notícias, pensamentos, fotografias e comentários de um troineiro

segunda-feira, 30 de março de 2015

“Mar Salgado” a telenovela que melhor propagandeia Setúbal

A telenovela portuguesa resultante da parceria entre a SIC/TV Globo na sua quase totalidade filmada em Setúbal era para se chamar inicialmente “Lágrimas de Sal” mas acabou por ser batizada “Mar Salgado” por inspiração do poema de Fernando Pessoa “Mar Português”.

Desde 15 de setembro de 2014 que o intrincado enredo envolvendo tão diferentes personagens e as maravilhosas vistas panorâmicas do Sado, de Troia, Arrábida e da nossa cidade de Setúbal, entram em casa dos portugueses, prendendo audiências de mais de um milhão de pessoas.

Nunca a cidade do rio azul teve tanta promoção e visibilidade a nível nacional e, quer queiramos ou não, a telenovela influencia muita gente que certamente sentirá o desejo de vir visitar uma região tão bela como a nossa.

Mas, se os artistas que interpretam as mais diferentes personagens me encantam, não deixo de ficar por demais curioso com uma personagem que desconheço e que não vejo no pequeno ecrã.

Seguramente ela é a mais importante! Trata-se de Inês Gomes a guionista deste importante projeto televisivo, a pessoa que mostra conhecer bem Setúbal, que soube fazer o seu trabalho de casa e que me merece os melhores aplausos.

Também me merecem elogio todos aqueles que souberam negociar as parcerias de modo a que fossem geradas as necessárias sinergias com as quais todas as partes beneficiam. Estou a pensar na Câmara Municipal de Setúbal, nos realizadores da novela e porque não, nos nossos pescadores, nos comerciantes da zona da Fonte Nova e do Mercado do Livramento, bem como dos demais habitantes de Setúbal.

Esta é uma oportunidade que ninguém deve desperdiçar, é uma oportunidade para tornar ainda mais atrativa a nossa região de modo a que quem nos visita se sinta agradado e com isso ajude a dinamizar a economia local.

Com economia dinamizada melhora-se o nível de vida das pessoas e o seu bem-estar, logo teremos gente naturalmente mais feliz.

Se não conseguirmos o ótimo tentemos fazer o nosso melhor para que consigamos pelo menos o bom. Saibamos tirar partido desta oportunidade magnífica e única para bem de todos os que vivem nesta que se não for a que classificaremos como a primeira mais bela região do país, estará seguramente antes da segunda.

Rui Canas Gaspar
2015-março-30

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domingo, 29 de março de 2015

Mais um amplo espaço setubalense em plena recuperação urbanística

A Fábrica Vasco da Gama, em Setúbal era uma das mais modernas unidades fabris e também foi uma das últimas, senão a última a deixar de laborar, por volta de 1995.

Para quem sai da cidade de Setúbal, pela Estrada da Graça, a caminho da Cachofarra, logo a seguir ao bairro das Fontainhas e antes de chegar àquela antiga unidade fabril, deparava-se até ao passado ano de 2004 com um conjunto de edificações onde teriam funcionado as mais diversas fábricas de conserva de peixe.

Com o abandono e deterioração dos edifícios, alguns foram sendo ocupados, nem sempre por pessoas recomendáveis e igualmente nem sempre o local foi utilizado para atividades dignas ou mesmo lícitas.

Por isso mesmo a Câmara Municipal de Setúbal tomou a decisão, depois de acautelar os aspetos legais, de mandar demolir e limpar alguns daqueles enormes espaços.

Para o efeito tratou de fazer uma parceria com o Exercito e, pessoal e potentes máquinas do Regimento de Engenharia trataram de deitar abaixo, retirar entulhos e nivelar o amplo espaço à beira da estrada, até então ocupado pelas degradadas construções.

Agora, neste mês de março, vamos encontrar aquela área a ser de novo alvo de intervenção camarária. Desta feita já numa segunda fase, consolidando os taludes com blocos decorativos, colocando árvores e preparando o terreno para ser ajardinado.

Alguns apontamentos fabris ficarão visíveis, nomeadamente o que resta de fornos e das enormes chaminés, o que não deixa de ser uma mais-valia, não só como atração turística, mas também pedagógica, sobretudo para aqueles que não tiveram oportunidade de viver na época em que as sirenes chamavam as mulheres para o trabalho, porque a sua fábrica tinha “metido peixe”.

Para que este amplo espaço se torne ainda mais agradável estão ali a colocar bancos e papeleiras metálicas, o que, perdoem-se-me a expressão acho absurdo, ou se quiserem um equipamento desfasado no tempo.

É que não me parece que o local seja um espaço de passagem pedonal tão significativo como tudo isso a ponto de serem colocados os ditos bancos e muito menos as papeleiras metálicas. Mais ainda, qual a pressa de colocar esse tipo de equipamento, tão dispendioso, quando a obra ainda se encontra numa fase de retirada de entulhos.

