notícias, pensamentos, fotografias e comentários de um troineiro

terça-feira, 31 de maio de 2016

Provavelmente este foi o melhor polícia que passou por Setúbal 

Foi num dia de inverno que nasceu na Freguesia da Ribeira Seca, concelho da Ribeira Grande, em São Miguel, nos Açores, quando o calendário assinalava 2 de Fevereiro de 1926 e, logo trataram de lhe colocar o nome de Jacinto Medeiros Melo.

A criança cresceria na sua terra natal e, mais tarde, deixava as brumosas ilhas atlânticas para se vir instalar no solo continental português.

Setúbal, cidade à beira mar plantada, foi a escolhida para viver e foi precisamente aqui que não só viria a criar e educar as suas duas filhas e o filho como também viria a exercer de forma exemplar a sua atividade como sinaleiro ao serviço da Polícia de Segurança Pública, a força de segurança onde ingressou no início dos anos cinquenta do século XX.

De tal forma desempenhou a sua atividade profissional que ficou na memória de todos os que, sendo ou não automobilistas, ainda hoje se lembram dele e comentam a sua ação enquanto agente de trânsito, dado ter-se tratado de um homem com uma postura profissional e cívica absolutamente exemplar e única.

Acontecia que, quando o senhor Jacinto por vezes já tinha saído de serviço e se deparava com alguma complicação no tráfego automobilístico citadino, estivesse ele fardado ou não, logo se dirigia para o centro da via e com o seu porte impecável e a sua reconhecida competência logo tratava de resolver a questão da fluidez do trânsito automóvel.

Quando questionado por um jovem escuteiro sobre o motivo porque o fazia, logo tratou de responder que era por “dever”, porque considerava que um polícia tinha essa obrigação estando ou não de serviço.

Era um homem que desempenhava a sua atividade profissional por gosto e, com chuva ou com sol, ele dirigia o trânsito deslocando-se de forma rápida, com as suas passadas largas e decididas e, os seus inconfundíveis gestos que faziam os condutores andar ou parar.

Tratava-se de uma atividade por demais perigosa dado que ela se desenvolvia entre as viaturas que circulavam nas artérias mais movimentadas da cidade.

Jacinto Melo faleceu em Setúbal, a terra que adorava e onde criou seus filhos, poucos dias antes de completar 87 anos, quando o calendário marcava 8 de janeiro de 2013. Tinha vindo ao mundo num dia de Inverno e foi nesta mesma estação do ano propícia ao mau tempo que nos deixou.

Rui Canas Gaspar
2016-maio-31

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domingo, 29 de maio de 2016

Parte do Aqueduto dos Arcos, em Setúbal, está em perigo de derrocada
A Arca d´Água de Alferrara é uma construção, situada perto do Parque de Merendas de São Paulo, uma zona muito rica em água de boa qualidade, que no século XV foi alvo de captação e envio para a então Vila de Setúbal.
O transporte dessa água era feito por intermédio de um aqueduto, construído ao longo de alguns quilómetros, desde a sua nascente até às muralhas da cidade.
Para distribuir pela população o precioso líquido foi construída uma artística fonte, em 1693, o conhecido Chafariz do Sapal, colocado no centro da cidade, frente ao edifício dos Paços do Concelho. Esta fonte seria posteriormente deslocalizada para a Praça Teófilo Braga, onde hoje ainda a podemos admirar.
Do aqueduto que transportava a água já pouco resta. O mesmo encontra-se integrado na ponta poente do Parque da Algodeia.
A importância desta peça do nosso património edificado levou os nossos responsáveis a declará-la Imóvel de Interesse Público, pelo Decreto nº 516/71 de 22 de novembro de 1971.
Em 28 de novembro de 2014 as águas da Ribeira do Rio da Figueira, que a norte do aqueduto curvam para nascente, rebentaram o muro de proteção ocasionando inundações e prejuízos em toda a zona de Montalvão e Avenida 22 de Dezembro.
A Câmara Municipal de Setúbal atuou rapidamente e tratou de construir um forte muro de betão difícil das águas daquela ribeira poderem rompê-lo de novo.
Fruto, ou não da movimentação das máquinas pesadas no local essa parte do aqueduto, cuja construção já estava fragilizada, começou a apresentar profundas fissuras que se têm vindo a agravar com o tempo.
São vários os setubalenses mais atentos a este fenómeno que se mostram preocupados com a situação que carece de intervenção atempada, diria mesmo urgente, por parte do Executivo Municipal no sentido de consolidar este troço do nosso Aqueduto.
O alerta fica feito, recomendando uma visita ao local dos responsáveis da Proteção Civil, dado que se aquele troço se desmoronar, para além da perca de um dos pouco monumentos históricos que temos na cidade, o entulho ocasionado pelo mesmo irá obstruir o curso da ribeira e as suas águas não rebentarão o muro mas seguramente sairão do leito e voltarão a inundar parte do bairro de Montalvão e Avenida 22 de Dezembro tal como aconteceu em novembro de 2014.
Como mais vale prevenir que remediar, aqui fica o alerta!...
Rui Canas Gaspar
2016-maio-29

