notícias, pensamentos, fotografias e comentários de um troineiro

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Em Setúbal já não se fazem partos aquáticos, mas há quem os queira
Em 10 de fevereiro de 2014 o jornal Diário de Notícias publicava o seguinte:
O primeiro nascimento dentro de água aconteceu há quatro anos e, desde aí, o hospital faz, em média, dois a três por mês.
Mães referem que o parto é mais tranquilo.
"É uma experiência muito positiva e quase transformadora." Inês Anjo, 29 anos, é mãe da Carolina, uma das 72 crianças que nasceram dentro de água no Hospital São Bernardo, a única instituição pública da Península Ibérica que oferece às grávidas essa possibilidade.
O hospital de Setúbal conta no total com 135 imersões em água durante o trabalho de parto. Segundo os responsáveis pela instituição, o número de grávidas a procurar o serviço tem vindo a aumentar.”
Pouco tempo depois de ter sido publicada esta notícia o Hospital de São Bernardo deixaria de manter operacional esta técnica tão procurada por muitas parturientes, e que segundo entendidos terá as seguintes vantagens:
- Ambiente tranquilo e relaxante (opção da mulher)
- Menor necessidade de analgesia farmacológica 
- Trabalho de parto mais rápido
- Mobilização mais fácil da mãe, que pode adotar mais facilmente posições mais confortáveis para o parto
- Melhora o fluxo uterino, e parece reduzir a necessidade de intervenção (partos com fórceps ou ventosas, cesariana...)
Várias mulheres apologistas deste método e insatisfeitas com a desativação do mesmo no único hospital da Península Ibérica onde se podia nascer na água decidiram organizar-se num grupo denominando por “Mães de Água”.
E é precisamente este grupo que tem agendado para o próximo dia 11 de julho deste ano de 2015, pelas 21,00 horas, uma iniciativa destinada a sinalizar o primeiro ano em que esta metodologia deixou de estar ativa, depois do sucesso que a mesma estava a ter no único hospital público que disponibilizava este tipo de parto.
A iniciativa de caráter pacífico e solidário será designada por “um abraço ao HSB pelo Parto na Água” terá como objetivo principal a sensibilização da equipa multidisciplinar do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de São Bernardo.
Assim sendo, os organizadores convidam a comunidade a participar e simbolicamente acender uma pequena vela flutuante num qualquer recipiente de água, chamando desta forma a atenção para a necessidade de manutenção de um serviço único do seu género e já com provas dadas.
Rui Canas Gaspar
2015-junho-29

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domingo, 28 de junho de 2015

Conhece o Clemente?

Já lá vão perto de sessenta anos, mais bico, menos bico quando no dia 25 de maio nascia em Setúbal, com o Sado a seus pés e a Serra da Arrábida no horizonte, um rapaz que ficaria conhecido não só entre os seus conterrâneos mas um pouco por todo o país e boa parte do mundo pelo simples nome de Clemente.

Aos 15 anos despontou para a carreira musical primeiro como vocalista de grupos de baile e pouco depois encetou uma carreira a solo que conta já com mais de quatro décadas.

O seu sucesso tem sido tal que viu a sua já longa carreira distinguida com diversos prémios, destacando-se os vários Discos de Prata, Ouro e Platina.

Alto, forte e bem parecido, quando jovem, a sua agradável presença sobressaia nos bailes organizados por esta altura dos santos populares, sobretudo entre as jovens setubalenses que com ele queriam dançar  nos bailes de rua organizados na Fonte Nova, Largo das Machadas e noutros espaços da cidade do rio azul.

Este artista nascido em terras sadinas é uma das figuras mais conhecidas entre as diversas comunidades portuguesas espalhadas um pouco por todo o mundo e as canções levaram-no a atuar em dezenas de países de todos os continentes.

Não deve haver recanto de Portugal  onde não se tivesse já apresentado, sendo um dos poucos artistas que atuou em todas as nove ilhas do arquipélago açoriano.

Um dos principais intérpretes da chamada música ligeira portuguesa, Clemente, continua com a sua voz poderosa a cativar simpatia e atenção nos mais díspares palcos do mundo e na sua terra poucos lhe ficarão indiferentes, ou estarei enganado?

Rui Canas Gaspar
2015-junho-28

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A minha primeira subida à Serra da Arrábida

No Verão de mil novecentos e cinquenta e pouco, as muito movimentadas ruas do Bairro de Troino, animavam-se ainda mais com a passagem do grupo musical que as percorria acompanhando os festeiros que tentavam coletar algum dinheiro junto dos moradores para custear as despesas da popular Festa de Nossa Senhora da Arrábida, de tanta devoção entre aqueles habitantes da zona poente da cidade de Setúbal.