Sem querer ser mauzinho, ou futurista, não acredito que as papeleiras metálicas ali colocadas cheguem ao dia da inauguração, quanto aos bancos, vão até lá e constatem tal como eu hoje o fiz e verificarão que já começaram a ser impunemente grafitados.

Aprovo e aplaudo a obra que vem valorizar mais um espaço degradado da nossa cidade. Mas, mais uma vez parece que quem projeta estas coisas deve viver nalguma redoma de vidro desconhecendo o mundo que o rodeia.

Rui Canas Gaspar
2015-março-29

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Está a avançar com rapidez a nova avenida na Várzea de Setúbal

Está já concluído o aterro de sensivelmente mais de metade da nova Avenida que corre na várzea em paralelo com a Avenida dos Ciprestes, no espaço compreendido entre a Avenida da Europa e aquela que foi a Quinta da Inveja.

Depois do enchimento com as areias vindas dos terrenos junto ao Alegro, foi a vez de espalhar a necessária brita e já começaram a ser colocadas as peças de lancil de norte para sul.

Segundo a maquete do projeto que foi apresentada publicamente a avenida em construção terminará na que foi a Quinta da Azedinha, frente às antigas instalações das Águas do Sado, onde deverá aparecer uma rotunda e nova avenida transversal que ligará a dos Ciprestes àquela que está iniciada e que vindo das bandas do Lidl, passa junto ao campo de jogos dos Pelezinhos.

Estas obras em curso fazem parte do Parque Urbano da Várzea, o novo pulmão verde de Setúbal que deverá abarcar uma área de cerca de 40 hectares, podendo eventualmente estender-se até aos 70, se continuar para norte até à propriedade do Ministério da Agricultura.

Para além de amplas zonas relvadas com alamedas o PUV ficará dotado de parque infantil, máquinas desportivas, mobiliário urbano variado, dois grandes lagos com funções recreativas e a imprescindível ciclovia que será construída no perímetro de todo aquele vasto espaço.

O projeto tem ainda como finalidade a prevenção de ocorrências de inundações na cidade, graças à construção de bacias de retenção de águas.

A Câmara Municipal de Setúbal anunciou oportunamente que serão preservadas a herança agrícola e as memórias da ocupação anterior mantendo-se as antigas estruturas, pelo que é naturalmente espectável que o emblemático miradouro e o artístico pombal sejam peças a preservar, a despeito de algumas vozes oriundas dos Paços do Concelho que já “atiraram barro à parede” no sentido de sensibilizar a opinião pública para a elevada despesa que a sua recuperação acarreta.

Desde menino que me habituei a ouvir dizer por cá: “Quem não tem dinheiro não tem vícios” e se foi anunciado que a herança agrícola e as memórias eram para ficar, pois então não serão estas que são seguramente as mais emblemáticas que irão ser demolidas, isso para os setubalenses seria um crime imperdoável contra a sua memória coletiva.

Quanto ao dinheiro, pois que a autarquia continue a gerir os fundos próprios com sabedoria, a fazer as parcerias como o tem feito e a convidar os mecenas para a contribuição dos necessários apoios.

É claro que esta minha preocupação certamente que foi acautelada oportunamente pelos gestores deste importante projeto. Que assim seja, é o meu desejo e certamente o de muitos filhos desta terra do rio azul.

Rui Canas Gaspar
2015-março-29

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sábado, 28 de março de 2015

Os comerciantes da baixa de Setúbal estão de parabéns

Quem haveria de me dizer que teria de estar numa fila para pagar uma compra numa das nossas lojas da baixa de Setúbal? Ou mesmo numa outra loja com a informação de que estava a comprar a última peça daquele padrão?

De facto a iniciativa dos comerciantes da baixa de realizarem o outlet neste sábado 28 de março de 2015 foi uma ideia bem conseguida, tanto mais que juntaram à parte comercial outros dois fatores, quanto a mim importantes: O embelezamento dos espaços interiores e exteriores dos estabelecimentos e a animação das ruas com grupos musicais e adequada música ambiente.

E, ao calcorrear aquelas ruas que tão bem conheço, veio-me à mente as vésperas de natal nos anos 60 do século passado, quando para por ali se passar tínhamos de pedir licença uns aos outros, tal a quantidade de pessoas que andavam às compras.

Mas, se havia muita gente a circular, o facto é que não vi assim tantas com sacos de compras, no entanto estou em crer, pela troca de impressões com alguns comerciantes e amigos que por ali encontrei, que esta foi uma iniciativa de sucesso e permitiu a muitos dos comerciantes tirarem a barriguinha de misérias, atendendo ao invulgar volume de negócio que hoje conseguiram realizar.