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sábado, 28 de maio de 2016

“Ora já sabem que estou aqui?”

Ervilha apelido ou alcunha?

O homem do povo já não se encontra entre nós, morreu! Ele não foi escritor, poeta, político ou jogador de futebol, mas grande parte dos seus conterrâneos que tiveram a oportunidade de o conhecer jamais o irão esquecer.

Estou a lembrar-me de um  homem simples, que governava honestamente a sua vida, no Outono/Inverno vendendo castanhas ou batatas doces assadas, normalmente na esquina da Rua dos Ourives com o Largo da Ribeira Velha.

No Verão, quando era mais novo e rijo, lá pelos anos 60 do século passado, carregava um pesado recipiente onde transportava os deliciosos gelados e percorria os extensos areais de Troia com o seu característico pregão: “Há fruta ó chocolate” ou ainda o outro simpático “Ora já sabem que estou aqui?” é que o “Ervilha nunca falha”.

Mais tarde construiu um carrinho que adaptou a bicicleta destinado à venda dos seus saborosos gelados e que se transformou num veículo icónico que ainda hoje podemos apreciar no Museu do Trabalho, em Setúbal.

Esse veículo adaptado, pintado de branco, ostentando a figura de Bocage, o escudo nacional e algumas legendas, ficava a condizer com o seu proprietário vestido com impecáveis calças e camisa branca, tipo marinheiro.

Os seus gelados faziam as delicias de pequenos e graúdos, quer fossem saboreados nas quentes areias de Troia, quer na frescura da beira-mar, ali por perto da “Asa do Avião”.

Ao que julgo saber o segredo da sua confeção só ele e poucos mais o conheciam, mas lá que eram deliciosos isso eram, quer os de chocolate quer aqueles outros com pedacinhos de fruta.

João Henrique Melo munido de gravador registou para a posteridade alguns desses pregões tão ao gosto do Ervilha e dessa gravação foi escolhido um pedaço que serviu de genérico para a emissora setubalense Rádio Azul:  “Ora já sabem que estou aqui?”

Rui Canas Gaspar
2016-maio-28

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sexta-feira, 27 de maio de 2016

As piscinas que sumiram nas areias de Troia 

Foi até à véspera da inauguração que os trabalhos se processaram de forma acelerada e poucos minutos antes da chegada dos distintos convidados para a inauguração do vasto complexo ainda se davam os últimos retoques nos arranjos exteriores.

No dia 26 de maio de 1973 Troia recebia a visita do Chefe de Estado, Almirante Américo Tomaz, que ali se deslocou expressamente para inaugurar um emblemático polo turístico da TORRALTA, aquele que então ficou designado por “Conjunto da Costa da Galé”.

As suas enormes piscinas, nascidas nos estiradores do atelier de arquitetura de Conceição e Silva eram então consideradas na década de setenta do século XX como as maiores da Europa.

Esta ímpar construção virada para o lazer e desporto localizava-se junto ao Oceano Atlântico, no lado oposto à Caldeira de Troia.

Do seu equipamento coletivo ficou na memória de muitos daqueles que o conheceram as singulares espreguiçadeiras de cor amarela fabricadas em fibra de vidro.

Para ali se chegar ou se ia a pé, de automóvel ou então os utentes ao desembarcar nos barcos que faziam as travessias do Sado utilizavam o “comboio”, aquelas simpáticas e divertidas carruagens rebocadas por um trator que fazia o trajeto entre os cais de atracação dos barcos e as piscinas e vice-versa.

Uma das memórias mais engraçadas que guardo daquele local era o facto de muitos dias, à hora do almoço, ir lá tomar a bica com outros colegas de trabalho. Íamos a pé desde as “torres”, pela praia, porque regra geral encontrávamos as moedas necessárias para pagar o cafezinho.