O Francisco, forte pescador na casa dos 26 ou 27 anos, também lá ia no grupo, ajudando a carregar um andor.

E quando o dia da festa chegou mais uma vez ele segurou um dos varais colocou-o ao ombro e ajudou a que a imagem ficasse no alto, bem destacada, até que embarcou num grande  iate de Setúbal, daqueles muitos que ainda estavam em uso no Sado e que se encontrava acostado ao batelão então existente no interior da Doca dos Pescadores.

E foi atrás desse belo barco que seguiu todo o cortejo fluvial com as demais embarcações repletas de animadas pessoas oriundas sobretudo do típico Bairro de Troino, aquele que fica para as bandas da Igreja da Anunciada, o principal local de culto dessa gente do mar.

Depois do cortejo passar frente ao então Sanatório Marítimo do Outão e ter saudado ruidosamente os doentes que ali se encontravam internados seguiu até ao Portinho onde o iate de Setúbal parou frente ao então posto do “salva vidas” e, uma lancha, levou pessoas e o andor para terra.

E foi a partir daí que o Francisco, descalço, voltou a colocar o andor ao ombro para ao som da banda e com muitas conterrâneos a acompanhá-lo subir a serra, em cortejo, por aqueles carreiros pedregosos, até chegar ao “conventinho” onde teriam lugar as festividades tanto apreciados pelo povo setubalense.

Entre essa multidão que subia a serra, uma criança que deveria ter uns quatro aninhos, lá ia alegremente pela mão de sua mãe, que seguia o marido para todo o lado e que não poderia deixar de subir a serra para participar na festa.

Esta foi a minha primeira caminhada por um local de grande beleza que me habituei a gostar e esta foi uma história contada vezes sem conta por minha falecida mãe e que meu pai, que fará 90 anos, dentro de poucos dias, me voltou a contar, quando lhe dei a novidade de que o círio marítimo de Arrábida, interrompido há cerca de 40 anos se iria voltar a realizar este ano de 2015.

São Coisas de Setúbal que gosto e não me canso de escutar. São as nossas memórias que se não forem devidamente partilhadas, sobretudo com os mais novos, esfumar-se-ão com o passar do tempo que nos foge por entre os dedos.

Rui Canas Gaspar
2015-junho-27

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sexta-feira, 26 de junho de 2015

Mais um fim-de-semana em Setúbal sem mãos a medir!...

Todos os dias temos os mais diversos eventos na cidade do rio azul, mas é sobretudo ao fim-de-semana que não há mãos a medir com tantos espetáculos, para todos os gostos e para todas as bolsas.

Não é pois de admirar que cada vez sejam mais os turistas estrangeiros, mas sobretudo os nacionais que vêm até Setúbal em busca das suas belezas e é assim que as águas do Sado se animarão não só com a prova mundial de águas abertas, como também com excursões fluviais como aquela de um grupo que vindo do norte do país aqui se desloca para fazer um agradável passeio pelo nosso rio.

No Pavilhão Antoine Velge poderemos assistir, por apenas 4 euros, a um excelente sarau de ginástica promovido pelo V.F.C. Será no sábado e no domingo a partir das 21,15.

Na sede do Coral Luisa Todi, teremos no sábado pelas 16,00 horas um concerto dos Alunos do Conservatório de Artes do Coral Luísa Todi.

Já no Fórum Municipal Luísa Todi, pelas 21,30 a fadista Cristiana Águas irá deliciar o público com os mais diversos temas. Um espetáculo a 9 e a 11 euros por ingresso.

Enquanto isto, no Pátio do Dimas, na Casa da Cultura, pelas 22,00 horas de sábado, poderemos assistir gratuitamente a mais um espetáculo inserido no ciclo das Músicas do Mundo.

Mas se desejar caminhar em grupo, saiba que pelas 20,30 de sábado está programado um passeio de oito quilómetros, lá para os lados da Quinta de São Paulo, organizado pelas Caminhadas de São Sebastião, com inscrições gratuitas.

No Museu do Trabalho pelas 21,30 horas de sábado proceder-se-á ao encerramento da Festa da Ilustração, mais um evento de entrada livre.

No domingo das 10,00 às 18,00 tem ativo o STB Urban Market, um mercado de artigos em segunda mão, artigos vintage e produtos regionais que será realizado junto à Praia da Saúde.

Para além destas tem muitas outras atividades e exposições que poderá visitar um pouco por todo o concelho de Setúbal, para além de poder usufruir das nossas belas praias e dos nossos deliciosos parques urbanos.

Setúbal é um mundo que o deixará fascinado se se dispuser a descobri-lo.

