notícias, pensamentos, fotografias e comentários de um troineiro

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Prefiro o “Follow Me” ao “Ask Me”, mas isto é apenas gosto pessoal

“Ask Me Arrábida” é a designação do novo espaço da Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa que funciona em Setúbal no edifício anteriormente utilizado como posto de turismo na Travessa Frei Gaspar.

Este espaço destina-se a promover e dinamizar o destino Arrábida, estando focado em várias vertentes, nomeadamente na  de informação turística e na comercialização de produtos regionais, com especial destaque para os vinhos, sem esquecer a doçaria, o artesanato e os peluches inspirados na vida marinha.

“Ask Me Arrábida” para os falantes da língua de William Shakespeare melhor nos poderem entender ou, “Pergunte-me Arrábida” na língua de Luís Camões que, se calhar, cada vez entendemos menos, deixa-me apreensivo não pela valia do projeto em si mas por focar um espaço que me é tão caro e tão pouco cuidado, a Serra da Arrábida.

Acho, e isto é apenas um “achismo” que primeiramente se deveria tratar de colocar o produto em condições de o comercializar  e só depois proceder à sua promoção e venda, sob pena de se assim o não fizermos estarmos a defraudar eventuais espectativas.

Precisando um pouco mais o meu ponto de vista e sobre o que deveria ser feito antes do “Ask Me” (pergunte-me) que para mim seria bem mais interessante o “Follow Me” (siga-me).

Sim, siga-me e descubra os encantos desta magnífica região, percorrendo a pé os trilhos da serra (inexistentes) ou fazendo-o de BTT por carreiros demarcados (inexistente). Pare para apreciar nos poucos miradouros as paisagens deslumbrantes (piso todo esburacado) e, se lhe der uma dor de barriga não se vá aliviar atrás de uma qualquer moita, utilize os sanitários  móveis que se encontram junto a esses miradouros (utopia).

Visite o conventinho,  essa joia arquitetónica (fechado, propriedade privada) e se gosta de história natural vá até ao Museu Oceanográfico (cuidado com o horário…). A história militar é fabulosa, mas no parque os fortes estão ao abandono e entregues ao vandalismo.

Vestígios de antigas construções poderão ser observadas um pouco por todo o vasto espaço, pena é que não estejam identificadas e cuidadas, como, por exemplo, aquele forno para as bandas de Alpertuche que pessoalmente considero como sendo o berço do Parque Natural da Arrábida.

É melhor ficar por aqui…

Ask Me, pode ser bonito mas acho curto, preferia o Follow Me, o siga-me e vá ao encontro de um espaço maravilhoso e único que não se descobre, mas que se vai descobrindo.

Rui Canas Gaspar
2015-agosto-28

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O Presidente da República esteve hoje a bordo do 
barco EVORA

Na tarde de quinta-feira, 27 de agosto de 2015, fomos encontrar o Presidente da República, em Setúbal, a bordo do EVORA, caminhando com ar distinto e pensativo pelo tombadilho deste vetusto barco.
Por toda a embarcação podíamos observar quase três dezenas de pessoas do seu staff e, no cais nº 1, víamos algumas carrinhas com muito equipamento de apoio.
Diversas pessoas observavam curiosas a intensa atividade que decorria a bordo, com gente atarefada que não parava de entrar e sair, embora os mirones não soubessem concretamente quem estava a bordo e qual o motivo de toda esta azáfama.
De facto, não era o Presidente Cavaco Silva que vinha com um dia de antecedência marcar lugar para a noite de fados no Sado com o fadista António Pinto Basto, que amanhã terá lugar a bordo e com lotação já esgotada.
Este presidente mais não era que Cid Filipe o artista que estava devidamente caracterizado de forma a assemelhar-se ao falecido Presidente da República, Manuel Teixeira Gomes, eleito na sessão do Congresso de 6 de agosto de 1923 e que resignou ao mandato em 11 de dezembro de 1925.
A longa metragem focando aspetos pouco conhecidos da nossa História recente está a ser rodada também a bordo do histórico barco, focando a vida e obra deste nosso falecido Presidente da República.
A película sobre este distinto homem, natural de Portimão e que morreu na Argélia depois de lá ter vivido os seus últimos dez anos, tem como realizador Paulo Filipe Monteiro e deverá ser apresentada nas salas de cinema no próximo ano de 2016.
Mais uma vez o charmoso barco EVORA interpreta um papel importante na vida e na História de Portugal, recreando as nossas memórias coletivas.
Rui Canas Gaspar
2015-agosto-27
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sábado, 22 de agosto de 2015

O segredo dos monges da Arrábida

Conta-se que os antigos monges arrábidos, para além das suas vidas de recolhimento e oração em pleno coração da Serra da Arrábida, se dedicaram também ao fabrico de um licor cuja fórmula desenvolveram e a teriam mantido secreta por muitos e longos anos.