Certamente que outros amigos terão diferentes vivências deste local, que poucos anos funcionou, e que hoje dele apenas restam memórias que se vão diluindo no tempo.

Rui Canas Gaspar
2016-maio-27

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quarta-feira, 25 de maio de 2016

Setúbal constrói muralhas de proteção contra a invasão das águas?

Nos meus tempos de rapaz, alguns moços setubalenses, em determinadas marés vivas, sentavam-se na muralha com os pés dentro de água, o que lhes dava particular prazer e ainda hoje alguns deles recordam esses tempos de meninice.

Os anos passaram e muita coisa se modificou neste nosso belo planeta azul e hoje as novas tecnologias mostram-nos as transformações climáticas a acontecer, com fenómenos extremos nas mais diferentes partes do globo.

Essas transformações já são também bem visíveis na nossa terra e os meninos que se sentavam à beira da muralha pondo os pés na água, se o forem fazer no próximo mês de agosto, altura de maré viva, no mesmo local onde outrora o fizeram, já não molham os pés mas sim as pernas.

É que as águas que bordejam a nossa cidade subiram e estão a escassos centímetros de galgar a muralha, sem qualquer mau tempo.  Logicamente se coincidir a maré cheia com vento forte, ocasionando ondulação, as águas do Sado, misturadas com as do Atlântico transbordarão e entrarão pela terra dentro.

Alguém, não sei quem, da Administração do Porto de Setúbal e Sesimbra, sem alarde nem alarmismo, teve o bom senso de começar a defender a cidade dotando já algumas partes da beira-rio de bancos de betão que mais não são do que o embrião de uma segunda muralha defensiva contra a investida do mar.

É minha convicção que está na altura de dar continuidade ao trabalho de proteção da nossa cidade continuando a construir os bancos/muralha à beira rio que não sendo assim um trabalho tão dispendioso poderá evitar graves prejuízos a curto prazo.

Em complemento a este trabalho entendo que é urgente que a APSS instale quanto antes um conjunto de defensas nos diversos cais de atracação de forma a evitar que um destes dias tenhamos algumas embarcações estacionadas nos parqueamentos construídos para os automóveis na zona ribeirinha.

Acredito que temos em Setúbal técnicos competentes, organismos empenhados na resolução de problemas e a necessária lucidez para compreender a gravidade da situação que se não for atacada quanto antes, desta ou de outra qualquer forma que se entenda por mais conveniente, a curto prazo poderemos arrependermo-nos do que não fizemos.

Este mês os prejuízos devido ao vendaval que afetou a nossa zona costeira já se cifraram em largos milhares de euros, na próxima vez poderá ser bem pior.

A Natureza não dá tréguas e as alterações climáticas já aí estão e só não as vê e sente quem não estiver para aí virado.

Rui Canas Gaspar
2016-maio-25

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sábado, 21 de maio de 2016

Parabéns para todos aqueles que fizeram e continuam a fazer dos  estaleiros navais de Setúbal uma referência para o mundo

Foi há 45 anos, no dia 27 de maio de 1971 que nasceu uma das maiores empresas portuguesas.  Porque  estava vocacionada para a construção naval e teria os seus estaleiros em Setúbal, foi batizada de SETENAVE.

A nascente da cidade, na península da Mitrena, os trabalhos de implantação dos grandes estaleiros prosseguiam e, atendendo à sua importância nacional, o mais alto representante da Nação, Almirante Américo Tomás, no dia 8 de maio de 1973, decidiu ali ir ver como avançavam os trabalhos.

Dois anos depois da visita do Presidente da República aos estaleiros acontecia a revolução de 25 de abril de 1974 e toda a estrutura política, económica e social do país sofreria rápidas modificações.

Em 1975 as docas secas entravam em funcionamento e nesse mesmo ano a SETENAVE deixaria o setor privado para ser nacionalizada, a exemplo de outras grandes unidades industriais portuguesas.

Um ano depois, em 6 de maio de 1979, o sonho tornava-se realidade e o “Nogueira” era alvo da cerimónia do bota-abaixo, tratava-se de um enorme navio tanque, construído integralmente nos estaleiros de Setúbal para a SOPONATA.

O “Nogueira” foi o maior barco até então alguma vez construído nos diversos estaleiros que operaram em Setúbal ao longo de séculos de História.

A SETENAVE estava apta para a construção de grandes navios, enquanto a sua irmã mais velha, a LISNAVE constituída oficialmente em 11 de setembro de 1961, especializava-se na reparação dos gigantes dos mares.