Rui Canas Gaspar

2015-junho-26

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Como recordo tão bem aquelas festas populares de São Pedro no Montijo

As luzes multicolores alegravam ainda mais os vistosos enfeites com que o Montijo se apresentava engalanado. Uma forma de honrar festivamente São Pedro, o seu patrono.

Era difícil naquela noite de 1970 transitar por aquelas ruas repletas de pessoas denotando alegria e boa disposição e o nosso grupo de jovens, rapazes e moças, idos de Setúbal ajudava ao bom ambiente com a alegria própria das nossas verdes duas dezenas de Primaveras.

Estava já com quase um ano de serviço militar obrigatório cumprido e prestava serviço no Batalhão de Reconhecimento de Transmissões, aquartelado na Trafaria, encontrando-me naquele momento a usufruir de um período de folga.

Naquele dia festivo tinha recebido uma nota do aquartelamento para me apresentar no mesmo e, porque a minha especialidade militar fosse a primeira do seu tipo pensei que iria ser transferido para o Quartel-General da Região Militar de Lisboa, dado que os meus camaradas de curso já tinham sido mobilizados uns para Angola e outros para Moçambique.

No Montijo a festa estava animada e nós também, quando no meio da multidão encontro o Gomes, um camarada que por coincidência se encontrava naquela altura de serviço na secretaria do BRT. Logo tratei de lhe perguntar o que é me queriam, ou melhor, para onde me iriam transferir.

O Gomes, um rapaz alto e forte, com ar bonacheirão, tentou dar a volta à conversa, dizendo para me divertir e no dia seguinte logo trataria do assunto referente à notificação. Ora, a resposta dele cheirou-me a esturro e perante a minha insistência acabou por dizer que me encontrava mobilizado para o pior cenário da guerra colonial, a Guiné.

A festa continuou no Montijo o nosso grupo de jovens setubalenses continuou a divertir-se enquanto Oliveira Salazar o ditador que com mão de ferro governara Portugal sofria com as dores motivadas pela queda de uma cadeira.
Apresentei-me na minha Unidade militar e foram-me concedidos mais uns dias de licença.

 No dia 26 de julho, o navio misto “Ana Mafalda”, transportaria não só mercadorias mas também duas centenas de jovens para a guerra na Guiné e, quando o barco estava prestes a partir veio a notícia de que Salazar teria falecido.

A esperança de que o barco não saísse esfumou-se quando o mesmo largou amarras do cais da Rocha do Conde de Óbidos, transportando-me para uma aventura que naquelas quentes e longínquas terras africanas se arrastaria por longos 27 meses.

Nunca mais pude esquecer os festões, balões e as luzes multicoloridas daquelas populares festas de São Pedro, no Montijo e ainda hoje recordo o rosto simpático do meu camarada Gomes, numa imagem que me ficou gravada na memória desde que me deu aquela pouco agradável notícia, já lá vão 45 anos.

Rui Canas Gaspar



2015-junho-25

domingo, 21 de junho de 2015

Vai ser construída em Setúbal uma bonita capela SUD

Perante algumas centenas de membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos últimos Dias, também popularmente conhecidos por mórmons, reunidos no amplo auditório propriedade da Igreja Católica, Paróquia de Nossa Senhora da Anunciada, foi anunciado no domingo, 21 de junho deste ano de 2015 que a sede mundial da Igreja tinha dado luz verde à construção da capela, que irá substituir as instalações da congregação sedeada na zona poente da cidade.

Designada entre os SUD por Ala 1, as instalações da Avenida General Daniel de Sousa, adquiridas há mais de três dezenas de anos, mais não são do que uma adaptação para o culto de uma ampla e antiga moradia familiar, implantada numa área de 900 m2.

Devido ao crescimento da congregação há muito que aquelas instalações não satisfazem as necessidades dos membros da Igreja e nem as constantes adaptações e melhoramentos conseguiram colmatar a lacuna da falta de espaço para as reuniões religiosas e sociais, bem como a notória ausência de lugares de parqueamento automóvel, o que não deixa de ser um outro problema.

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias é proprietária em Setúbal de um amplo terreno designado por Quinta da Azedinha, um espaço localizado junto à Avenida dos Ciprestes, entre a última vivenda e a área ocupada pelo conjunto de oficinas, frente às antigas instalações da Central das Águas, dispondo desde há vários anos de viabilidade de construção para a edificação da nova capela.

Com o anúncio do Parque Verde da Várzea e com a construção das novas Avenidas (uma paralela à dos Ciprestes e outra de atravessamento entre os Ciprestes e o Lidl, no Bairro do Liceu) verifica-se que a nova construção ficará entre três avenidas.