Notei com agrado a indispensável presença de alguns agentes da Polícia de Segurança Pública, espero que não tenha sido necessária a sua intervenção, porém mais vale prevenir que remediar e já tenho verificado noutros eventos semelhantes a ausência destes agentes da ordem e a sua necessidade.

Vi alegria e boa disposição entre os meus conterrâneos, vi turistas estrangeiros nas compras e a dançar a “salsa” na Praça do Bocage dinamizados por uma excelente professora, conjuntamente com o nosso povo.

Lamentavelmente também vi e ouvi  um ou outro conterrâneo a tentar politizar esta ação, tentando denegrir a mais-valia desta ação comercial.

Os comerciantes da baixa setubalense estão de parabéns por mais esta iniciativa, que espero venham a repetir, bem como a inovar de forma a atrair mais pessoas àquela que já foi o centro comercial da nossa terra e que tem potencialidades para ser revitalizada, haja vontade política e comercial para isso.


Rui Canas Gaspar
28-março-2015

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quinta-feira, 26 de março de 2015

O “castelo” de São Filipe continua encerrado ao público

Àquela hora não vi por ali javalis nem raposas, mas, do lado de fora alguns gatos encontravam-se de volta de embalagens contendo restos de comida ainda fresca junto aos dois contentores de lixo.

O portão fechado a cadeado com este virado para a parte de dentro e uma espreitadela para o interior, avistando-se uma viatura indiciavam que havia gente no interior do Forte de São Filipe.

A pousada existente no seu interior tinha encerrado no dia 1 de novembro de 2014 com o pretexto de irem ser levadas a cabo obras de consolidação das estruturas degradadas do forte, as quais podiam pôr em risco alguns espaço da velha fortaleza, local de particular atração turística.

Vários setubalenses manifestaram, por altura do encerramento da unidade hoteleira, o seu ceticismo com a cessão da sua atividade e logo foi comentado que aquele importante estabelecimento, explorado pelo Grupo Pestana, fechava portas para não mais voltar a abrir.

Mas, de facto, não é assim!

Os trabalhos começaram e as diversas entidades envolvidas no processo conjugaram esforços tendo a Câmara Municipal de Setúbal a coordenar a ação.

Equipas de trabalho especializadas procederam à reparação de fissuras no exterior do imóvel, enquanto nos seus subterrâneos, não visitáveis, foram desenvolvidos trabalhos de consolidação das estruturas.

O Grupo Pestana, entidade que gere as Pousadas de Portugal e que no nosso país é líder na hotelaria, tratou de avançar com os trabalhos de melhoramento e remodelação da elegante pousada por si explorada e em pouco tempo as obras desenvolvidas naquele emblemático espaço encontram-se prestes a ser concluídas.

O “castelo” continua encerrado ao público, mas as entidades envolvidas estão a envidar todos os esforços no sentido do mesmo poder ser reaberto, com as necessárias condições de segurança e com o aspeto digno próprio da sua vetustez.

Sendo assim e, atendendo ao bom desenvolvimento dos trabalhos teremos o nosso “castelo” de S. Filipe com a sua maravilhosa pousada apta a receber os seus hóspedes já no próximo mês de Maio deste ano de 2015, se não houver qualquer contratempo de maior.

Setúbal e aqueles que se empenharam nesta importante tarefa estão de parabéns pela eficiência que demonstraram na recuperação atempada de uma joia rara do nosso património edificado.


Rui Canas Gaspar
2015-março-26

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Trinta anos passam sobre a inauguração deste monumento

No primeiro dia de outubro de 1985 inaugurava-se em Setúbal a maior escultura que a cidade alguma vez tinha visto.

Trinta toneladas de ferro e chapa de aço davam corpo ao monumento que homenageava o 25 de abril e as nacionalizações, uma obra concebida pelos escultores Virgílio Domingues e António Trindade conjuntamente com o arquiteto Rodrigo Ollero.

Inicialmente pensada para ser colocada numa rotunda que então existia na zona nascente da Avenida Luísa Todi, acabaria por ser exposta na Praça de Portugal, noutra rotunda, num local mais alto da cidade, porquanto se verificara que a estrutura arenosa do solo da antiga Rua da Praia não era a mais adequada para aquele volumoso e pesado monumento.

O trabalho foi executado nos estaleiros navais da Setenave e foram os seus trabalhadores que voluntariamente ofereceram a mão-de-obra necessária à sua execução, ocupando um total de três mil horas.

Não foi fácil transportar as enormes peças metálicas daquele estaleiro até à Praça de Portugal. A meia dúzia de milhas que separam os estaleiros do cais de atracação do Porto de Setúbal foram vencidas graças a um batelão que transportou a pesada estrutura.

