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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Estará a Arrábida condenada a ser entregue à bicharada?

Dá pena ver agora vazio aquele parque à beira do Rio Sado, localizado a apenas três quilómetros de Setúbal, outrora cheio de vida , com vários montículos de materiais e equipamentos espalhados um pouco por todo o vasto espaço.
O Parque de Campismo do Outão encontra-se licenciado pelo ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas) desde 1985, implantado em terrenos da APSS (Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra) e tem estado concessionado à AUROTUR, Sociedade de Turismo, Lda.
Ocupando uma área de 36.000 M2 ao longo da foz do belo rio azul, frente a Troia, recebia tendas, caravanas e autocaravanas tendo capacidade para 800 utentes. Um agradável espaço que era apoiado por estruturas fixas de minimercado, restaurante, sala de convívio, serviço de correio, etc.
Um diferendo que opôs o concessionário do espaço ao organismo estatal ICNF, devido a alegadas dívidas ao Estado ditou o encerramento do espaço. Dívidas que são negadas pelo concessionário, que garante que os pagamentos estão em dia. Em função deste diferendo a concessão à AUROTUR não foi renovada.
Dizem alguns dos utentes apanhados de surpresa com a decisão de encerramento que o concessionário teria recebido a notificação daquela decisão à três meses, no dia 2 de outubro e que só os informou em meados de janeiro de 2015, 15 dias antes do encerramento.
Sem renovação da concessão a AUROTUR deixou de ter qualquer autoridade sobre o espaço e consequentemente os seus clientes tiveram de desocupar o parque que entretanto ficou com o abastecimento de água potável interrompido.
Alguns utentes do parque que faziam contratos anuais e ali mantinham dispendiosas estruturas viram-se confrontados com esta situação e um grupo de duas dezenas deles apresentaram uma providência cautelar no sentido de impedirem o seu encerramento.
Independentemente do desfecho desta situação com o consequente elevado prejuízo de alguns dos utentes o facto é que aquele espaço está agora irreconhecível encontrando-se alguns utilizadores no dilema de vender ou não as caravanas, dependendo de poderem ou não voltar a ocupar aquele privilegiado espaço entre o mar e a serra.
Independentemente de quem tem ou não razão esta situação faz-me vir à mente o aforismo popular bem conhecido por terras setubalenses que assim reza: “quando o mar bate na rocha, quem se lixa é o mexilhão” .
Esperemos bem que neste triste caso os “mexilhões” não sejam apenas e só os utentes do Parque de Campismo do Outão e que àquele magnífico local não venha a suceder o mesmo que ao outro seu vizinho, que em tempos foi ocupado pelo conhecido restaurante “A Gávea” agora transformado num inestético e feio local em ruinas à beira da estrada, qual cartão de visita do belo Parque Natural da Arrábida.
No P.N.A. já são por demais as estruturas que se encontram votadas ao abandono e espero que esta não seja mais uma que terá o mesmo destino, porque sendo assim, qualquer dia todo o espaço estará entregue à bicharada.
É que por este andar e depois dos cães semisselvagens, das raposas, dos javalis, só nos falta agora termos também ursos a serem reintroduzidos na serra-mãe.
Rui Canas Gaspar
2015-fevereiro-20
www.troineiro.blogspot.com

1 comentário:

  1. O parque de campismo do Outão encontra-se presentemente abandonado e sofrendo uma acelerada degradação. Espero agora que o edificado existente no local seja demolido e o lixo (restos de caravanas, etc) aí remanescente sejam rapidamente retirados do local. Isto por questões de segurança, de saúde pública e por forma ao local poder voltar a ser um espaço natural, como deve ser em virtude da sua localização em pleno Parque Natural da Arrábida. Creio que, de modo algum, o espaço deve voltar a ser explorado para fins turísticos ou quaisquer outros fins, mas antes ser um espaço natural.
    Creio que esta vontade que agora expresso é partilhada por muitos mais utilizadores da Serra da Arrábida!

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