E porque tudo o que envolva secretismo se tornará mais delicioso e procurado, uma empresa vinícola da Quinta do Anjo – Palmela decidiu um dia fabricar o tal licor dando-lhe o sugestivo nome de ARRABIDINE e publicitando que o mesmo seria fabricado segundo a fórmula secreta dos velhos monges da Arrábida.

A bebida foi um sucesso de vendas e muitas pessoas trataram até de colecionar as características garrafas do delicioso licor.

Quando o Outono chegava, grupos de pessoas embrenhavam-se pelas matas da Arrábida em busca da matéria-prima, que a natureza generosamente dispensava e que seria o ingrediente principal do tal licor.

Chamavam-lhes martunhos e podiam ser brancas ou negras as pequenas bagas selvagens, agridoces, que pacientemente colhiam das verdejantes moitas.

Quando eu era menino, conjuntamente com outros rapazes do nosso Bairro de Troino, subíamos até ao alto do Bairro dos Pescadores e ali para as bandas do Hotel do Sado, embrenhávamo-nos na Mata do Vidal e ali colhíamos os medronhos e os martunhos selvagens com que nos deliciávamos.

Atualmente não vejo com tanta frequência esta planta pela nossa Arrábida, porem alguém, provavelmente um arquiteto paisagista da nossa terra, teve o bom senso e a sabedoria para fazer descer a Arrábida à cidade e tratou de mandar plantar nos novos jardins, alguns arbustos selvagens da nossa serra.

E é assim que vamos encontrar em alguns espaços verdes da nossa cidade  o viçoso alecrim, o bem cheiroso rosmaninho, os bonitos folhados e até, imagine-se a matéria-prima do ARRABIDINE, os martunhos.

A Arrábida é um local ímpar, muito mais interessante do que aquilo que normalmente estamos habituados a observar, como sejam as suas praias e os seus miradouros da serra.

Para que possa desfrutar de muito mais que aquele belo espaço tem para lhe oferecer sugiro que possa ler o livro ARRÁBIDA DESCONHECIDA, à venda nas livrarias da baixa da cidade de Setúbal, na Casa da Baía e na loja Coisas de Setúbal.

Se desejar saber mais poderá consultar a página:    www.livrosdorui.blogspot.com

Rui Canas Gaspar
2015-agosto-22

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sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Bonjour, parler français?

Se é comerciante setubalense e fala francês, muito bem, se não… pode perfeitamente perder uma oportunidade de fazer negócio a não ser que os seus produtos possam falar por si.

É que se neste Verão, na época alta do turismo, a língua francesa tem sido a que mais se tem ouvido na cidade sadina, depois do português, parece que a tendência se irá manter ao longo de todo o ano.

Ao que consta serão muitas centenas de franceses que virão passar uns dias de vacances a Portugal e escolheram a região que está na moda, Setúbal naturalmente, para passar o seu período de férias.

Informações ainda não divulgadas nos órgãos de comunicação social apontam para um grande contrato celebrado entre uma empresa portuguesa com uma congénere francesa no sentido de podermos receber, na época baixa, um grande número de turistas gauleses.

Ainda que possam ficar alojados na outra margem do rio, certamente que gostarão de visitar Setúbal, uma importante localidade com outros atrativos que ali seguramente não irão encontrar.

Ora se a cidade os souber receber e se os nossos comerciantes estiverem devidamente preparados, dentro das suas possibilidades e características dos seus negócios, poderemos estar em presença de uma invulgar oportunidade.
Depois das três célebres invasões francesas, os setubalenses que se cuidem com os novos invasores, desta vez sem a participação do General Louis-Henri Loison, mais conhecido por  “O Maneta” o tal que ficou célebre pela sua apetência para a pilhagem.

Ainda hoje quando alguém fica sem os seus haveres é comum ouvir-se a frase:  “e lá foi tudo para o maneta”.

História à parte será bom que nos preparemos para outro tipo de invasão e para outro confronto com os franceses, desta feita com o objetivo de ambas as partes se saírem bem e todos ficarmos satisfeitos como mandam as boas regras de qualquer bom negócio.

Rui Canas Gaspar
2015-agosto-21

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“Arte em toda a parte” em Setúbal

Numa ação de charme destinada a formar uma boa imagem do novo Centro Comercial Alegro, a Immochan, o braço imobiliário do Grupo Auchan  desencadeou uma inteligente campanha publicitária, designada por “Arte em Toda a Parte” enquanto o novo centro comercial se encontrava em construção.