Depois, foram as complicações inerentes ao transporte por terra em camiões, sabido que é que algumas das lâminas chegam a atingir os 13 metros e o cubo tem seis metros de largura.

Coube à Autarquia, liderada na altura por Francisco Lobo, proceder à instalação de uma sólida base de betão onde o monumento seria apoiado, um trabalho orçado em cerca de dois mil contos (10.000 euros).

O monumento artístico abstrato é constituído por um cubo pintado de cor azul que significa a solidez e estabilidade das estruturas do Estado, e por um conjunto de lâminas vermelhas que evocam a força e criatividade laboral.

Inicialmente aplaudido por uns e criticado por outros, como é normal em democracia, fosse por razões políticas ou estéticas, o facto é que ao fim de trinta anos, provavelmente seriam poucos os setubalenses que hoje aplaudiriam se aquela peça escultórica fosse dali retirada.

A cidade tem vindo a construir várias rotundas e a dota-las com os mais diversos motivos decorativos, mas, em minha opinião, o que até agora continua no top é sem dúvida este “Monumento ao 25 de Abril e às Nacionalizações”, devido ao seu elevado sentido estético, goste-se ou não do seu significado político.

Rui Canas Gaspar
2015-março-26

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quarta-feira, 25 de março de 2015

A solidariedade entre as gentes do mar setubalenses

A Capela do Senhor Jesus do Bonfim encontrava-se silenciosa. O seu interior, sem ninguém, estava iluminado pela bruxuleante luz de algumas poucas velas de cera que iam queimando lentamente quando a família ali entrou.

A jovem senhora retirou o braço que a ligava ao esposo e, da sua mala de mão, tirou a carteira de onde puxou uma nota de vinte escudos. Dobrou-a cuidadosamente em quatro partes e entregou-a à criança que com a sua alva mãozinha a segurou firmemente.

Seguidamente rodearam o altar-mor subiram alguns degraus e o menino depositou a generosa oferenda naquela caixa metálica, com uma ranhura, que se encontrava na parte traseira da base da imagem que os homens do mar setubalenses eram fieis devotos.

Não se tratava de cumprir uma normal promessa como habitualmente as pessoas do Bairro de Troino costumavam fazer quando lhes era concedida uma qualquer graça ou aquilo que consideravam um milagre.

Neste caso, a família estava ali para agradecer por no mês anterior a “Truta” o barco onde o jovem pescador estava embarcado, ter feito uma excecional pescaria e, como tal, ele ter recebido de “quinzena” e de “peixe de fora” muito mais dinheiro do que era habitual.

O casal tinha poupado um conto de reis ou seja, mil escudos, e acordado que com todo aquele dinheiro deveria comprar um cordão de ouro. Uma segurança para quando chegasse o Inverno e os meses de defeso da pesca da sardinha tivessem um objeto de valor para poder empenhar em caso de necessidade.

O ouro era o refúgio das gentes do mar, a segurança possível de terem de comer naquele período de invernia quando os barcos não podiam fazer-se ao mar.

Os jovens tinham acordado comprar o cordão e, como agradecimento ao Senhor do Bonfim pela boa pescaria, o dinheiro que sobrasse dos mil escudos poupados seria entregue como dádiva e depositado na caixa das esmolas da sua capela.

A gratidão não era palavra vã para esta humilde família de pescadores, como também não o era a solidariedade. Nunca tiveram necessidade de empenhar o precioso cordão de ouro para terem o necessário para as suas necessidades. O mesmo não aconteceu com uma família amiga e vizinha do Bairro de Troino onde nasceram e residiam.

Nessa altura crítica o cordão foi emprestado, sem qualquer contrapartida e, a família necessitada empenhou-o recebendo o dinheiro necessário para se governar no decurso naquele período difícil.

Mais tarde ganhou o suficiente, foi desempenhar o precioso cordão e devolveu-o ao jovem casal.

Era assim a vida naqueles tempos difíceis, passados que foram meia dúzia de décadas. Um período onde a gratidão a generosidade e a solidariedade entre amigos e vizinhos não era palavra vã, naquele Bairro de Troino onde nasci e aprendi a dar valor ao que tem realmente valor.

Rui Canas Gaspar
2015-março-25

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terça-feira, 24 de março de 2015

Uma história de amor setubalense

Noelle Pérez, nascida em 1926 era uma bonita etnóloga, terapêutica e investigadora do Institut Supérier d’Apolamb, em Paris, autora de dezenas de livros. Veio pela primeira vez a Portugal, no início dos anos 80 do século XX, depois de correr muitos países do mundo, à procura de respostas para as suas incomodativas dores de costas, desiludida que estava com a medicina tradicional.

Setúbal, o último porto da Europa onde ainda existiam descarregadores de peixe, chamou a particular atenção da investigadora francesa que diria:
"Comecei a estudar a postura das pessoas que carregam à cabeça e descobri que, apesar de terem trabalhos duros, nunca têm dores de costas. São pessoas elegantes, como imperadores ou princesas, com um porte de costas muito bonito".