De salientar o facto de que a Igreja custeará as obras na totalidade, sem qualquer apoio estatal  e ainda deverá ceder à Autarquia sadina o terreno para a construção da ponta final destas duas novas avenidas cujos trabalhos, na zona a sul, já se encontram quase terminados.

Os “mórmons”  fazem uma clara distinção entre templos e capelas, nestas últimas procede-se às reuniões dominicais e às mais variadas atividades sociais e de ensino ao longo da semana, sendo os edifícios construídos de forma a poderem eventualmente servir para apoio à população em caso de declarada emergência.

Os templos são estruturas maiores destinadas a outro tipo de ordenanças sagradas não existindo algum em Portugal, por enquanto, embora a Igreja disponha já de uma ampla propriedade junto ao Paço do Lumiar, em Lisboa, para a sua edificação.

Tão logo estejam reunidas as condições técnicas e administrativas por parte da Câmara Municipal de Setúbal, iniciar-se-á a construção de um belo edifício religioso, rodeado de um amplo e bonito jardim e dotado de adequado parqueamento, que para além de servir uma parte da população cristã setubalense que professa a fé mórmon, em muito irá contribuir para o embelezamento de uma das entradas da cidade de Setúbal.

Rui Canas Gaspar
2015-junho-21
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sexta-feira, 19 de junho de 2015

Setúbal é um mundo!

Porque não sabem, ou não querem saber o facto é que ainda com alguma frequência ouvimos comentar que em Setúbal “não há nada” ou “não acontece nada” o que de facto não corresponde à verdade! Eu diria mesmo que aqui todos os dias acontecem as mais díspares coisas para todas as idades, todos os gostos e todos os sabores.

Hoje dei-me ao trabalho de compilar apenas alguns dos muitos eventos agendados para amanhã e que ocorrerão nesta dinâmica cidade, excluindo as muitas provas desportivas levadas a cabo pelos mais diversos clubes, bem como as variadas saídas fluviais que as empresas marítimo/turística  desenvolverão.

Vamos lá então assinalar alguns eventos, a maioria deles de acesso gratuito.

Talvez o mais importante acontecimento que ocorrerá na cidade neste sábado, 20 de junho de 2015, seja a reabertura parcial do renovado Museu da Cidade, depois de mais de duas décadas encerrado.

No Fórum Municipal Luísa Todi, poderemos assistir pelas 21,00 horas a uma atuação da Orquestra Académica Metropolitana. 4 euros balcão e 5 euros plateia.

Pelas 22,00 na Casa da Cultura – Pátio do Dimas, outro espetáculo musical oferecido pelo duo Marian Yanchyk e Gui Rodriguez entre o clássico e as novas tendências. Gratuito.

Na Taifa (Avenida Luísa Todi 558) pelas 22,00 horas atua João Maia Pinto, no âmbito da Festa da Ilustração. Gratuito.

Na bonita Casa da Baía pelas 15,30 pode deliciar-se com a dança de sapateado, lindy hop, swing e west coast swing que nos chega dos Estados Unidos. Gratuito.

Já na Casa da Avenida (Avenida Luísa Todi 286) das 10,00 às 19,00 (com intervalo para almoço) tem a Feira do Livro Ilustrado uma mostra e venda dinamizada pela Livraria Culsete.

A Feira de Terapias Complementares é um vasto conjunto de atividades orientais que pode assistir e participar entre as 10,00 e as 20,00 na Avenida José Mourinho.

Se gosta de caminhar pelo campo, saiba que está agendado um passeio pela Serra de São Luís, com concentração no PUA pelas 9,30. Gratuito.

Ainda relacionado com a natureza pode ir observar a vida dos pirilampos pagando 8 euros e deslocando-se à Quinta do Alcube.

O TAS apresenta-nos o espetáculo teatral “O Auto da Razão” por 5 euros no Teatro de Bolso. Com início 21,30.

Muito mais haveria para dizer, mas vamos ficar por aqui. No entanto saiba que para além de tudo isto, tem diversas palestras e várias exposições a acontecer na cidade, para além de poder ainda optar por uma bela banhoca numa das nossas maravilhosas praias e um bom almoço degustando o nosso saboroso peixe assado.

Agora digam lá se Setúbal não é um mundo?

Rui Canas Gaspar

2015-junho-19
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quinta-feira, 18 de junho de 2015

Aproveitar a oportunidade

Fiquei por demais satisfeito ao saber que as instalações da Pousada da Juventude irão ser alvo de celebração de protocolo no sentido de poderem vir a ser exploradas pela Câmara Municipal de Setúbal.