No fim da década de noventa, a LISNAVE, que chegou a ser considerada como um dos maiores e melhores estaleiros navais do mundo encerrava portas e deslocalizava para Setúbal algum do seu equipamento e pessoal fabril.

A sadina SETENAVE passaria então a adotar a designação alfacinha de LISNAVE – Estaleiros Navais, S.A. continuando a evoluir na reparação naval e a aumentar o seu volume de negócios ao longo dos anos.

Presentemente a setubalense LISNAVE é uma referência mundial da reparação naval, sendo uma das empresas que mais contribui para o PIB português.

Nesta data em que a empresa comemora o seu 45º aniversário é justo dar os parabéns a todos aqueles que ao longo de quase meio século tem contribuído para que o nome de Portugal, no exigente setor naval, seja de facto uma referência, agora que ela ostenta a designação oficial de LISNAVE mas que certamente no coração de muitos setubalenses será eternamente a nossa SETENAVE.

Rui Canas Gaspar
2016-maio-21

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quinta-feira, 19 de maio de 2016

Centenas de advogados portugueses invadem Setúbal 

Centenas de advogados portugueses decidiram invadir a cidade que está na moda e aqui passar três agradáveis dias.

Esta é a simpática e original forma como a Ordem dos Advogados decidiu comemorar o 90ª aniversário da sua criação.

A Ordem dos Advogados, criada pelo Decreto n.º 11 715, de 12 de Junho de 1926, remonta à primeira metade do séc. XIX, tendo origem na Associação dos Advogados de Lisboa, cujos Estatutos foram aprovados em 1838.
Após vários projetos não concretizados, deve-se ao Ministro da Justiça, Prof. Doutor Manuel Rodrigues, o impulso decisivo que conduziu à criação da Ordem dos Advogados Portugueses.
Hoje, quinta-feira, dia 19 de maio deste ano de 2016, a meio da manhã viam-se dezenas de advogados pela baixa da cidade de Setúbal, alguns deles perguntando onde ficava a Sé. Estes profissionais de Direito dirigiam-se para a vetusta Igreja de Santa Maria da Graça para assistir à missa celebrada em sua honra.
Depois da missa e já com o espírito alimentado dirigiram-se para a Escola de Hotelaria de Setúbal onde lhes foi servido o almoço, para que o seu corpo permaneça forte e saudável.
Mas a parte mais agradável das comemorações será certamente aquela em que irão embarcar a bordo da “armada sadina” e apreciar o maravilhoso rio azul, que desemboca numa das mais belas baías do mundo, a de Setúbal.
No sábado pela manhã cerca de 400 advogados portugueses, acompanhados da sua bastonária, embarcarão a bordo do barco EVORA, que se fará acompanhar de dois antigos galeões do sal e do Hiate de Setúbal, embarcações marítimo-turísticas, que qual poderosa armada zarpará do cais nº 1, o antigo cais do carvão,  para se fazer ao largo, de forma a dar-lhes a apreciar a nossa maravilhosa região.
Acabado o passeio, o convívio continuará, desta vez em terra, numa pequena festa privada nas agradáveis e enormes instalações do Bowling de Setúbal, que naturalmente abrirão ao público no seu horário habitual.
A exemplo do passado sábado em que centenas de trabalhadores da Autoridade Tributária estiveram no Sado, verifica-se que são cada vez mais os grandes grupos profissionais que escolhem Setúbal para os mais diferentes eventos, e eles, tal como nós lá sabem porquê!
Rui Canas Gaspar
2016-maio-19

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domingo, 15 de maio de 2016

O “Coisas de Setúbal” é o “Café Central” dos tempos modernos?

Nos finais dos anos 60 tínhamos em Setúbal alguns cafés muito frequentados e de entre eles um dos mais populares e bem conhecido era o Café Central, localizado na Praça do Bocage.

Era ali que se reuniam os mais diferentes grupos de amigos, com os mais diversos interesses e, era também ali, que alguns outros vinham escutar o que por lá se comentava, com os mais díspares objetivos. Alguns até com a missão de passarem a informação para a temível polícia política, de má memória, a PIDE/DGS.

Um desses agentes da polícia política que espiava o conhecido cantor José Afonso teria emitido até a seguinte nota informativa: “Sai de casa normalmente depois do almoço, instala-se na esplanada do Café Central, junta imediatamente à sua volta larga assistência de “jovens”, aos quais vai insinuando a sua doutrina, provocando a maior desorientação nesse meio.”

