notícias, pensamentos, fotografias e comentários de um troineiro

sábado, 28 de fevereiro de 2015

“Construam-me, Porra!!!”

Um grupo de jovens militantes socialistas de Beja, grafitaram em Maio de 1994, a parede de um pontão construído em 1977 destinada a dar apoio às obras da barragem do Alqueva, inscrevendo a  expressão tipicamente alentejana: “Construam-me, porra!!!”.

Esta manifestação de impaciência deveu-se ao facto dos trabalhos da barragem que viria a dar origem ao maior lago artificial da Europa estarem naquela altura num impasse.

Cartazes promocionais, apresentação em feiras no estrangeiro e outras iniciativas mais ou menos dispendiosas são meios necessariamente utilizados pela autarquia sadina, tendo como objetivo atrair mais turistas para Setúbal.

Turistas que certamente representarão uma fonte de receita para o concelho e consequentemente originando o seu maior desenvolvimento, resultando num melhor nível de vida para quem aqui vive. Será certamente este o objetivo final que se pretende atingir, até porque se assim não fosse então os meios utilizados não se justificariam.

Em função dos meios propagandísticos utilizados e da divulgação das belezas da região sadina, verifica-se que de ano para ano mais turistas nos visitam, utilizando os mais diversos meios de transporte para aqui chegarem, entre eles as modernas auto caravanas.

É sabido que o auto caravanismo está em grande expansão na Europa, daí que se verifique um maior número de turistas deslocando-se nestas viaturas, umas mais sofisticadas que outras.

Ora bem, depois de conseguirmos atrair estas pessoas o que é que aqui lhes oferecemos e quais as suas contrapartidas por utilizarem os nossos serviços?

O que lhes oferecemos é pouco mais do que uma mão cheia de nada, e como tal, eles nada pagam. Felizmente que a Natureza é mais generosa e proporciona-lhes aqui uma beleza invulgar.

E, provavelmente devido à generosidade da Natureza, estas pessoas nos visitam e cada vez em maior quantidade. Hoje mesmo, 28 de fevereiro de 2015, em pleno Inverno, 25 autocaravanas, na sua esmagadora maioria com matrícula estrangeira, estavam parqueadas num espaço sem quaisquer condições junto da Avenida José Mourinho, frente ao Sado.



Mas esta situação poderia ser bem diferente. O que é que custava à Autarquia retirar o podre vigamento de madeira, limpar o espaço e colocar alguma brita no pavimento da antiga fábrica de conserva que se encontra mesmo ao lado do improvisado parque e dotá-lo com capacidade para receber o triplo das viaturas?

Será que não se poderia fazer isto e em meia dúzia de dias transformar aquele espaço num agradável parque para receber estes turistas? Claro que sim! As verbas a despender até não serão significativas.

Se não houvesse a capacidade financeira para construir um parque de cinco estrelas, pois que ficasse com três! O ótimo sempre foi inimigo do bom. Como as coisas estão é que não é nada.

Com a cobrança de uma pequena taxa de pernoita e utilização das necessárias infraestruturas colocadas à disposição dos utentes o investimento seria rapidamente reembolsado e as pessoas teriam um espaço com mais qualidade e segurança, ao nível de uma cidade como Setúbal.

Há cerca de um ano manifestei a minha opinião sobre esta temática e agora de novo volto à carga, porque entretanto o que se fez foi proibir as autocaravanas de parquearem no local onde ocupavam junto aos cacifos dos apetrechos de pesca e permitir que estacionassem no outro dado da avenida.

Razão tinham aqueles jovens alentejanos quando escreveram a célebre frase na parede do Alqueva que ficaria para a história da importante construção.

Rui Canas Gaspar
2015-fevereiro-28

www.troineiro.blogspot.com

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Foi inaugurada secretamente uma importante obra na baixa de Setúbal

Setúbal é uma terra rica não só pelas suas belezas naturais mas sobretudo pelas características únicas dos seus habitantes. Alguns deles verdadeiros “cromos” dignos de figurar numa qualquer coleção de raridades.