Das diversas obras executadas e expostas pela cidade, ficou para a posteridade a enorme e já emblemática pintura “O Rapaz dos Pássaros” um trabalho do artista Odeith já considerada como uma das melhores do seu género em todo o mundo.

Um pouco por toda a cidade podemos encontrar as mais diferentes e bonitas pinturas, realizadas por conceituados ou desconhecidos artistas, verdadeiras obras de arte que se encontram, por vezes, paredes-meias com tags e grafites de qualidade e bom gosto muito duvidoso.

A propósito, curiosamente, durante muito tempo reparei numa parede onde feios tags e inestéticos grafites poluíam visualmente a paisagem urbana.

Foi então que o espaço foi ocupado por um outro tipo de artista, quase em extinção, uma costureira. 

A nova ocupante não só tratou de arranjar o interior do seu local de trabalho como decidiu também dar um aspeto diferente ao exterior do seu estabelecimento e daí o ter feito aparecer duas bonitas e sugestivas pinturas que ali já se mantêm há variadíssimos meses.

Tenho para mim que a melhor forma de mantermos as nossas paredes limpas e com bom aspeto é logo que apareçam grafitadas repintá-las quanto antes, não dando tréguas àqueles que gastam tempo e dinheiro destruindo a propriedade alheia.

Por isso defenso a criação de uma brigada autárquica rápida, antivandalismo, que cubra toda a cidade, limpando e repintando, não dando tréguas, aos vândalos que conspurcam visualmente as nossas paredes, cantarias, sinais de trânsito e que até chegam ao cúmulo de pintarem algumas rochas das nossas formosas praias.

Rui Canas Gaspar
2015-agosto-21

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quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Queremos ou não turismo em Setúbal?

Neste mês de agosto de 2015 a língua que mais se tem ouvido em Setúbal, depois do português, parece ser o francês.

Nota-se que alguns são portugueses que emigraram para terras de França e agora retornam para uns dias de férias, acompanhados dos seus descendentes, muitos deles já nascidos em terras gaulesas, mas também se constata que a maioria dos turistas estrangeiros são naturais de França.

Basta estar um pouco atento ao fenómeno na baixa de Setúbal para constatarmos esta realidade. Ali já começou a aparecer um outro tipo de comércio virado para o turismo onde se podem comprar produtos regionais.

Um dos poisos preferidos é a esplanada do Baticanos, na Praça do Bocage e um dos locais mais apelativos e que mais atenções atrai nos turistas é o artesão que há muitos anos fabrica bicicletas em miniatura e tem lugar cativo junto ao portão lateral da Igreja de São Julião.

Um outro local onde podemos constatar esta realidade é no Bowling de Setúbal onde uma parte dos clientes, neste mês de agosto,  fala a língua de Voltaire.

Onde estão alojados estes turistas? Como vieram até cá? O que os atrai nesta região? Serão perguntas que os responsáveis ligados à área do turismo deverão estar a procurar saber para a partir daí poderem desenvolver próximas ações de marketing, ou será que estes serviços estão encerrados para férias?

Tenho para mim que uma boa parte destas pessoas chegam à nossa cidade fazendo-se deslocar nas modernas autocaravanas, que todos os dias vemos chegar e partir de junto à doca dos pescadores.

A despeito de muita “fumaça” o facto é que está mais um ano praticamente passado sem que fosse dada resposta adequada, mesmo que provisória, a esta realidade que é o constante aumento de turistas que se deslocam por toda a Europa, cada vez em maior número, nas autocaravanas.

Não basta a promessa de que quando for renovado o Parque de Campismo do Outão será contemplado um lugar para autocaravanas, é necessário e urgente que se proceda, quanto antes a dotar a cidade de um espaço, com as necessárias condições para receber convenientemente essas pessoas que não são propriamente os chamados “turistas de pé descalço” que mesmo assim devem merecer tanta atenção como os de “pé calçado”.

Se insistirmos em manter o marasmo, o deixa andar, o é prá manhã, estaremos na contingência de perder uma boa fatia destes nossos visitantes que tanta falta fazem à economia local.

Bem sabemos que há muita coisa para fazer, mas teremos de ordenar devidamente as nossas prioridades e dentro destas as que são mais urgentes e, se um espaço para receber as autocaravanas não é a primeira prioridade seguramente estará antes da segunda e isto se nos despacharmos a tempo. É que as galinhas de ovos de ouro não costumam ficar no poleiro por muito tempo à espera de quem lhes deite a mão.