Trata-se de um edifício construído de raiz, no Largo José Afonso e que se encontra de portas encerradas ao público desde janeiro de 2012, numa clara manifestação de incompetência e esbanjamento dos parcos recursos financeiros do nosso país.

Seria bom que fosse tomado em conta nos trabalhos de recuperação que certamente irão ser levados a efeito, algum espaço destinado a um equipamento que tanta falta faz em Setúbal e que poderia perfeitamente ali ser enquadrado.

Estou a falar de uma zona de balneários públicos onde quem o desejasse pudesse ir tomar um banho a troco de um pagamento que se considerasse justo.

Pode parecer uma ideia absurda, mas todos aqueles que nesta cidade tem por missão apoiar os mais necessitados, sabem que não o é e que são por demais as pessoas que não têm condições para tomar um bom banho.

Mas, independentemente desta franja da população, temos outra realidade.
Dou como exemplo uma situação que se passou hoje comigo quando fui confrontado com a pergunta se haveria por cá algum balneário público.

É que um grupo de amigos geocachers pretendem deslocar-se a Setúbal para nos visitar e querem passar algum tempo na praia e à noite desejam ir assistir a um espetáculo na cidade. Naturalmente não estão muito satisfeitos com a perspetiva de irem com o corpo cheio de salmoura para a festa, daí que um bom banho de água doce seja um legítimo desejo.

É claro que lhes respondi, que ao que julgo saber apenas a CARITAS esporadicamente fornece este tipo de serviço a algumas pessoas sem abrigo.

É natural que os nossos projetistas não estejam familiarizados com este tipo de necessidade numa cidade moderna como Setúbal, mas de facto a realidade, e sei o que digo, é bem diferente, pelo que quando temos oportunidade devemos com um custo mínimo tentar colmatar estas pequenas/grandes lacunas.

Se o Balneário Dr. Paula Borba foi encerrado e não se espera seja reaberto, pois então que a cidade possa dispor de um espaço alternativo e, a pousada da juventude, pode e deve dispor de uma área com esta vocação. Digo eu!...

Rui Canas Gaspar
2015-06-18

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sábado, 13 de junho de 2015

EXPOSIÇÃO EM SETÚBAL
Falta de visão resulta numa oportunidade perdida

Há muitos anos quando ainda eram praticamente desconhecidas as técnicas de impressão dos painéis publicitários de grandes dimensões, decidimos que o habilidoso desenhador da empresa de construção onde  então trabalhava pintasse um painel destinado a ser colocado no estádio de futebol do farense.

O artista fez uma maquete onde pintou uns edifícios, colocou bem destacado o nome da empresa e os seus contactos. O suficiente para que chamasse a atenção e fosse legível a qualquer distância no interior daquele recinto desportivo algarvio.

O dono da empresa ao ver a maquete ficou muito satisfeito, mas porque o trabalho custava muito dinheiro achou que poderia tirar melhor partido dele e contra a opinião do diretor da empresa e do artista achou por bem mandar incluir no painel a informação de que a empresa também vendia  e comprava terrenos, construía moradias e tomava trabalhos de empreitada.

Para incluir toda esta informação no mesmo espaço, as letras tiveram de ser reduzidas e o resultado final é que aquilo que estava inicialmente previsto para ser lido a partir de qualquer lugar passou apenas a sê-lo a uma distância muito mais curta, resultando não só num painel menos agradável à vista como também numa informação menos eficiente.

Os anos passaram e hoje temos uma nova geração de profissionais da informação, da publicidade, do marketing, etc. etc. tudo gente ligada direta ou indiretamente a estas coisas, suportando-se em novas tecnologias e mais avançados conhecimentos.

E é por isso mesmo que eu não consigo compreender como é que se continua a gastar rios de dinheiro em material publicitário ou de propaganda que pouco ou nada comunica, seja pela quantidade de informação desnecessária ali colocada, seja pelas cores utilizadas, ou seja pelo tamanho da letra.

E é em função da minha própria experiencia no assunto, da minha observação no local e claro, da minha opinião pessoal que achei que foi um desperdício de dinheiro aquele que foi gasto na exposição sobre as mais belas baías do mundo.

O barco EVORA acolheu a exposição sem cobrar qualquer verba à organização do evento, gente que preparou o material e teve a oportunidade de o mostrar em Lisboa a centenas de nacionais e muito mais estrangeiros que estiveram a bordo aquando da Volvo Ocean Race 2015, incluindo a tripulação da SCA e a própria princesa Victória, herdeira do trono sueco.

O que acontece é que os texto que acompanham as fotos estão apenas escritos em português, faltando naturalmente, pelo menos o indispensável inglês, e os painéis, atendendo ao seu espaço, ao invés de terem UMA foto, bem sugestiva têm várias, tornando-os muito pouco atrativos, pelo que a exposição pouco ou nenhum interesse desperta nos visitantes.