E como o secretismo não tem limites por estas bandas, sabiam que foi recentemente inaugurada, sem qualquer pompa, uma invulgar obra de engenharia?

Em plena baixa da cidade foi colocada uma passagem aérea que permite a travessia da via pública sem que os seus utentes tenham de descer as escadas até à rua. Ao fim e ao cabo é para isso que servem estas construções!...

Numa rua estreita e bem conhecida dos mais antigos setubalenses, por outros motivos, podemos contemplar essa maravilha da engenharia e com um pouco de sorte até podemos apanhar os seus utentes em flagrante.

Pois é, para o gato ou a gata, sair e entrar em casa, o seu zeloso dono construiu esta passagem aérea que faz a ligação da sua varanda com a parede do prédio vizinho e é precisamente aí, na propriedade alheia, ainda que em ruínas, coloca a comidinha para o seu animal de estimação.

Assim como assim mais vale os gatinhos fazerem o lixo na propriedade do vizinho que na sua.

Vamos partir do princípio que o construtor desta ponte tem sólidos conhecimentos de engenharia e o material utilizado é o mais adequado e resistente a algum vento um pouco mais forte que possa soprar por aquelas bandas.

Mas… se o azar bater à porta de alguém quando a “ponte” se desprender os transeuntes que por ali passarão poderão não ficar muito bem tratados.

Não deixou de ser curioso observar uns turistas que por ali andavam a olhar estupefactos para aquela construção e a tecerem os mais variadas comentários sobre a utilização de tão estranha construção.

Vale a pena ir à baixa da cidade e passar pela Rua dos Mareantes só para observar a mais recente obra de engenharia moderna, pensada e construída para facilitar a vida aos gatos e gatas que por ali são mais que muitos.

Rui Canas Gaspar
2015-fevereiro-27

www.troineiro.blogspot.com

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

As águas do Sado substituíram as do Jordão

No PUA, tal como todos os dias acontece, pessoas dos mais variados escalões etários corriam ou passeavam por aquele muito concorrido espaço, enquanto no rio podíamos observar as diversas embarcações que chegavam da faina, depois de uma noite de pesca.

O céu estava cinzento, a temperatura agradável, quando perto da hora de almoço chegaram ao Parque Urbano de Albarquel, algumas dezenas de pessoas de etnia cigana.

Quase uma dezena dessas pessoas vinham trajadas de branco, enquanto as restantes vestiam-se de forma informal.

Depois de formarem um círculo, à beira do rio, um deles começou a falar. Rapidamente percebi que se tratava de um pastor, provavelmente o líder da congregação e aquelas pessoas eram membros da sua Igreja.

Informaram-me que se tratavam de cristãos da Igreja Evangélica, pertencentes à congregação setubalense “Cristo para todos”.

Tinham ido até ao PUA para procederem ao batismo de sete novos conversos que iriam  passar a pertencer àquela congregação sedeada em Setúbal e frequentada na sua esmagadora maioria por elementos de etnia cigana.

Depois de um discurso sobre o arrependimento, um a um foram entrando nas águas do Sado. Cruzavam os braços e eram imersos pelo pastor com o auxilio de outro membro.  

Os elementos da congregação que se encontravam na areia ou em cima cantavam alegremente: “Nas águas do Rio Jordão, Jesus foi batizado por João” repetindo e voltando a entoar este verso, provavelmente o refrão de algum hino religioso.

A cerimónia foi concluída e, tão ordeiramente como chegaram, entraram nas suas viaturas e partiram.

Nesta quinta-feira, dia 26 de fevereiro de 2015 as águas do Rio Sado, tinham-se transformado, para aqueles crentes de etnia cigana, nas águas bíblicas do Rio Jordão.