E foi em Setúbal que Noelle encontrou José Miguel da Fonseca, nascido em  1931, um descarregador de peixe, cuja profissão já vinha de família. Um homem que não sabia ler nem escrever, que passava as suas horas de lazer nas tabernas, senhor de elegante porte e sem quaisquer problemas de coluna.

Conhecido popularmente por Zé Miguel tratava-se de um cativante contador de histórias, homem honesto, humilde, ingénuo, corajoso e sensível, que pintava desde os 10 anos de idade, enquanto tomava conta dos irmãos, órfãos de pai.

Embora Noelle não dominasse o português e José Miguel não falasse francês, o facto é que a comunicação entre os dois começou a fluir. Ela era mais velha seis anos que ele e mais culta, mas isso não impediu que se apaixonassem.

Já não eram novos quando se decidiram casar. Ele teria então 46 anos  e num local pouco comum, na Praça de Touros de Alcochete,  oficializaram a sua relação para espanto de muita gente da sua terra de homens do mar.

O casal começou a dividir a sua vida entre o apartamento que Noell possuía em Paris e a modesta casa que José Miguel tinha em Setúbal e juntos fizeram varias viagens um pouco por todo o mundo.

Em 1999 José Miguel, graças ao incentivo de Noell, que reconhecia o talento do marido, começou a pintar ao mesmo tempo que dava aulas de postura na capital francesa.

O artista naif setubalense, cujos trabalhos eram muito apreciados, enfileirando com os melhores no seu género, expôs as suas obras com sucesso na capital francesa, em Itália, Suíça, Holanda, Estados Unidos e em vários outros locais do mundo, incluindo Portugal, na cidade que o viu nascer.

Setúbal homenageou-o atribuindo-lhe a medalha de Honra da Cidade, na classe Atividades Culturais.

Provavelmente o segredo do sucesso deste invulgar casal com várias dezenas de anos de união resida no facto de se aceitarem tal como são e não quererem modificar a maneira de ser e de estar um do outro, a fazer fé na declaração de José Miguel: “Para mim tudo o que ela faz está bem, para ela tudo o que eu faço está bem”.

Rui Canas Gaspar
2015-março-24

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segunda-feira, 23 de março de 2015

A propósito da introdução dos javalis na Arrábida

Em 2013 ainda não se falava na proliferação de javalis na Serra da Arrábida e estando a recolher material para escrever o livro “Mistérios da Arrábida” (não editado) recolhi elementos e testemunhos junto de habitantes e bons conhecedores da serra. Daí resultou um texto de que partilho parcialmente.

“O Tapir olhava para aquela terra revolvida, onde ainda se podiam ver à superfície alguns bolbos de lírios selvagens. Coçou o queixo com ar apreensivo, virando-se para o Grande Urso perguntou:

- Mas como é que animais desse porte que se encontravam extintos agora podem ser observados por aqui, que mistério vem a ser esse?

O rapaz baixou-se e, com a sua faca-de-mato, escavou pequenos buracos naquela terra remexida onde foi enterrando os bolbos que se encontravam espalhados à superfície, enquanto o seu companheiro, o entendido Grande Urso, respondia.

- Ao certo, ao certo, não te posso dizer porque não vi como foi feito, porém como vocês sabem eu interesso-me por tudo o que seja animal existente aqui no P.N.A. e falando com o meu pai sobre o assunto, ele esclareceu-me, dizendo que a informação lhe tinha chegado por intermédio de um velho amigo que é caçador.

Conta-se por aí que certos senhores ricaços que costumavam ir caçar para o Alentejo, lá para as bandas do Alqueva, andavam desgostosos por este ser o único Parque Natural onde não existia caça grossa e vai daí trataram de comprar uns javalis, de diversas proveniências, para evitar problemas de consanguinidade e, numa noite, largaram-nos aos casais, em quatro diferentes pontos do Parque.

Algumas das fêmeas até já se encontravam prenhas. Os animais começaram a reproduzir-se rapidamente e a disseminar-se por todo este território.

Ora como os javalis podem andar por noite entre dois a catorze quilómetros e como as javalinas podem ter entre dois a dez leitões por ninhada, então não é de admirar como rapidamente este Parque fosse repovoado a partir da sua reintrodução, podendo-se já ver estes animais um pouco por todo o lado.

E já são tantos que os acidentes rodoviários têm vindo a ocorrer em algumas estradas aqui do parque, com animais atropelados e viaturas danificadas, pelo que se torna urgente serem colocados sinais de trânsito a informar os automobilistas para a existência de caça grossa.”