Rui Canas Gaspar
2015-agosto-20

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Fui detido pela P.S.P. no Parque do Bonfim

Despertou-me a atenção o estado deplorável em que se encontra o edifício junto ao lago do Parque do Bonfim, pelo que coloquei uma pequena nota no grupo do facebook Coisas de Setúbal e as reações não se fizeram esperar inclusive com as mais diversas sugestões de aproveitamento daquele belo espaço.

Veio-me então à mente aquele 19 de junho de 1979 quando cerca da meia-noite por ali passei e acabei detido pela P.S.P., e lá fui então levado dentro da “ramona” para o edifício do comando distrital da Polícia de Segurança Pública.

Acontece que naquele dia tinha havido um roubo de alguns milhares de escudos do edifício da Câmara Municipal e pelos vistos os polícias andaram a fazer rusgas durante a noite pelos cafés da cidade com o objetivo de apanhar o ou os gatunos a tomar alguma bica como forma de comemorar tal façanha.

Nessa noite eu tinha ido levar minha esposa ao Hospital de São Bernardo onde na manhã seguinte daria à luz o nosso segundo filho. Depois de lá a deixar passei frente à Escola Industrial e Comercial de Setúbal e porque visse mais movimento que o usual, junto ao café do parque, estacionei o carro e fui saber o que ali se passava.

Havia bastante polícia a cercar o local e de dentro do café saiam várias pessoas que entravam nas carrinhas policiais e, como eu me aproximasse, um dos polícias indicou-me a carrinha onde deveria entrar.

De pouco me valeu dizer ao polícia que tinha o carro estacionado ali junto à escola e que estava a chegar naquele momento. O homem argumentou que era só e apenas uma questão de identificação que não levaria muito tempo.

Mais curioso que amedrontado, dado que se tratava de uma situação nova, lá entrei e, juntamente com os outros detidos, levaram-me para o Comando Distrital. E foi com surpresa que verifiquei que eram largas dezenas, ou centenas, as pessoas que ali se encontravam, boa parte deles tinham sido “capturados” no Café Esperança (McDonnald’s da Avenida Todi).

Bem, acabei por ali estar até que fui chamado e submetido a interrogatório e só me deixaram sair já perto das duas horas da manhã ilibado tal como todos os detidos, alvo das buscas do tal assalto à Câmara Municipal, que segundo julgo saber nunca se descobriu o ou os autores.

Umas horas depois na velhinha maternidade do Hospital de São Bernardo ouvia-se o choro de um forte rapaz e pela segunda vez eu era pai, estava em liberdade, mas poderia não ser essa a minha condição devido ao enraizado hábito de querer saber tudo o que se passa na minha terra.

Rui Canas Gaspar
2015-agosto-19

domingo, 16 de agosto de 2015

A nossa “Fonte da Charoca” ainda pode vir a ser recuperada com outra função

Os setubalenses que nasceram há mais de meio século no popular  e típico Bairro de Troino certamente que terão gratas lembranças de uma fonte que tanta sede saciou e muita água serviu às casas da Rua das Oliveiras e artérias circundantes, estou a falar da “Fonte da Charoca”.

Não sei de onde provinha a água que jorrava entre as duas pedras paralelas que a imaginação popular aliava aos lábios vaginais e daí o ter sido batizada por “charoca”. Suponho que a nascente se situava algures na “manteiga fina” ou seja, na parte superior do outeiro que ombreia com a Rua das Oliveiras.

Esta é provavelmente a rua que mais cara ficou, por metro linear, aos cofres da autarquia sadina se atentarmos no possante muro de contenção travando as terras do outeiro, uma obra artisticamente trabalhada em brecha da arrábida.

E é precisamente incrustado no muro que vamos encontrar um nicho de onde por entre duas lajes, com cerca de meio metro cada, entre as quais jorrava a água para abastecimento público.

Com o precioso líquido a chegar a todos os domicílios a fonte deixou de ter utilização prática e acabaria desativada. Do seu nicho desapareceram as duas pequenas lajes por entre as quais corria a água e a harmonia do espaço viria a ser beliscada com a colocação de uma bataria de contentores para recolha de lixo.
Nos últimos tempos temos vindo a assistir em Setúbal à recuperação de alguns espaços históricos e a “fonte da charoca” tem vindo a ficar no esquecimento, pelo que penso estar na hora de se fazer a recuperação daquele espaço.

Os contentores poderão ser eliminados, instalando-se um ou dois molock, na zona frente aos mesmos, a exemplo do que já se fez, e bem, no “Largo da Fonte Nova” e em diversos outros locais da cidade.