No “Central” falava-se sobretudo das coisas de Setúbal, daquilo que preocupava os setubalenses, daquilo que os alegrava e do que cada um dos intervenientes nas discussões, entre amigos, preconizava para a nossa terra.

Gosto de comparar o grupo “Coisas de Setúbal” com aquele conhecido café que durante muitos anos frequentei e onde muitas sugestões ali produzidas foram levadas à prática quando muitos dos setubalenses que hoje são membros do “Coisas de Setúbal” eram jovens cheios de vigor e de sonhos, uns realizados, outros nem por isso.

Também o “Coisas de Setúbal” é um entre os diversos grupos organizados no facebook, provavelmente será um dos que mais gente agrega e onde a discussão livre e saudável é uma característica dominante.

Embora já não estejamos no “tempo da outra senhora” também se nota que aqui vêm alguns elementos “cuscar” o que se comenta para levarem a informação aos seus destinatários.

É um facto que também graças ao que aqui se tem comentado que algumas coisas que não estavam bem na nossa cidade já foram alteradas, sem que isso servisse de alarde para o grupo ou seus promotores.

Gosto de pensar que todos os membros deste grupo amam Setúbal e querem o melhor para a sua terra de nascimento, de acolhimento ou de simpatia e por isso partilham como podem e como sabem, geralmente de forma educada e ordeira, por isso também gosto de comparar este grupo ao saudoso “Café Central” onde tantos de nós guardamos ternas recordações.

Rui Canas Gaspar
2016-maio-15

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sábado, 14 de maio de 2016

Depois de vários dias de vendaval a “Armada Sadina” deixou o porto com centenas de turistas a bordo 

Depois de vários dias em que o tempo não deu tréguas e o Sado fez algumas avarias a várias embarcações fundeadas no porto de Setúbal as embarcações marítimo-turísticas começaram a operar e hoje, sábado 14 de maio de 2016, com a manhã agradável, navegaram calma e tranquilamente na “Baía dos Golfinhos”.

Capitaneada pelo “navio-almirante”, o vetusto EVORA, uma “armada” composta por este barco e acompanhada pelos galeões do sal Riquitum e Pêgo do Altar, levaram a passear centenas de trabalhadores da Autoridade Tributária, os quais chegaram a Setúbal para uma jornada de convívio.

A empresa armadora do Barco EVORA tem desenvolvido as mais diversas diligências no sentido de trazer a Setúbal grupos de pessoas para poderem desfrutar das maravilhas desta região.

O sucesso desta iniciativa privada está a ser de tal ordem que o maior barco que opera nas águas de Setúbal rapidamente esgotou a sua capacidade, pelo que, contatou outras empresas marítimo-turísticas setubalenses para se associarem à sua dinâmica ação.

Uma semana depois desta saída com os trabalhadores do fisco, será a vez de embarcarem a bordo do EVORA, dos galeões Zé Mário, Pêgo do Altar, Riquitum e outras embarcações, centenas de advogados acompanhados da sua bastonária que virão conviver na bela “Baía dos Golfinhos” a bordo de emblemáticas embarcações.

Outros grandes grupos profissionais e de amigos estão a agendar idênticos passeios para desfrutar do nosso maravilhoso Sado, ao mesmo tempo que a empresa armadora do EVORA prepara programas para o público em geral desfrutar destas belezas com que a natureza dotou esta ímpar região.

Para quem tiver o privilégio de participar nestes eventos jamais os esquecerá, mas, para aqueles que estarão em terra o facto de poderem observar, e certamente filmar e fotografar, uma flotilha composta por estes belos barcos não deixará de ser igualmente um prazer para os sentidos.

Setúbal não para e, graças ao dinamismo dos seus empresários, ao seu empenho em dotar esta terra com as necessárias e atrativas estruturas, aliado às belezas com que a natureza dotou esta região, estaremos de posse de quase todos os ingredientes para que sejamos uma potência turística.

Rui Canas Gaspar
2016-maio-14

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sexta-feira, 13 de maio de 2016

Mais um Mistério da Arrábida 

“Com objetivo de valorizar, preservar e promover a Arrábida e o seu património, a AMRS, na sequência do processo da candidatura da Arrábida a Património Mundial, considera necessário continuar a aprofundar o conhecimento sobre este território e a divulgar amplamente os valores patrimoniais nele existente.