Rui Canas Gaspar (in: Mistérios da Arrábida)

2015-março-23


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sábado, 21 de março de 2015

A calçada vermelha de Setúbal

Em Setúbal, a exemplo da generalidade das terras de Portugal, podemos observar lindos e artísticos pavimentos construídos em pedra, onde o negro do basalto e o branco do calcário contrastam formando artísticos desenhos dignos de serem observados em pormenor, como é disso  exemplo o brasão com as armas da cidade que podemos admirar no artístico pavimento da Praça de Bocage, frente aos Paços do Concelho.

O cinzento granito foi também utilizado em vias de muito trânsito, devido à sua resistência, como foi, por exemplo, o caso do revestimento da antiga Rua Nova da Conceição, rebatizada  como Avenida 5 de Outubro. Um tapete betuminoso haveria posteriormente de cobrir esta via tal como muitas outras do mesmo tipo.

Porém, Na marginal, à beira-rio, toda aquela avenida haveria de ser revestida com esses resistentes paralelepípedos colocados artisticamente.

O basalto cortado de forma irregular e não em peças perfeitas foi utilizado à beira-rio após a construção das grandes obras do Porto de Setúbal e foi também aí que foi utilizada uma pedra pouco comum na nossa cidade, a marga formando naquele local uma calçada de cor avermelhada.

E é o que resta desta calçada vermelha que ainda podemos observar um pouco, nos pontos em que a areia o deixa a descoberto, no Parque Urbano de Albarquel, na zona que já se encontra disponível e que pertencia às  instalações da SADONAVAL.

De onde teria vindo esta marga e porque teria ela sido utilizada neste pavimento? Uma boa questão para a qual eu não tenho resposta.

Para os estudiosos, particularmente para os arqueólogos as pedras contam-nos histórias incríveis e as pedras utilizadas em Setúbal são disso a prova, desde aquelas que foram utilizadas há centenas de anos na calçada romana do Viso, extraídas ali perto, na cordilheira da Arrábida, até àquelas outras que vindas das frias terras do norte da Europa acabariam por ser utilizadas na construção de algumas edificações e pavimentos lá para as bandas das Fontainhas.

E porque carga de água é que haveríamos de importar pedra de tão longe quando temos tanta por aqui, perguntarão os leitores?

De facto não a compramos. Essa pedra servia de lastro aos muitos barcos que vindos do Norte da Europa demandavam a nossa terra para aqui se abastecerem do melhor sal do mundo, o sal de “St. Ubes”.

Depois de fundearem para carregar o sal, os barcos retiravam do seu porão as pedras que lhes serviam de lastro deixando-as por cá. Pedras que viriam posteriormente a ser utilizadas nos mais diversos trabalhos.

São histórias simples e curiosas como esta que as nossas pedras nos contam. Saibamos nós escutar os contadores e pesquisar um pouco da riquíssima história setubalense e certamente iremos aprender a amar melhor esta nossa terra tão rica e tão desconhecida.

Rui Canas Gaspar
2015-março-21

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sexta-feira, 20 de março de 2015

Em Setúbal temos pessoas de bom gosto

Independentemente do dinheiro que cada um tem ou deixa de ter, todos sabemos que existem pessoas que não são capazes de dar um cêntimo seja a quem for, algumas porque se convenceram que vão levar consigo a fortuna quando partirem desta vida.

A semana passada, tive oportunidade de escutar num conjunto de entrevistas feitas na rua, por uma das nossas estações de televisão, um homem que dizia que se lhe saísse o jackpot do euromilhões fazia uma cova no quintal onde enterrava o dinheiro, porque pelos vistos não confiava em nada nem em ninguém.

Pela minha parte desejo-lhe as maiores venturas deste mundo, mas que nunca lhe saia dinheiro algum e, se quiserem saber o porquê desta minha opinião leiam a Bíblia, em Mateus 25:14-30.

Embora sem conhecer o proprietário, sempre que por ali passo e tenha possibilidades para isso, perco um pouco de tempo a apreciar, o bonito jardim que alguém construiu e mantem, num lote particular, não só para seu deleite, mas para o de todos os que por ali transitam.

Fica na Rua de Brancanes, na Quinta Alves da Silva, num lote entre várias vivendas e também ele destinado a uma dessas construções, mas que o seu proprietário optou por nos brindar com um excelente jardim, provavelmente o que de mais bonito se encontra na zona e mesmo por toda a cidade.

Aqui temos um exemplo prático de alguém que certamente se lhe saísse o tal euromilhões certamente não iria enterrar o dinheiro no quintal, mas dar-lhe-ia melhor utilização.

Como disse, mesmo sem saber quem é, estou em crer que com o dinheiro na mão desta pessoa todos sairíamos beneficiados pela sua generosidade e bom gosto.