Desimpedido o espaço, seria então altura de fazer o  mesmo que também se fez com o fontanário existente naquele largo, ou seja, pôr a água a correr em circuito fechado, criando assim mais um polo de atração e beleza para um local onde tanta gente passa.

Com esta pequena obra ganharíamos todos, ou seja: Os moradores locais com um melhor ambiente dado que se retirariam os contentores de lixo; os setubalenses em geral que teriam oportunidade de apreciar mais um espaço histórico com vida ligado às suas raízes e os turistas que cada vez mais nos visitam ao poderem admirar mais um novo polo de atração num espaço agradável e limpo.

Fica a sugestão à particular atenção do meu homónimo, presidente da União de Freguesias e à sua camarada a nossa presidente da Câmara Municipal, pessoas a quem compete decidir da mais ou menos valia desta ideia de um troineiro que alguma água ainda bebeu na “Fonte da Charoca”.

Rui Canas Gaspar
2015-agosto-16

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sexta-feira, 14 de agosto de 2015


A dança dos monumentos setubalenses

A propósito da deslocalização da estátua de Jacinto João do estádio do Vitória Futebol Clube para a nova rotunda com o mesmo nome, veio-me à mente a dança a que têm estado submetidas uma boa parte das obras de arte setubalenses.

Em minha opinião a generalidade destas mudanças vieram beneficiar os respetivos monumentos, dando-lhes maior visibilidade, valorizando também os espaços onde foram colocados.

Assim, conversando com um amigo bem conhecedor das coisas de Setúbal, conseguimos identificar algumas mudanças de local, ocorridas ao longo de vários anos, com diversas das nossas obras de arte.

Vejamos então:

- Vinda do Convento do Carmo seria colocada naquele que hoje designamos por Largo José Afonso a fonte decorativa que se encontra no centro do lago, lamentavelmente relegado para segundo plano por uma outra enorme construção difícil de deslocalizar.

- Rumando para nascente, acabaria por ficar encostado ao alçado lateral da capela do Senhor do Bonfim, o cruzeiro (calvário) que ali ainda hoje podemos apreciar.

- Já o outro cruzeiro que podemos também apreciar no Largo de Jesus é uma obra bem viajada, dado que já vai no seu terceiro poiso.

- O pelourinho deslocou-se do Largo da Ribeira Velha para a Praça Marquês de Pombal e na década de 50 esteve quase a ir parar à Praça do Bocage.

- A bonita Fonte do Sapal, depois de desmontada peça por peça acabaria de ser transferida da Praça do Bocage para a Praça Teófilo Braga e porque na moderna Setúbal já não há assim tantos burros para dar de beber na sua nova localização não foi contemplado o tanque que se encontrava no alçado posterior.

- Ela cantou e encantou, por isso, foi-lhe construída uma glorieta que seria montada inicialmente no Largo José Afonso e posteriormente transferida para a avenida que ostenta o seu nome, Luísa Todi.

- O busto do poeta brasileiro Olavo Bilac também mudou de poiso na Praça do Brasil, rumando do vértice sudoeste para o local onde hoje se encontra.

- Ainda naquela zona da cidade a imagem de “Nossa Senhora de Setúbal” viu o seu nicho mudado, deslocando-se mais para sul, após as obras levadas a efeito na estação dos caminhos-de-ferro.

- Será bom não esquecer os célebres golfinhos que se encontravam na rotunda da Avenida Luísa Todi e nadaram mais para poente, embora os coitados frequentemente se lamentem com a falta de água no seu novo local.

- A propósito de fontes. A do centenário (fonte luminosa) esteve vai-não -vai para ser deslocalizada uns metros mais para poente aquando das modificações introduzidas pelo POLIS.

- O mesmo aconteceu com a “Fonte Nova” que também esteve para ser mudada de poiso aquando da construção do “mamarracho” que se lhe veio encostar ao traseiro (alçado, pois claro).  

A vida é feita de mudanças e as cidades também tem vida, por isso, não nos deveremos admirar com estas alterações, só que elas devem ser bem pensadas, ponderados os prós e os contras e  depois de amadurecida a ideia ser então decidido se é ou não de executar. É que a cidade é dos cidadãos e não de quem governa neste ou naquele momento.

Rui Canas Gaspar
2015-agosto-14

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quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Dois monumentos: Um brilha na escuridão o outro afunda-se nas trevas

Está agendado para sábado, dia 15 de agosto de 2015, o momento em que a  Câmara Municipal de Palmela inaugurará um novo sistema de iluminação que irá dar uma visibilidade completamente diferente e ímpar ao seu vetusto castelo, tornando-o assim num marco referencial da nossa região.