E se muitos julgam conhecer a Arrábida e os mistérios que ela encerra, este livro pretende iluminar um mundo feito de escuridão e dar a conhecer uma pequena parte do tesouro que constituem as grutas da Arrábida e que poucos têm a sorte de conhecer”

Estes dois parágrafos de um pequeno texto de quatro, bem poderiam ser parte da nota de abertura do meu próximo livro “MISTÉRIOS DA ARRÁBIDA” que, se nada houver em contrário, estará à disposição de quem o desejar dentro de poucas semanas.

Mas não, não foi escrito para o “MISTÉRIOS DA ARRÁBIDA” ele foi escrito pelo Presidente do Conselho Diretivo da AMRS, Rui Manuel Marques Garcia, como Nota Prévia  ao fabuloso livro “GRUTA DO FRADE – O inimaginável Mundo dos Minerais”, editado em 2014, uma obra com cerca de 300 páginas, impressa em papel de grande qualidade e contando centenas de fotografias a cores.

Este trabalho é da responsabilidade do Núcleo de Espeleologia da Costa Azul tornado público graças à Associação de Municípios da Região de Setúbal. No verso constam ainda referências ao PRODER, ao Ministério da Agricultura do Mar e à União Europeia, entidades que presumo tenham comparticipado nos custos dos 500 exemplares editados e que não se encontram à disposição do público.

O livro mostra-nos aquele que provavelmente será o segredo mais bem guardado da Arrábida. Uma gruta, ainda não totalmente explorada, com entrada pelo lado do mar.

Para ficarmos com uma pequena ideia imagine-se uma área com o comprimento entre o Largo da Misericórdia e a Fonte Nova, um espaço onde se encontram duas dezenas de amplas salas e longos corredores.

Algumas das salas têm lindos lagos e as estalagmites e estalactites deslumbram o olhar dos espeleólogos e até de quem tenha o privilégio de apreciar as fotos disponibilizadas no livro.

Mas se entendo perfeitamente que este espaço deve ser preservado, pelos mais diversos motivos, o que não entendo é que o livro pago com o dinheiro dos contribuintes, não esteja disponível para consulta dos interessados na Biblioteca Pública Municipal de Setúbal.

Ora se o Município setubalense faz parte da AMRS e como tal pagou indiretamente, porque razão um destes raros exemplares, que não estão à venda, não se encontra disponível para consulta na nossa biblioteca?

De facto se há mistérios na Arrábida, este provavelmente será mais um que os especialistas terão certamente de se debruçar. Digo eu!...

Rui Canas Gaspar
2016-maio-13

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quarta-feira, 11 de maio de 2016

Os Escoteiros setubalenses vão limpar a Praia da Saúde 

A chefia do Grupo de Escoteiros Sado, em formação na cidade de Setúbal, vai levar a efeito no sábado, dia 14 deste mês de maio de 2016, uma ação de voluntariado na Praia da Saúde de forma a retirar daquele espaço parte do lixo que deu à costa, nomeadamente a enorme quantidade de recipientes de plástico.

Trata-se de uma ação pontual e cívica motivada pelo mau tempo que afetou a nossa região no sábado dia 7.

Os dirigentes deste Grupo aproveitarão a oportunidade para ministrar aos escoteiros a necessária instrução sobre o meio ambiente, focalizando a instrução no 3º ponto da sua Lei “O Escoteiro é prestável” e no 6º “O Escoteiro é respeitador e protetor da Natureza”.

A direção do Grupo certamente que contará com o apoio logístico da União de Freguesias de Setúbal para a recolha dos materiais que serão retirados da praia.

Naturalmente que todos aqueles que se queiram juntar a estes jovens voluntários serão bem-vindos e acolhidos neste Grupo que embora ainda não disponha de instalações para se reunir já mostra um potencial que não pode nem deve ser menosprezado.  

Para os leitores menos familiarizados com estas coisas, lembramos que em Setúbal existem vários Agrupamentos pertencentes ao Corpo Nacional de Escutas (Escutismo Católico Português) onde podem ingressar jovens que professam esta religião.

A Associação dos Escoteiros de Portugal dispõe na cidade de um Grupo sedeado na Bela Vista e este que se encontra em formação na zona baixa da cidade, admitindo nas suas fileiras jovens de todas as religiões.

Sendo assim, Escutas ou EscUteiros são jovens pertencentes ao C.N.E. enquanto os EscOteiros, são os filiados na A.E.P. a mais antiga associação portuguesa de seguidores do genial método pedagógico inventado por Baden-Powell e seguido em praticamente todos os territórios e países do mundo.