Em Setúbal, onde a mesma se encontra patente, o mesmo tem acontecido. Os painéis sobre os mais lindos locais do mundo continuam a não despertar interesse nos visitantes e não acredito que seja por falta de boas imagens desses lugares…

Na visita que se possa fazer a bordo salva-se a exposição permanente do próprio barco EVORA, com painéis informativos, em português e em inglês que contam a história deste vetusto barco agora redecorado e preparado para novos eventos onde a cultura não deixa de estar presente.  

Rui Canas Gaspar
2015-junho-13

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sábado, 6 de junho de 2015

Vem aí o amola-tesouras

O inconfundível sinal sonoro de grave a agudo e vice-versa, produzido pela característica flauta de pan do “amola-tesouras” faz-me entrar na imaginária máquina do tempo e transporta-me algumas dezenas de anos para trás.

Lembro-me de quando era menino ele aparecer lá pelas ruas do meu velho bairro de Troino, precedido pelo seu sinal sonoro e, para os rapazes não era lá muito bom augúrio. Costumávamos nós dizer: “lá vem chuva!...”

Provavelmente este habilidoso profissional, só teria mais trabalho no Outono, é que para além de afiar facas e tesouras também consertava os chapéu-de-chuva, num tempo em que tudo se poupava e não se falava sequer em coisas descartáveis.

Ontem esteve um dia de muito calor e hoje não se ficou por menos, no entanto ele, o amola-tesouras, não aquele que o meu amigo João tão bem retratou em verso e que ambos tivemos oportunidade de ver ao vivo e a cores, mas aquele outro que leva a pedra de esmeril para afiar na parte traseira de uma bicicleta, voltou a passar sob a minha janela.

O som que a flauta daquele artesão emite desde tempos imemoriais faz-me despertar sentimentos e memórias que estavam lá bem no fundo de uma das muitas caixinhas que tal como muitos outros tão bem guardamos e que o poeta setubalense João Faleiro Paixão tão bem retratou nestes belos versos:
Guarda-pó, de cotim coçado
Velha boina que inclinava
E a gaita que bem tocava
Mal o Outono era entrado
Corria a cidade inteirinha
Tesouras, facas para amolar
Pôr um “pingo” num alguidar
Uma vareta numa sombrinha
Quem não sorri, ao lembrar
A sua máquina engenhosa
Sua perna a “dar a dar”
E a arte bem trabalhosa
De conseguir pôr a cortar
A tesoura mais defeituosa
Rui Canas Gaspar
2015-junho-06

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sexta-feira, 5 de junho de 2015

Terceiro aniversário do Navegador

Faz três anos este mês de junho de 2015 que foi inaugurada a estátua de homenagem ao Navegador, uma bela obra de arte que veio valorizar ainda mais o Parque Urbano de Albarquel um dos mais bem conseguidos projetos levadas a cabo em Setúbal nos últimos anos.

A primeira vez que tomei contacto com esta obra de arte, não a consegui apreciar, nem sequer saber do que se tratava, porquanto deparei-me com um estranho trabalho levado a cabo por trabalhadores da Autarquia, que faziam argamassa em cima de uma camioneta e depois a despejavam para dentro de um cone de sinalização rodoviária, utilizando-o como funil.

Onde ia parar aquela argamassa foi o que só vim a saber uns dias depois, descobrindo que se destinava a encher uma estátua oca, construída em bronze.
Na cabeça do Navegador havia um buraco e foi por ali que entrou a mistura que fez com que deixasse de ser um ser oco e se tornasse maciço.

Provavelmente poucos setubalenses tiveram esta oportunidade de assistir e registar o momento em que o Navegador se encontrava coberto com uma capa plástica não porque tivesse medo da chuva mas porque nesse dia deixou de ter o corpo e sobretudo a sua cabeça oca.

Resta dizer que este monumento de homenagem ao Navegador foi uma obra do escultor José João Besugo e foi oferta do setubalense Comendador Luís Filipe Gomes, um homem bem conhecido na nossa terra que se encontra ligado às coisas do mar.

Rui Canas Gaspar
2015-junho-06

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Foi proibida a emigração dos salineiros

“A primeira referência escrita, embora de forma indireta ao sal produzido nas margens do Sado, vem mencionada num documento de 1255: A Doação Perpétua de D. Afonso III, que refere os direitos sobre as pescarias de Almada, Sesimbra, Setúbal e Alcácer do Sal que seriam salgadas…

No início do século XV, vamos encontrar referenciadas as salinas existentes na zona da Motrena, nos arredores de Setúbal e no reinado de D. Afonso V, são referidas marinhas no Sapal de Troino.