Enquanto isso, o nosso “castelo” de Setúbal, o Forte de São Filipe, permanece envolto em trevas profundas, tão profundas quanto as suas antigas galerias subterrâneas que escondem o escoramento de parte da laje que podemos ver à superfície. Uma obra com dezenas de anos e que não chegou a ser concluída.

No início de maio deste ano, dirigi-me ao nosso forte, que se encontrava encerrado, sem qualquer tipo de aviso sobre o porquê de tal suceder e mesmo ali fui informado por alguém que vindo do interior me disse que o mesmo se encontrava com obras de escoramento nas galerias subterrâneas e que a pousada se encontrava também com intervenção, tendo encerrado em 1 de novembro de 2014  e reabrindo no dia 1 de maio.

Enquanto isso, um relatório do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) dava conta da necessidade de se proceder a obras urgentes de estabilização da encosta, dado o perigo de derrocada da fortaleza.

O facto é que chegamos ao mês de agosto e nem a pousada reabriu e parece que não voltará a fazê-lo, nem sequer os portões do forte deixaram de estar fechados a cadeado não permitindo que alguém tenha acesso àquele privilegiado miradouro sadino.

Julgo que o mais elementar direito de qualquer cidadão numa sociedade democrática, é de facto o direito à informação e, como tal, considero incompreensível que não seja colocado pela Autarquia um aviso no início da estrada de acesso ao forte com a informação de que o mesmo está encerrado, seja porque motivo for.

Captarmos turistas que venham até cá para fazer mais alguma coisa do que comer peixe assado e choco frito é capaz de ser complicado e nem sequer vale a pena estarmos a pensar em cais para navios de cruzeiro, marinas, ou construção de novos hotéis, enquanto não se cuidar devidamente do pouco que temos para presentear os visitantes.

Já com o Parque Natural da Arrábida é o que é, sem as mínimas condições e com ausência de manutenção de espaços, agora o forte de São Filipe com os turistas a baterem com o nariz na porta todos os dias…

Afinal os nossos “espertos” estão a pensar que basta criar a marca “Arrábida” e transformar um posto de turismo numa outra qualquer coisa para desenvolvermos convenientemente esta indústria da paz?

Assim não dá!

Se não fosse as belezas ímpares com que natureza dotou este cantinho de Portugal estávamos feitos… Até parece que estamos a brincar aos operadores turísticos. Digo eu que até nem sou nem “expert” nem “esperto”.

Rui Canas Gaspar
2015-agosto-12

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terça-feira, 11 de agosto de 2015

E que tal uma rotunda decorada com troféus do Vitória Futebol Clube?

Um membro do grupo do facebook COISAS DE SETÚBAL, a propósito da deslocalização da estátua do popular JJ do Estádio do Vitória para a nova rotunda em construção na praça com o nome deste clube, tem vindo a questionar a decisão pelo facto dos sócios do Vitória não terem sido ouvidos sobre esta mudança.

Tenho vindo a pensar no assunto e de facto, quanto a mim, faz todo o sentido esta preocupação do amigo José Joaquim Wergy dado que ao que julgo saber o monumento é uma peça patrimonial do Vitória Futebol Clube, tal como o é, por exemplo, a Taça de Portugal, conquistada pelo clube em 2005 e tantos outros troféus e diversos materiais e equipamentos históricos ou não.

A estátua, propriedade do clube, encontrava-se no Estádio do Bonfim, propriedade do Vitória Futebol Clube e agora passa para a via publica a título de quê?

De empréstimo?

De oferta à cidade?

De dação em pagamento por qualquer eventual dívida das que o clube tem?
Ou a que título?...

Por outro lado, se o assunto, que me parece ser suficientemente importante, não foi discutido com os sócios, quem autorizou a saída do clube daquela peça patrimonial? O seu presidente? Certamente que sim. Mas terá ele competência para o fazer? E quanto a quem aceitou por parte da Câmara Municipal de Setúbal, será que o poderia/deveria?...

Tendo como legais e corretas as medidas tomadas com a transferência de local da estátua do JJ, poderemos pensar que será igualmente lícito usar outras peças patrimoniais do clube para decorar a outra rotunda frente ao estádio.

Então, porque não pensar num ENORME arranjo composto pelos muitos troféus do Vitória que se encontram guardados nalgum lugar menos apropriado das instalações vitorianas. Assim sempre seriam, mais apreciados pelo público…

Pode parecer uma ideia absurda, mas bem possível, porque quem pode ceder uma peça pode ceder uma centena, ou como dizem alguns advogados: “Quem leva a vaca, leva o bezerro”.