Rui Canas Gaspar
2016-maio-11

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terça-feira, 10 de maio de 2016

No rescaldo do vendaval em Setúbal

O vendaval que atingiu Setúbal no último fim-de-semana, com particular incidência no sábado, dia 7 de maio deste ano de 2016, originou alguns prejuízos não só a diversas embarcações sadinas, como também nas zonas calcetadas à beira-rio.

A acumulação de areias em terra foi outro problema originado pelo mau tempo, que já começou a ser resolvido na zona do Parque Urbano de Albarquel onde uma equipa se vem afadigando a encher carrinhos de mão com a areia que vai sendo de novo devolvida ao rio.

Um outro fenómeno relacionado com o mau tempo é aquele que se pode verificar na Praia da Saúde onde o mar arrastou para o areal montões de canas e caniços a par de centenas ou milhares de garrafas, garrafinhas e garrafões de plástico.

Curiosamente, aqui verifica-se a existência de um elevado número de pequenos recipientes de plástico, próprios para o transporte de sal, um produto normalmente utilizado por aquelas pessoas que se dedicam à apanha das navalhas, na outra margem do Sado.

Por aquilo que nos é dado observar atendendo à enorme quantidade de recipientes agora dados à costa, somos levados a concluir que há um certo desleixo e falta de consciência ecológica por parte destas pessoas que se dedicam à apanha das populares e saborosas navalhas.

Ainda há poucas semanas foi desencadeada uma ação cívica de voluntariado no sentido de sensibilizar os apanhadores para este problema e de forma a evitar-se esta desagradável situação, o que por aquilo que nos é dado agora observar na Praia da Saúde terá todo o cabimento.

Sendo assim, parece que foram muitos os que ouviram mas foram certamente poucos os que escutaram e o Sado agora encarregou-se de nos lembrar.

Rui Canas Gaspar
2016-maio-10

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domingo, 8 de maio de 2016

As Marchas já estão a ensaiar

Já está disponível para podermos escutar aqui no youtube em https://www.youtube.com/watch?v=lYV6KwaZUOI    a Grande Marcha de Setúbal 2016, com letra de José Condença, música de José Condinho e voz de Ivone Dias.

Setúbal tem tradição na organização de marchas dos Santos Populares e de ano para ano elas atingem uma maior popularidade e brilhantismo.

Vale a pena recordar a propósito o nascimento da Palhavã, conforme descrevi no livro “Setúbal – Gente do Rio Homens do Mar”.

“Estávamos em 22 de junho de 1936, quando o grupo composto por Félix Santana, João Rodrigues, Manuel Nabiça, Eduardo Reis, João das Dores e Adelino Bangué, reunidos à volta de uma das mesas da Taberna do Nabiça, tomaram a decisão de formar um grupo a que dariam o nome de Rancho Folclórico da Palhavã, escolhendo para seu patrono São João, um dos tradicionais santos populares portugueses.

Na génese da formação deste grupo esteve o facto de meses antes se terem organizado em comissão com o objetivo de engalanarem algumas ruas do Bairro Libertário (Palhavã) e de organizarem uma marcha popular conforme iniciativa da Câmara Municipal de Setúbal que decidiu promover e apoiar as comissões de bairro, atribuindo-lhes a responsabilidade pela organização e dinamização deste tipo de festa verdadeiramente popular.

Para apoiar esta iniciativa, a Câmara Municipal fornecia às comissões de bairro, os mastros, as bandeiras e a necessária iluminação elétrica para dar mais brilho aos arraiais. E foi assim que naquele ano de 1936, na zona da Palhavã, a Rua José Carlos da Maia foi lindamente engalanada.

Fruto desta iniciativa da Autarquia nasceriam assim as primeiras marchas sadinas compostas por diversos grupos identificados pelo local da cidade onde estavam instalados, a saber:

- Marcha dos Olhos d’Água
- Marcha da Rua Direita
- Marcha da Travessa da Saúde
- Marcha do Largo das Machadas
- Marcha do Largo da Palmeira

Os membros do novo clube ficaram tão entusiasmados com as marchas populares que vistosamente desfilaram na Avenida Luísa Todi que decidiram no ano seguinte apresentar a concurso a sua própria marcha.

Os moradores locais trataram de preparar os seus arcos e balões e confecionaram os trajes com que se iriam apresentar. Tudo isto foi feito com muito entusiasmo no primeiro andar do número 146 da Rua José Carlos da Maia, considerada por isso, a primeira sede do novo grupo.

