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sábado, 13 de fevereiro de 2016

Vamos ter chuva porque já cheira a Socel

Em 1957 entrava em funcionamento a Companhia Portuguesa de Celulose, tornando-se pioneira a nível mundial na produção de pasta branqueada de eucalipto.

Poucos anos depois, em 1964, Setúbal via nascer a Socel – Sociedade Industrial de Celulose, S.A.R.L. uma unidade industrial vocacionada para a produção de pasta branqueada de eucalipto.

No ano seguinte, constitui-se a INAPA, Industria Nacional de Papéis, S.A. com o objetivo de produzir papéis finos de impressão e escrita, uma unidade industrial que passou a funcionar paredes meias com a Socel.

As novas indústrias deram emprego a bastantes setubalenses e foram muitos dos seus quadros e técnicos aqueles que foram recrutados na Escola Industrial e Comercial de Setúbal, nos idos anos 60, quando Setúbal começava a conhecer um invulgar dinamismo industrial.

A Socel que laborava a nascente da cidade do Sado, na península da Mitrena via os ventos dominantes levarem os desagradáveis cheiros por si produzidos para o Oceano Atlântico depois de atravessado o Sado. Porém, quando o vento soprava de sudoeste e o cheiro chegava à cidade era comum os setubalenses comentarem que a chuva estaria a chegar um ou dois dias depois, porque “cheirava a Socel”.

Em 1976, no âmbito das mudanças que se viviam em Portugal, depois da revolução de 25 de Abril de 1974, foi constituída a Portucel – Empresa de Celulose e Papel de Portugal EP, como resultado do processo de nacionalização da indústria de Celulose, da qual a Socel passou a fazer parte integrante.

O dinâmico grupo industrial continuou não só a laborar mas a modernizar-se constantemente, sendo considerado uma referência mundial na sua área de atuação, adquirindo novas e potentes máquinas que lhe permitiram fazer sempre mais e melhor produto.

Em 1993 as Unidades de Cacia e de Setúbal constituíam-se na Portucel Industrial – Empresa Produtora de Celulose, S.A. dedicando-se à produção e comercialização de pasta branqueada de eucalipto.

Dois anos depois, é dado o primeiro passo na privatização do Grupo, colocando-se então 44,3% do seu capital à disposição dos investidores privados.

No ano 2000 a Portucel Industrial adquire 100% do capital da Papeis Inapa, S.A. dando origem à Portucel Empresa de Pasta e Papel, S.A.

Em 2006 é anunciada a construção de uma nova fábrica de papel em Setúbal, o que permitiu ao Grupo assumir a liderança no mercado europeu de papéis finos.
Uma década depois, em 2016, a antiga Socel agora integrada num vasto grupo industrial e internacional assume-se como uma empresa de topo, com nova designação: The Navigator Company.

Para mim e para muitos outros antigos setubalenses quando o vento soprar lá das bandas de sueste será um pouco complicado comentar de forma inglesada que vai chover, pelo que certamente vamos continuar a dizer que “vamos ter chuva, porque cheira a Socel”.

Rui Canas Gaspar
2016-fevereiro-13

www.troineiro.blogspot.com

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