Rui Canas Gaspar
2015-fevereiro-26

www.troineiro.blogspot.com

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Estão por todo o lado os marcos da Mocidade Portuguesa Feminina

A governação do Estado Novo assentava sobretudo em duas vertentes complementares, a repressão e a propaganda.

A juventude era controlada pela Organização Nacional Mocidade Portuguesa, criada em 19 de maio de 1936, em cumprimento do disposto de uma Lei datada de 19 Abril desse mesmo ano.

A esta organização, conhecida apenas por Mocidade Portuguesa ou por MP, deveriam pertencer, obrigatoriamente, todos os jovens portugueses a partir dos sete anos, encontrando-se a mesma organizada segundo os diversos escalões etários, a saber: Lusitos dos 7 aos 10 anos; Infantes 10 aos 14 anos; Vanguardistas 14 aos 17 anos e os Cadetes dos 17 aos 25 anos.

Um ano depois de criada a Organização Nacional Mocidade Portuguesa, em 8 de dezembro de 1937, nasceu a Mocidade Portuguesa Feminina que de acordo com o decreto: “cultivará nas filiadas a previdência, o trabalho colectivo, o gosto da vida doméstica e as várias formas do espírito social próprias do sexo, orientando para o cabal desempenho da missão da mulher na família, no meio a que pertence e na vida do Estado.”

A Mocidade Portuguesa foi criada inspirando-se os seus promotores no modelo da Juventude Hitleriana e, o próprio Marcelo Caetano ocupou o mais alto posto na sua hierarquia, tendo sido seu segundo Comissário Nacional, entre os anos de 1940 e 1944.

Apenas em 1971, a juventude portuguesa passa a ter direito de opção em relação à sua filiação na MP, esta deixa de ser obrigatória e passa a ser opcional. De acordo com o Decreto-Lei nº 486/71, de 8 de Novembro, a Mocidade Portuguesa e a Mocidade Portuguesa Feminina, foram transformadas em simples associações nacionais de juventude, passando a ter caráter não obrigatório.

Após a revolução de 25 de abril de 1974 é extinta esta organização de juventude.

Passados que foram mais de 40 anos sobre a extinção da M.P. ainda são bem visíveis por muitas das estradas de Portugal marcos que assinalam a sua presença.

Trata-se de nichos com imagens católicas que aquela organização mandou construir e colocar na berma das estradas, como podemos ver, por exemplo, perto de Aldeia Grande, em Azeitão ou como esta que se encontra na estrada do Outão, frente ao desativado Parque de Campismo.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, mas o facto é que há sempre algo que resiste à mudança e, neste caso, nem tudo mudou, como este que ficou materializado um pouco por todo o país.

Rui Canas Gaspar
2015-fevereiro-23

www.troineiro.blogspot.com

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Já fui apresentado aos amigos javalis da Arrábida

Até há bem pouco tempo os javalis na Arrábida eram oficialmente dados como extintos. Porém, nos últimos dias têm sido apontados quase como uma praga, originando até que as entidades oficiais organizassem uma batida, com caçadores e matilhas de cães.

E foi precisamente na zona do Creiro, local onde vários destes animais costumam frequentar o restaurante e tomar banhos de sol que a montaria começou. Só que, alguma fuga de informação, daquelas a que já estamos habituados ocorreu e os javalis trataram de tirar um dia de férias, partindo para local incerto.

E aquelas muitas autoridades que faziam parte da organização, mais os caçadores e suas quatro matilhas de cães voltaram para casa e se quiseram comer algum naco de presunto tiveram de o adquirir noutro qualquer lugar que não na Arrábida.

No sábado, 21 deste mês de fevereiro de 2015 decidi levar o farnel e ir almoçar para junto da Estação Arqueológica do Creiro. Pouco depois de estacionar o carro no parque existente no meio da densa vegetação ouço um ruido de mato a ser pisado e um grunhir bem perto pelo que preparei a máquina fotográfica adivinhando quem me vinha dar as boas-vindas.