E foi de forma alegre e bem colorida que os marchantes da Palhavã sairiam pela primeira vez, em 1937, cantando pela Rua José Carlos da Maia, ali bem perto da Igreja de Nossa Senhora da Anunciada, uma música da autoria de Emílio Ferreira com letra de António Alves da Mota.”

Rui Canas Gaspar
2016-maio-08

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Barco EVORA um valente guerreiro em luta contra os elementos da Natureza

No interior das docas que os protegiam os barcos balançavam como se estivessem dançando num enorme salão de baile, mais parecendo que pretendiam dali sair para vir buscar o seu par a um dos estacionamentos reservados aos automobilistas.

Na parte de fora, acostado à muralha, junto à lota de Setúbal, o vetusto barco EVORA que ora vinha acima, ora ia abaixo, abanava fortemente, mais parecendo um enorme touro enraivecido.

Na primaveril tarde de vendaval de sábado dia 7 de maio de 2016, o vento forte e a anormal ondulação, conjugada com maré cheia eram fatores, para quase atirar a embarcação para cima da muralha.

Os pneus de proteção do barco de pouco serviram e a ausência das necessárias  defensas naquele local também não ajudam a proteger esta ou qualquer outra  embarcação que ali fique acostada.

Mais uma vez, valeu ao “cisne branco do Sado” a sua poderosa construção e sobretudo a cinta de aço que envolve o robusto barco, construído com chapas de aço de antigos carros de combate utilizados na Primeira Grande Guerra.

Mas, como poderoso guerreiro que é, neste dia de tempestade no Sado ele saiu vencedor na luta contra os elementos da natureza, apenas com alguns arranhões e poucas feridas no seu interior.  

Na foto que captei parece que o barco EVORA está a ser rebocado pela carrinha para o parque de estacionamento, e, de facto, pouco faltou para ele ir ali parquear.

Rui Canas Gaspar
2016-maio-08

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sábado, 7 de maio de 2016

O que eu vi esta tarde em Setúbal 

Vento e chuva copiosa conjugada com maré alta são os ingredientes mais que necessários para que em Setúbal pudéssemos ter uma boa caldeirada, o que não dei conta que tivesse acontecido.

Por força das circunstâncias da vida e não por uma questão de divulgação jornalística tive de andar pela cidade onde observei inúmeros chapéus de chuva espalhados pela via pública, completamente inoperacionais.

Alguns cartazes foram arrancados com a força do vento e lá estão até que o tempo dê tréguas para serem devidamente recolocados, tal como alguns contentores de lixo tombados.

Um carro empanado e outro que se despistou era situação mais que previsível na fatídica zona da Várzea.

O “caixotão” que se encontra no PUA pronto a receber as areias para ali funcionar o recinto de futebol de praia, já era, porque as ondas galgaram a muralha e arrancaram as tábuas do lado sul, tábuas essas que certamente andarão à deriva no Sado, pelo que recomendo cuidado aos nossos pescadores.

Ai mesmo, no PUA as ondas traziam a água do rio azul, que hoje mudou de cor, até ao jardim, inundando também o parque de jogos polidesportivo.

Um pouco mais abaixo, junto à Docapesca, a água saltava a muralha e o Barco EVORA ali atracado parecia um verdadeiro toiro mecânico devido à força do vento e às vagas alterosas.

Nos pontos altos da cidade a situação era mais calma, com as águas pluviais a correr livremente para os sumidores.

Os Sapadores Bombeiros anteciparam-se a eventuais problemas e avançaram com uma viatura para a Rua de Mormugão, de forma a prevenir inundação na Rua Amílcar Cabral. Enquanto isso vi os responsáveis da Proteção Civil no terreno a observar o desenrolar da situação na zona ribeirinha.

Pouco depois de ter passado por lá, parte da Avenida Luísa Todi era encerrada ao tráfego automóvel devido à acumulação de águas.

Quem me pareceu não ter medo das águas, foi o conhecido “viking de Setúbal” que trajando tal como o faziam aqueles guerreiros nórdicos, com o seu chapéu ostentando um par de cornos e de bandeira do Vitória ao ombro lá vinha, debaixo de chuva,  pela Avenida Independência das Colónias, a caminho do café, onde certamente se iria encontrar com outros adeptos do ENORME que rumariam a Lisboa onde hoje o Vitória Futebol Clube, defronta o Sporting Clube de Portugal.

Rui Canas Gaspar
2016-maio-07

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