As interrogações que partilhei, não passam disso mesmo de interrogações que de facto me vieram à mente em função da preocupação daquele nosso amigo sócio (também ele dono de parte da estátua) do nosso Vitória. 

Quanto à decoração da rotunda com os troféus do ENORME que se encontram algures, esqueçam lá isso. Ou será que já não se pode brincar com a decoração das rotundas da cidade do rio azul?

Rui Canas Gaspar
2015-agosto-11

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segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Olavo Bilac vai comemorar as bodas de ouro, em Setúbal, no próximo mês de setembro

Olhar calmo e sereno, cabelo penteado de risco ao meio e farto bigode bem aparado eis como é apresentado aos setubalenses este brasileiro conhecido entre os mortais por Olavo Bilac, um grande poeta admirador, estudioso e divulgador da obra de outro não menos grande nome da poesia, o nosso Bocage.

Olavo Bilac, que para além de poeta era jornalista e cronista, nasceu sessenta anos depois de ter falecido Bocage, ou seja, em 1865 e viria a falecer em 1918 no Rio de Janeiro, cidade onde vira pela primeira vez a luz do dia.

Em 1907 a revista Fon-Fon elege-o como Príncipe dos Poetas Brasileiros.

Setúbal, terra de nascimento de Manuel Maria Barbosa du Bocage haveria de homenagear este grande poeta do país irmão, colocando o seu busto na Praça do Brasil, uma importante artéria da cidade sadina, que teve honras de inauguração pelo Presidente da República, Almirante Américo Thomás, em 16 de setembro de 1965, quando foram dadas por concluídas as obras de urbanização daquele espaço.

O busto de Olavo Bilac inaugurado em Setúbal há precisamente 50 anos foi custeado por António Tacla, irmão do jornalista Paulo Tacla e foi oferecido à cidade pela Comissão Brasileira das Comemorações do II Centenário do nascimento de Elmano Sadino.

A obra fundida em bronze pelo escultor paulista Luís Morrone foi inicialmente colocada noutro local da Praça do Brasil e só passou para a atual localização depois daquele espaço ter sofrido obras de transformação arquitetónica na década de 1980.

No próximo mês de setembro deste ano de 2015, quando se celebrarem as bodas de ouro desta obra certamente que os setubalenses gostariam de ver o monumento, bem raspado e melhor pintado, bem como as taças ajardinadas e as plantas daquele espaço de eleição devidamente tratadas a par de uma limpeza em profundidade que se impõe.

Certamente que o pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Setúbal estará atento a esta efeméride e não deixará de tomar as medidas que achar por convenientes a fim de honrar o nome de quem tão bem soube tratar o nosso mais alto vulto da poesia.

Rui Canas Gaspar
2015-agosto-10

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sábado, 8 de agosto de 2015

Memórias da “escola do barracão”

Deveria eu ter uns seis aninhos ou coisa que o valha quando naquele dia de inverno estreei umas novas botas de água, ou galochas como hoje se designam, pretas, envernizadas e com pelo por dentro de forma a torna-las mais quentinhas.

Tratou-se de um significativo esforço financeiro que minha mãe fez para as comprar de modo a que fosse mais agasalhado para a “escola do barracão”.

Certo dia, depois da que a escola acabou, subi algumas dezenas de metros pela Rua das Oliveiras até casa, com a sacola de serapilheira a tiracolo, (onde se destacava um bonequinho bordado por minha talentosa mãe) dentro da qual vinha a lousa e a “pena”.

Naquele dia eu caminhava um pouco desengonçado e de pernas um pouco mais abertas que o normal.

À entrada de casa minha mãe percebeu que algo não estava bem e pelo cheiro logo percebeu que as botas para além dos meus pés traziam algo menos bem cheiroso.

- Porque é que não pediste às senhoras para ir à retrete?

- Tive vergonha!...

- Ai sim? Pois então toca a despir para te lavar a ti e às botas novas.

A tarde estava fria, casa de banho não havia no nº 53 da Rua das Oliveiras e daquela vez não tive direito a ser lavado dentro do alguidar na cozinha com água aquecida numa cafeteira.

De pouco me valeu chorar e reclamar do frio. O banho foi dentro do alguidar sim, mas com água fria e tomado ao ar livre, naquele final de dia de Inverno, no pequeno quintal.

Acho que foi a partir desse momento que comecei a perder a vergonha de falar o que quer que fosse, por mais desagradável e por menos bem cheiroso que igualmente fosse. Porque mesmo assim sempre era preferível pedir para ir à retrete do que depois ter de tomar o banho no quintal com água fria.