Eram quatro, mas como o meu pequeno companheiro tivesse feito mais ruido do que devia dois deles fugiram disparados que nem flechas atravessando a via sem olhar para a direita ou para a esquerda, enquanto os outros dois voltavam à segurança da mata.

Já tinha estado a observar os rastos pelas redondezas, dado tratar-se de animais que se alimentam de raízes, frutas, insetos, pequenos animais, ervas e tubérculos, daí que o solo se apresente remexido, como se tivesse sido lavrado.

É claro que naquela zona, eles poderão ser um excelente auxiliar dos arqueólogos, porquanto levantam pedaços de peças de argila um pouco por todo o lado.

Tínhamos acabado de comer e metido no saco todos os nossos restos e mais alguma coisa que alguém distraído por lá tinha deixado, quando ouvimos o restolhar no mato deixando antever que tínhamos visitas. De facto eram eles, os quatro que chegavam.

Fiquei parado e disse ao meu pequeno companheiro para não se mexer e ficar junto à grossa árvore, de forma a podermos refugiarmo-nos ali caso fosse necessário. Mas, como o respeitinho é muito bonito, aquele que parecia ser o chefe, parou a meia dúzia de metros, olhou-me fixamente durante algum tempo e eu fiz o mesmo com ele e, pouco depois, passadas as apresentações  lá se foram embora, sem que antes eu tivesse registado o momento para a posteridade.

Este foi o meu primeiro encontro com os javalis da Arrábida, os porcos selvagens, porém respeitadores do espaço que cabe a cada um.

A mesma sorte não tiveram aquelas duas moças que chegaram ao local e estacionaram o seu smart no mesmo parque enquanto desciam à praia para tomar uma bebida no restaurante. É que, passados poucos minutos, quando retornaram verificaram que o pequeno veículo tinha sido assaltado e desaparecido a sua mala de viagem.

Afinal, parece que mais perigoso que os porcos selvagens, a quem fui apresentado neste dia, são aqueles  outros que também andam pela serra e que não tendo quatro patas, se nos descuidamos nos prejudicam mais e estragam o dia que poderia ser de felicidade e alegria.

Rui Canas Gaspar
2015-fevereiro-22

www.troineiro.blogspot.com

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Estará a Arrábida condenada a ser entregue à bicharada?

Dá pena ver agora vazio aquele parque à beira do Rio Sado, localizado a apenas três quilómetros de Setúbal, outrora cheio de vida , com vários montículos de materiais e equipamentos espalhados um pouco por todo o vasto espaço.
O Parque de Campismo do Outão encontra-se licenciado pelo ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas) desde 1985, implantado em terrenos da APSS (Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra) e tem estado concessionado à AUROTUR, Sociedade de Turismo, Lda.
Ocupando uma área de 36.000 M2 ao longo da foz do belo rio azul, frente a Troia, recebia tendas, caravanas e autocaravanas tendo capacidade para 800 utentes. Um agradável espaço que era apoiado por estruturas fixas de minimercado, restaurante, sala de convívio, serviço de correio, etc.
Um diferendo que opôs o concessionário do espaço ao organismo estatal ICNF, devido a alegadas dívidas ao Estado ditou o encerramento do espaço. Dívidas que são negadas pelo concessionário, que garante que os pagamentos estão em dia. Em função deste diferendo a concessão à AUROTUR não foi renovada.
Dizem alguns dos utentes apanhados de surpresa com a decisão de encerramento que o concessionário teria recebido a notificação daquela decisão à três meses, no dia 2 de outubro e que só os informou em meados de janeiro de 2015, 15 dias antes do encerramento.
Sem renovação da concessão a AUROTUR deixou de ter qualquer autoridade sobre o espaço e consequentemente os seus clientes tiveram de desocupar o parque que entretanto ficou com o abastecimento de água potável interrompido.
Alguns utentes do parque que faziam contratos anuais e ali mantinham dispendiosas estruturas viram-se confrontados com esta situação e um grupo de duas dezenas deles apresentaram uma providência cautelar no sentido de impedirem o seu encerramento.
Independentemente do desfecho desta situação com o consequente elevado prejuízo de alguns dos utentes o facto é que aquele espaço está agora irreconhecível encontrando-se alguns utilizadores no dilema de vender ou não as caravanas, dependendo de poderem ou não voltar a ocupar aquele privilegiado espaço entre o mar e a serra.
Independentemente de quem tem ou não razão esta situação faz-me vir à mente o aforismo popular bem conhecido por terras setubalenses que assim reza: “quando o mar bate na rocha, quem se lixa é o mexilhão” .
Esperemos bem que neste triste caso os “mexilhões” não sejam apenas e só os utentes do Parque de Campismo do Outão e que àquele magnífico local não venha a suceder o mesmo que ao outro seu vizinho, que em tempos foi ocupado pelo conhecido restaurante “A Gávea” agora transformado num inestético e feio local em ruinas à beira da estrada, qual cartão de visita do belo Parque Natural da Arrábida.
No P.N.A. já são por demais as estruturas que se encontram votadas ao abandono e espero que esta não seja mais uma que terá o mesmo destino, porque sendo assim, qualquer dia todo o espaço estará entregue à bicharada.
É que por este andar e depois dos cães semisselvagens, das raposas, dos javalis, só nos falta agora termos também ursos a serem reintroduzidos na serra-mãe.
Rui Canas Gaspar
2015-fevereiro-20
www.troineiro.blogspot.com