Neste lindo primeiro dia de Primavera em Portugal, quero aqui neste espaço manifestar o meu agradecimento por este ou esta setubalense, de nascimento ou de coração, que com o seu bom gosto nos brindou com as mais bonitas flores do seu belo jardim.

Rui Canas Gaspar
2015-março-20

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quinta-feira, 19 de março de 2015

E tudo por causa de umas botas cardadas…

A escola para ele só começava da parte da tarde e, o Francisco com os seus 8 ou 9 aninhos, mal saiu de casa, localizada no andar de cima do pequeno prédio onde segundo a tradição teria nascido a famosa cantora Luísa Todi, viu um rapaz com uma bola, daquelas feitas com uma meia cheia de trapos.

Correu para ele tirou-lhe a bola e logo ali no largo fronteiro à casa e onde funcionava a “Escola da Coelha”, junto à Rua da Brasileira, no Bairro de Troino, conjuntamente com mais uns quantos rapazes da sua idade se iniciou uma partida do desporto-rei.

Um deles, calçando as suas novas botas, cardadas, para a sola durar mais tempo, ao dar o primeiro pontapé na bola, escorregou na calçada, caiu e começou a sangrar da cabeça.

Ao verem o sangue a jorrar, logo os rapazes correram com o acidentado para o Hospital da Misericórdia, que funcionava anexo ao Convento de Jesus, ali bem perto.

Entretanto, a hora da escola chegou e os rapazes lá foram muito caladinhos para lá. A professora Coelha, que não tinha fama de ser muito meiga, ao ver o moço de cabeça ligada tratou logo de saber como aquilo tinha acontecido e, sem perder muito tempo, tratou de aplicar o respetivo corretivo.

Três reguadas, bem aplicadas na palma da mão a cada jogador e meia dúzia para o Francisco que era o “dono” da bola. Seguidamente foram todos mandados para casa, para levarem segunda doze das respetivas mães.

A mãe do Francisco, quando chegou a casa após um dia de trabalho árduo na fábrica de conservas, ao inteirar-se do que se passou, provavelmente não gostou do castigo aplicado ao rapaz, ou talvez não estivesse na disposição de pagar à professora Coelha para o rapaz não ter aulas, imediatamente tratou de tirá-lo da escola.

Durante dois anos o pequeno Francisco deambulou pela Praia do Seixal, onde posteriormente se viria construir a doca dos pescadores e ali ia conseguindo arranjar uns peixes para levar para casa e desta forma ajudar na economia doméstica.

Quando o rapaz atingiu os 11 anos conseguiu um lugar num dos barcos setubalenses e tornar-se-ia pescador.

A exemplo da esmagadora maioria dos homens do mar daquele tempo, ele não tinha sequer completado a terceira classe, ou seja, pouco ou nada sabia ler e escrever.

E foi necessário chegar ao início dos anos 70, com quase meio século de vida, para decidir ir para a escola, na Casa dos Pescadores, onde tirou a 4ª classe e logo de seguida a carta de arrais da pesca costeira, a necessária autorização para desempenhar uma atividade para a qual estava mais que apto.

Foi um esforço tremendo! Depois de vir cansado do mar, muitas vezes sem dormir, lá ele ia para a escola e com tal afinco que nos deixava boquiabertos.

Bem poderia ter sido mais fácil, não fossem aquelas botas cardadas…

O Francisco quando fez os 22 anos casou-se com uma prendada jovem nascida também no Bairro de Troino. Desse casamento nasceram dois rapazes, que já lhe deram descendência.

Hoje, perto de completar 90 anos, e depois de sofrer um acidente ocasionado pelo mau estado do piso perto da sua residência, encontra-se a recuperar a mobilidade.

A sua cabeça está em plena forma e continua a contar-me as mais bonitas histórias de vida que vou escrevendo e partilhando com os meus conterrâneos.

E é para este que foi um profissional competente, um marido exemplar e um pai modelo, bem como para todos os outros com ou sem estas características, quer ainda se encontrem entre nós ou que já tenham partido, que desejo um ótimo DIA DO PAI.

Rui Canas Gaspar
2015-março-18

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quarta-feira, 18 de março de 2015

O Coral Luisa Todi uma instituição emblemática setubalense precisa do nosso apoio

Ainda antes do nosso emblemático Coral Luísa Todi nascer, em 1961, outro importante grupo representou a cidade berço da grande cantora lírica que empresta o seu nome a este antigo coral; O Orfeão Cetóbriga, formado nos anos 20 e que se notabilizou particularmente na época de 30 do século XX.

Este orfeão que cantou e encantou a cidade do Sado seria também, naqueles tempos, um digno representante do povo desta terra, levando as suas belas melodias um pouco por todo o país, percorrendo-o de norte a sul, dirigido pelo seu maestro de sempre, o aveirense: Dr. Rocha Pinto.

