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segunda-feira, 20 de julho de 2015

"MEIRIM" Uma figura que não esqueceremos



Fervoroso adepto do Futebol Clube os Belenenses era comum vermos o Meirim pelas ruas da cidade, altamente concentrado no que dizia, como se estivesse a falar ao microfone de uma qualquer rádio nacional.

Na Praça do Bocage, junto ao extinto café Brasileira, Meirim gostava de exibir os seus dotes de toureiro imitando o conhecido Manuel dos Santos com os seus artísticos e elegantes passos. Porém era ao futebol que mais atenção dedicava.

Normalmente ia andando calmamente pelas ruas relatando um jogo de futebol e de tal forma se entusiasmava que eram muitos aqueles que paravam para o escutar enquanto as suas palavras nos transportavam para um qualquer imaginário jogo em que o Zé Marria, passava a bola ao JJ e este com um remate certeiro metia mais um belo golo.

Era comum ele ir fazer os seus relatos por baixo das janelas do Hotel Esperança quando a equipa do Vitória Futebol Clube ali se encontrava em estágio.

Certo dia, na esplanada do Esperança, quando este “repórter” estava a relatar entusiasticamente um importante jogo entre o Sporting e o Belenenses alguém que não gostou do ruído, por maldade, ou por brincadeira, despejou lá de cima um alguidar de água que veio encharcar o pobre relatador.

Meirim manteve uma calma impressionante perante tão inesperado acontecimento, tratando de imediato de transmitir aos seus “rádio” ouvintes que naquele preciso momento tinha começado  a chover torrencialmente no Estádio de Alvalade.
Por alturas da Volta a Portugal em Bicicleta, o nosso repórter mal acabava qualquer etapa tratava de transmitir o resumo da mesma, tendo o famoso ciclista Joaquim Agostinho como figura de destaque.

Em 2012 Luís Filipe Estrela, foi encontrar o “Meirim” no Lar Dr. Paula Borba, e fotografou-o com um ar agradável a despeito da doença lhe ter levado uma perna e um leão o braço, quando um dia foi fazer uma festa ao animal que se encontrava num circo na Praça de Portugal em Setúbal.

Já a “Meirim” o poeta João Faleiro Paixão dedicou este poema:

“MEIRIM”

Era raro quem passava
E não sorria ao escutar
O “jogo” que estava a “dar”
Que ele tão bem relatava

Belenenses de coração
 Quis a sorte que o coitado
Visse um braço dilacerado
Pelas garras dum leão

No “Esperança” recordo bem
Atingido certeiramente
por um balde de água que
alguém

atirou maldosamente...
“Relatava” que em Belém
Chovia torrencialmente


 25/08/1999
João Paixão

PUBLICADO EM 29/9/99

Rui Canas Gaspar
2015-julho-20
www.troineiro.blogspot.com

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