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

E vivam as rotundas em Setúbal

Como condutor gosto da existência de rotundas dado que me permitem alterar com facilidade o trajeto, particularmente quando me encontro a conduzir em localidades desconhecidas. Prefiro também as rotundas aos cruzamentos regulados por semáforos que regra geral fazem-nos perder mais tempo.

Por outro lado, considero mais vantajoso, onde isso se possa aplicar a existência da rotunda em substituição do cruzamento regulado pelos semáforos, pelo consumo de energia que isso representa.

Finalmente, gosto das rotundas porque é um espaço onde se podem colocar elementos escultóricos que muito poderão contribuir para o embelezamento das localidades.

Admito que outros condutores tenham opinião diferente, mas enfim, cada um gosta do que gosta e argumenta em função daquilo que lhe parece melhor.

E foi com satisfação que vi ser alterada a Avenida da Europa, em Setúbal, com a introdução de uma útil rotunda que permite o acesso mais rápido à Avenida Independência das Colónias, evitando para quem vem da Avenida dos Ciprestes ter de conduzir ao longo de toda essa via para fazer a inversão de marcha já na rotunda do Rio da Figueira, melhor dizendo, na Praça Tratado de Roma (junto ao Mac’Donnalds).

Mas, independentemente da bondade da obra, o que tem chamado a particular atenção de vários automobilistas é a acentuada inclinação da rotunda (lado norte) pendendo para o lado de fora, quando o normal seria exatamente o contrário.

Provavelmente os projetistas pensaram na forma mais rápida e prática de escoamento de águas das chuvas, que neste caso não vão para qualquer coletor mas sim diretamente para a Várzea.

Porém, com a inclinação da via para o lado de fora, alguns condutores mais apressados, menos atentos ou com as viaturas que não estejam nas melhores condições poderão facilmente ir bater na berma e, quem sabe, se um destes dias algum não irá parar à várzea.

Aquele espaço é bem recente e a zona que apontamos já se encontra com as bermas “ratadas” pelo que julgamos que algum expert municipal ligado a estas questões de trânsito deveria ver este assunto quanto antes não vá o diabo tece-las, como diz o nosso povo.