Em 24 de outubro de 1511 foi promulgado um importante despacho real visando não só proteger como também desenvolver a produção do sal do Rio Sado. Esse documento proibia os barcos que viessem carregar sardinha e outros pescados a Setúbal de trazerem sal, tendo de adquirir localmente o produto produzido pelas marinhas de Setúbal e Alcácer do Sal.

Não era de forma simplista que aqui se extraia o precioso “ouro branco”, a sua produção obedecia a uma técnica exclusivamente portuguesa. Por exemplo, a preparação das marinhas passava pela manutenção de um tapete vegetal, feito através da plantação de uma alga marinha (microcoleus corium) a qual tem a particularidade de purificar o sal, evitando a incorporação das impurezas em suspensão.

Havia então a necessidade de proteger convenientemente esta riqueza. Com o objetivo de não revelar os segredos da sua profissão em países estrangeiros foi emitida em 1695 uma ordem real proibindo a emigração dos salineiros portugueses para outros reinos, sendo que quem o fizesse incorria na pena de morte e na expropriação dos seus bens.

A justificação para tal medida real era de que alguns salineiros “movidos do leve interesse de alguma maioria de salário, que lhes dão em reinos estranhos” vão ensinar a sua profissão. Acrescentando o documento régio: “tendo todos em que se ocupar e ganhar” os seus salários “em marinhas deste reino não devem ensinar a sua técnica”. Ou seja, o rei tentava deste modo proteger o “saber fazer”, ou melhor, não estava na disposição de abrir mão do know how nacional.”

Excerto do livro: Setúbal Gente do Rio Homens do Mar

Para homenagear os Homens do Sal a Santa Casa da Misericórdia assinalou a data, já lá vão 15 anos, com a colocação de uma placa evocativa que podemos admirar na Doca das Fontainhas.

A esta cerimónia presidiu Sua Alteza Real o pretendente ao trono de Portugal.

Como estamos em época do programa de voluntariado “Setúbal mais Bonita” não seria de bom tom que a Santa Casa da Misericórdia mandasse dar um jeitinho a este marco histórico?

Rui Canas Gaspar
2015-junho-05

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quinta-feira, 4 de junho de 2015

Obrigado Marion e Hans-Peter Buhler

Acabo de receber um belo exemplar do “ARQUEOLOGIA” um livro editado pela Fundação Buehler-Brockhaus, Setúbal, com uma simpática dedicatória do casal Marion e Hans-Peter Buhler, a quem naturalmente agradeço a deferência.
Este catálogo, profusamente ilustrado, mostra-nos as fotos da valiosíssima coleção composta por um vasto conjunto de peças de arqueologia pré-clássica, clássica e paleocristã doada por aquela Fundação à cidade de Setúbal e que passará a estar patente no Museu da Cidade.
As instalações do museu, instalado no Convento de Jesus que tem estado a sofrer importantes obras de melhoramentos irão abrir ao público neste mês de junho de 2015.
As peças doadas são de importância excecional e certamente serão um atrativo de peso para quem visitar o museu setubalense. Algumas são peças extremamente raras nas coleções públicas e privadas em Portugal, como é o caso de uma fechadura romana, em bronze, ornamentada com imagens do deus Mitra.
Pela leitura introdutória do catálogo podemos também ficar a conhecer um pouco mais sobre o percurso de vida deste casal alemão, pessoas ligadas à arte, que se apaixonaram por Setúbal e a quem tem feito importantes doações no campo da arte e da cultura.
De facto, não me canso de repetir que setubalense não é quem aqui nasceu, mas quem com as suas ações manifesta amor por esta terra, e Marion e seu esposo, embora não tendo nascido na terra de Bocage, são mais setubalenses do que alguns que aqui viram pela primeira vez a luz do dia.
Em meu nome e certamente dos setubalenses, embora não tenha qualquer mandato para falar em seu nome ou representar os meus conterrâneos, penso que a grande maioria comungarão da minha opinião, para expressar aqui o agradecimento por tudo o que têm feito pela nossa terra, transmitindo-vos um sentido “obrigado”!
Rui Canas Gaspar
2015-junho-04
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quarta-feira, 3 de junho de 2015

Cuidado com a temperatura em Setúbal

Estamos no início do mês de junho e a meteorologia anuncia que hoje em Setúbal os termómetros chegarão aos 34º, um dia bem quente para esta época do ano.