Alguns conhecidos setubalenses de então colocaram o seu talento ao serviço do canto que encantou muitos milhares de pessoas. Entre eles podemos salientar os nomes do conhecido fotógrafo Américo Ribeiro e de Aurélio Fernandes, pai de Luís Fernandes que, com apenas 12 anos, ingressou no orfeão onde seu pai, Francisco Fernandes, servia como Presidente da Direção.

O Orfeão Cetóbriga, composto por meia centena de talentosos cantores cessaria a sua atividade devido ao falecimento precoce da filha do maestro. Porém se a flor se finou a semente ficaria na terra e germinaria alguns anos mais tarde, pela mão de um dos seus mais novos integrantes, precisamente Aurélio Fernandes.

E, foi em 1961, quando o dinâmico Aurélio Lino da Conceição Fernandes contava 45 anos, um homem com uma vida marcada por uma constante dádiva à cidade do rio azul, conjuntamente com a conhecida Maria Adelaide Rosado Pinto, talentosa pianista, filha do compositor setubalense Celestino Rosado Pinto decidiram formar o Coral Luísa Todi que nasceria oficialmente no dia 25 de outubro desse mesmo ano.

O grupo começou a tomar forma com a entrada de cantores oriundos de todas as classes sociais. Os ensaios eram então realizados na Academia Luísa Todi, local onde o coral nasceu e, depois da separação da Academia, passaram a ter lugar nas instalações da Escola Industrial e Comercial de Setúbal, atualmente designada como Escola Sebastião da Gama.
Posteriormente, nos anos setenta vamos encontrar o Coral Luísa Todi a ensaiar num espaço com melhores condições, o belo salão nobre dos Paços do Concelho.

Sempre houve uma grande preocupação com a qualidade do conjunto e só depois do mesmo estar devidamente afinado e as peças a apresentar muito bem ensaiadas é que foi decidido fazer a sua apresentação pública a qual haveria de fazer história conforme podemos constatar pela notícia da época publicada pelo jornal “O Setubalense”.
O espaço para a apresentação não poderia ser mais bem escolhido e, em 30 de julho de 1963, o Cine Teatro Luísa Todi receberia uma entusiasmada plateia que ovacionaria os novos cantores de Setúbal, num memorável concerto apresentado pelo grande setubalense de coração, o médico e poeta Dr. Cabral Adão.

O Coral Luísa Todi, dispõe atualmente de sede própria, mas necessita angariar 4.500 euros, até 11 de maio deste ano de 2015, para poder adquirir um piano de ¼ de cauda, tão necessário para apoiar as suas atividades artísticas.
Para conseguir essa verba conta com o apoio de todos os setubalenses de boa vontade e seus amigos que poderão fazer o seu donativo, de qualquer montante, utilizando a plataforma online http://ppl.pt/167575

Rui Canas Gaspar
2015-março-18

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terça-feira, 17 de março de 2015

Vandalismo em frente ao nariz da Presidente da Câmara Municipal de Setúbal

Zombie é uma palavra usada no cinema ou em obras literárias de horror e fantasia destinada a designar um morto-vivo ou uma criatura estúpida.

Este termo podemos vê-lo inscrito por tudo o que é sítio em Setúbal e arredores, seja numa vulgar parede, ou num qualquer autocarro, numa cantaria ou numa porta bem antiga, numa boca de incêndio ou num semáforo, numa máquina de obras, ou numa placa divisória, bem como numa infinidade de bases, onde a estupidez deste morto-vivo possa deixar a sua marca.

Algumas Autarquias já tomaram medidas mais ou menos severas contra o dano causado ao património público ou privado por este novo tipo de vândalos que existem um pouco por todas as cidades deste nosso país.

É necessário e urgente que Setúbal também tome medidas tendentes a punir forte e exemplarmente todos aqueles que se dedicam a destruir e a danificar o que a muitos outros custa a erguer e a pagar.

Os nossos autarcas não podem invocar ignorância em relação a este assunto, e se por acaso não se dão ao trabalho de ver o que por aí fora esta marcado, a nossa presidente Dra. Maria das Dores Meira, já se devia ter sentido incomodada e mandado substituir o sinal de trânsito do seu parque privativo, em frente aos Paços do Concelho.

É que a marca do energúmeno está ali impressa há várias semanas envergonhando alguns setubalenses, eu incluído, sem que o sinal seja substituído e deverá sê-lo tantas vezes quantas forem necessárias.

Se não há coragem, vontade, ou legislação que lhes permita punir estes atos de vandalismo, pelo menos que minimize a situação, mandando  limpar, pintar ou substituir o que vai sendo danificado.

Como as coisas estão é que não é nada e neste caso concreto o vandalismo está mesmo em frente ao nariz da nossa Presidente da Câmara Municipal de Setúbal.

Rui Canas Gaspar
2015-março-17

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