhidos pelo Agrupamento 59 sedeado nas instalações anexas à Igreja de São Sebastião, até que cerca de três anos depois, já mais experientes viemos reabrir a “Ordem Terceira”.

Há pouco fomos surpreendidos pela notícia de que o Agrupamento 62 já não abria este ano devido à falta de dirigentes deixando o concelho de Setúbal com menos uma unidade escutista, embora o C.N.E. ainda disponha de uma dezena em Setúbal e Azeitão e a Associação dos Escoteiros de Portugal (associação que não está na alçada da Igreja Católica) tenha em formação o seu segundo grupo na cidade, terceiro no concelho.

Esta é uma notícia que me deixa particularmente triste e que não será nada agradável para todos aqueles muitos milhares de jovens e menos jovens que um dia passaram pelas fileiras do 62.

Setúbal em particular e Portugal de uma forma geral necessita de pessoas que possam dedicar algum do seu tempo livre à causa do voluntariado tal como necessita que os outros que não queiram ou não possam fazer reconheçam a mais-valia que isso significa, apoiando as instituições que prestam tão meritórios serviços.

Rui Canas Gaspar
2016-outubro-02

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