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terça-feira, 17 de março de 2015

Fará isto algum sentido?

Manhã bem cedo e já duas jovens senhoras envergando fato de treino esticam as pernas correndo ali pela zona do belíssimo Miradouro de S. Sebastião, uma obra fruto da antiga “Comissão de Iniciativa de Setúbal”.

Alguns outros moradores do velhinho Bairro de São Domingos vêm até ali, logo pela manhã, para espreitar a sempre agradável panorâmica do rio azul, Troia, Arrábida e do natural movimento do porto de Setúbal.

E porque é início de semana, aquele espaço encontrava-se com um pouco mais de lixo que o vento tinha para ali empurrado e outro que alguns cidadãos mais descuidados para isso tinham contribuído.

De uma porta de rés-do-chão sai um homem com saco de plástico na mão, dirige-se para o largo empedrado há pouco tempo e começa numa autêntica caça aos dejetos de cão, enquanto bem alto ia avisando quem ali vai com o animal fazer semelhante serviço: “Se eu apanho quem faz isto esfrego-lhe na cara”.

“- Olha Rui, se não fossemos nós isto era uma vergonha, com tantos turistas que aqui vêm todos os dias, não há cuidado! Repara que o Miradouro está às escuras e sem luz decorativa desde que foi partido um daqueles focos que colocaram ali no chão. A limpeza só acontece aqui mesmo no miradouro e um pouco à volta, porque as mulheres que vêm varrer dizem que não o fazem junto aos dois cafés porque isso é com os donos.” Desabafa uma antiga moradora do bairro minha velha conhecida desde os tempos em que por ali andei diariamente nos escuteiros.

- Mas isso não faz sentido!- respondo-lhe – Aquilo ali é via pública e os proprietários pagam os seus impostos e taxas camarárias. E que culpa têm eles que as pessoas, suas clientes ou não, possam conspurcar a rua?...

Enquanto conversávamos, chegou a carrinha transportando duas cantoneiras de limpeza, com as respetivas ferramenta de trabalho. As mulheres começaram a varrer o espaço do miradouro e entretanto eu ausentei-me por uns breves minutos porque entretanto também chegara o técnico da EDP por quem esperava.

Qual não foi o meu espanto, quando passado pouco tempo ao regressar ao local, já as senhoras da limpeza tinham ido embora, o espaço do miradouro estava limpo, mas o lixo que se encontrava ao lado, na Rua do Forte, frente aos cafés lá estava à espera que os proprietários dos estabelecimentos o apanhassem.

Fiquei estupefacto, afinal aquela minha velha amiga tinha mesmo razão!

Fará isto algum sentido?...

Rui Canas Gaspar
2015-março-17

www.troineiro.blogspot.com

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