Às sete da manhã o ar estava agradável, convidativo para uma caminhada matinal e pelo fresco Parque Urbano de Albarquel ainda poucos andarilhos se viam. Os dois agentes da P.S.P. ainda não tinham saído de serviço e os patrulheiros não os tinham substituído na vigilância daquele espaço de eleição à beira do rio azul.

No Sado, dezenas de botes continuam a pescar. Eles são responsáveis por boa parte do peixe fresco, dos chocos e polvos que se consomem aqui nesta terra de gente direta ou indiretamente ligada ao rio e ao mar.

Com o avançar dos ponteiros do relógio começo a ver novos caminhantes, são mais mulheres que homens. Cada um tem a sua própria motivação, por isso uns caminham porque querem perder uns quilinhos, outros porque desejam manter a linha e outros ainda porque sabem que caminhar é bom para manter uma boa saúde física e mental.

Ainda não se vê ninguém no areal da Praia da Saúde, porém escuta-se já o ruido de pás a arrastar na zona de passeio empedrado junto à praia.

Pelas notícias que vieram a público recentemente julgo saber de onde vêm estes esforçados trabalhadores.

Aproximo-me e verifico que são cinco homens novos sem qualquer equipamento que os identifique como trabalhadores autárquicos. Eles  atarefam-se a retirar as areias acumuladas nos passadiços devolvendo-as à praia, de forma a deixar aquele espaço limpo e mais atraente.

Um pouco mais afastado, verifico que se encontra um agente da autoridade, armado de pistola à cintura, falando com alguém pelo seu telefone móvel ao mesmo tempo que vem andando com a maior tranquilidade.

Daqui a alguns minutos a Praia da Saúde, a importante conquista para usufruto dos setubalenses, estará repleta, sobretudo daqueles setubalenses mais idosos e dos seus netos, nessa altura certamente os trabalhadores já terão ido embora.

Os utilizadores daquele espaço, que embora ainda não se encontre completamente desobstruído dos restos do antigo estaleiro naval, vão encontrá-lo limpo e agradável, graças a esta equipa de pessoas que pelas mais diversas circunstancias um dia se viram privadas da liberdade e a quem agora é dada esta possibilidade de minimizar as consequências dos seus inadvertidos atos.

Ninguém está livre de fazer asneiras e como tal também ninguém está livre de poder vir a pagar por elas. Saibamos apontar menos o dedo aos outros e olhar para nós mesmos, porque um dia, quem sabe, não seremos nós também que gostaríamos de ter a oportunidade de poder vir a limpar a Praia da Saúde.

Rui Canas Gaspar
2015-junho-03

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terça-feira, 2 de junho de 2015

Não se pode amar o que desconhece

“A Fonte de Palhais, também conhecida por Chafariz do Quebedo, ou Chafariz de S. Bernardo, por se situar perto do antigo convento de freiras Bernardas, é uma obra pombalina construída em pedra mármore de cor branca.

A fonte localiza-se na Avenida 5 de Outubro, antiga Rua Nova da Conceição, perto da passagem de nível do apeadeiro do Quebedo, no extremo nascente da antiga Freguesia de Santa Maria da Graça, atual União de Freguesias de Setúbal.

A construção deveu-se a uma ordem do Marquês de Pombal que deu indicação à Câmara, em 1772, para pagar a despesa não só do chafariz como da respetiva canalização. A ordem naturalmente cumpriu-se e a obra foi levada a cabo sob a direção do coronel de engenharia José Bruno de Cabedo, desconhecendo-se no entanto o nome do artista que esculpiu o fontanário.

Tal como o Chafariz do Sapal, a água para abastecimento desta fonte era igualmente proveniente da nascente de Alferrara, transportada para Setúbal pelo Aqueduto dos Arcos. A partir do novo fontanário também se construiu uma derivação para levar parte do precioso líquido ao convento das freiras Bernardas.”

Excerto do livro: SETÚBAL – Gente do Rio Homens do Mar

Da desativada fonte, já não corre a água que se dizia que quem dela bebesse não mais deixaria Setúbal. E porque a fonte secou muitos setubalenses partiram para terras longínquas…

Mesmo assim vale a pena ir até àquela zona da cidade para observar esta antiga obra de arte, agora que o espaço envolvente se encontra arranjado e decorado com duas enormes fotos da autoria do mestre Américo Ribeiro.

Numa das imagem podemos observar duas moças enchendo de águas as suas bilhas de barro, enquanto a outra imagem mostra-nos um grupo de acordeonistas setubalenses que se deixaram fotografar junto àquele emblemático espaço.

São coisas de Setúbal que vale a pena passar de forma a que possamos aprender mais sobre a nossa terra, dado que ninguém pode amar aquilo que desconhece.

Rui Canas Gaspar
2015-junho-02

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