Esta é uma memória que me ficou gravada da “escola do barracão”, uma escola particular que muitas crianças do nosso Bairro de Troino frequentaram e onde aprenderam as primeiras letras e onde eu indiretamente aprendi uma lição que jamais esquecerei por muitos anos que ainda viva.

Rui Canas Gaspar
2015-agosto-08

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sexta-feira, 7 de agosto de 2015

O edifício do Clube Setubalense vai ser vendido?

É desta forma que o livro “SETÚBAL – Gente do Rio Homens do Mar” começa a narrativa quando se refere ao decano dos clubes sadinos:

“ O Club Setubalense é a mais antiga instituição social da cidade, fundada no ano de 1855 com o propósito de promover “a honesta convivência dos sócios”, no mesmo ano que em Paris era inaugurada a célebre Exposição Universal, ainda sem a Torre Eiffel.

Em 1 de junho nasceria na vila o jornal O Setubalense e poucos meses depois, numa sala dos Paços do Duque, no outonal dia 12 de novembro fundava-se o Club Setubalense “ao qual trataram logo de concorrer a associar-se grande número de cavalheiros”, conforme o novo periódico tinha oportunidade de noticiar.

Dois dias depois, em 14 de novembro, seriam aprovados os Estatutos do Club, documento que fora enviado em devido tempo para aprovação do Governo do Reino.

O clube instalou-se então numas dependências do palácio dos Paços do Duque, edifício localizado na Rua da Praia, atual Avenida Luísa Todi, onde posteriormente funcionou o Governo Civil de Setúbal.

Os Estatutos foram aprovados pelo rei quando Setúbal ainda era uma vila portuguesa e numa época em que aqui começavam a soprar os ventos da Regeneração, ou seja, os alvores do Capitalismo, com o surgimento de uma classe de novos industriais, comerciantes e proprietários, considerados como os pequenos, médios e altos membros da classe burguesa local.

D. Pedro V deferiu em 9 de julho de 1856, por Carta Régia, a petição do documento que definia as regras orientadoras do novo clube, quatro anos antes de Setúbal ser elevada à categoria de cidade e quando ainda o jovem monarca contava 18 anos de idade.

Ao longo de décadas o Club Setubalense foi considerado como um clube de elite, onde apenas um restrito e selecionado punhado de setubalenses pertencentes às classes sociais mais elevadas tinham acesso.

Curiosamente foi em 30 de janeiro de 1926, quando passava por graves dificuldades financeiras, tendo de vender vários objetos de que já não necessitava, incluindo um velho piano, a sua sede passou a funcionar num dos mais belos edifícios de Setúbal localizado no lado sul da Avenida Luísa Todi, onde hoje ainda se encontra.”

E é nesse mesmo edifício que fomos encontrar afixada a faixa informativa que dá conta de que a Escola de Dança do Clube Setubalense está a levar a cabo uma campanha de angariação de verbas para a aquisição do histórico edifício.


Rui Canas Gaspar
2015-agosto-07

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domingo, 2 de agosto de 2015

Chegou uma nova aquisição ao Vitória

Quem foi que disse que o ENORME Vitória Futebol Clube era menos que o Benfica, Sporting ou Porto?

Por acaso não iremos todos a disputar o principal campeonato português em pé de igualdade, com o mesmo número de jogadores e a mesma quantidade de pontos?

Por acaso não temos todos  um animal como totem, destinado a intimidar os nossos adversários?

Bem, temos todos, não será bem assim, eles têm, o ENORME não tinha, até que hoje recebeu esse importante reforço.

O Benfica tem uma águia que dá a volta ao seu estádio, o Sporting o desenho de um leão que nesta época se propõe rugir mais alto, o Porto um mítico dragão que já deixou de cuspir fogo e ao Vitória faltava-lhe o animal que daria força à equipa e poderia fazer tremer os adversários.

Ora bem, saibam os amigos que chegou hoje, domingo, 2 de agosto de 2015 esse reforço de peso ao nosso Vitória, não um elefante ou um rinoceronte, mas sim uma simpática, barulhenta e rápida caturra.

A vaidosa ave andou hoje pela manhã às voltas pelo estádio vazio piando bem alto, como se estivesse a treinar e depois de algumas voltas veio pousar na janela do meu “camarote privativo” sem parar de piar até que lhe fosse tirar a fotografia.

Sendo assim, que fique descansado o XVIII Exército porque se não fizer barulho suficiente para animar e incentivar os nossos jogadores agora já sabe que conta com este ENORME reforço recém-chegado ao Bonfim.

Rui Canas Gaspar
2015-agosto-02

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