Rui Canas Gaspar
2015-fevereiro-17

www.troineiro.blogspot.com

domingo, 15 de fevereiro de 2015

A cidade de Setúbal está a transformar a geografia local

Alguns setubalenses até podem ainda não ter reparado, mas a geografia da cidade tem-se alterado profundamente e continua imparável neste processo que tudo transforma quase sem darmos por isso.

Há cerca de 500 anos a Ribeira do Livramento corria livremente pelo espaço ocupado atualmente pela Av. 22 de Dezembro, passando ao lado do Mosteiro de Jesus, que naturalmente foi construído num plano mais elevado que o leito da ribeira.

Presentemente, vamos encontrar a soleira do pórtico principal daquele que é o mais importante monumento setubalense, a uma cota de sensivelmente menos dois metros do piso da Avenida. Ou seja, aquele espaço subiu em média, grosso modo, na ordem dos 4 centímetros por ano.

Ainda nos anos 70 podíamos observar a estrutura de um velho moinho no alto de uma pequena colina no lado oposto onde atualmente se localiza a loja do cidadão. Com a construção dos edifícios as areias da pequena colina foram retiradas e edifícios foram ali edificados.

Mas, provavelmente a maior movimentação de terras alguma vez levada a efeito desde que nos anos 30 do século passado foram construídas as grandes muralhas e docas à beira Sado, estão agora a ser realizadas.

Milhares e milhares de metros cúbicos de terras têm vindo a ser retiradas dos pequenos outeiros até há pouco existentes entre a cadeia e o Centro Comercial Alegro, transformando aquele espaço, ao mesmo tempo que os inertes vão sendo colocados ao longo da futura avenida que está a ser construída na várzea de Setúbal, em paralelo com a Avenida dos Ciprestes.

Esse enorme aterro transformará igualmente a paisagem daquela zona, outrora ocupada por produtivas quintas agrícolas e no qual está projetado construir o maior parque verde da cidade.

Com estas movimentações de terras a paisagem vai-se transformando e a geografia local altera-se profundamente ainda que com os afazeres e as correrias do nosso dia-a-dia quase nem demos por isso.

Razão tinha o químico francês Antoine Lavoisier quando um dia afirmou: “Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” e Setúbal é prova disso mesmo.

Rui Canas Gaspar
2015-fevereiro-15

www.troineiro.blogspot.com

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

ARRÁBIDA

Haja paciência, porque parece que estamos entregues à bicharada!…

Há cerca de dois mil anos os romanos verificaram que o Portinho da Arrábida era um excelente local para instalar uma unidade de conservação da bela sardinha e cavala pescada aqui na nossa Costa da Galé.

Estes nossos antepassados colocaram mãos ao trabalho e, construíram na zona do Creiro, uma destas unidades conserveiras, cujos produtos exportavam para diferentes pontos do seu vasto império.

Naturalmente para as instalações fabris teria forçosamente de haver água doce, um bem escasso pelas bandas da Arrábida, no entanto, naqueles tempos longínquos deveria haver por aquela zona alguma nascente, provavelmente a que ainda hoje referenciamos como a “fonte da paciência”.

A designação dever-se-á certamente a ser tão diminuto o seu caudal que será necessária muita paciência para que se consiga obter alguma água para nos saciarmos.

Em tempos menos longínquos, por volta do século XVIII  o local era utilizado para pastagem de gado bovino conforme atestado por documentos da época.

Em 2002 o Parque Natural da Arrábida investiu verbas significativas no local desta fonte, construindo um muro e colocando ali três painéis elucidativos feitos em azulejo. Igualmente dotou o espaço com cercadura e bancos rústicos feitos de troncos tratados, tornando-o bem agradável.

Não sei se desde essa data até hoje houve algum tipo de manutenção, o facto é que o local se encontra atualmente com aspeto de abandonado e o mato e silvas vão tomando conta daquele agradável espaço.

Não percebo que tipo de proteção e manutenção o P.N.A. preconiza para estes espaços, sei que não autoriza as viaturas acederem à parte de baixo dos parques de estacionamento do Creiro e depois não faz a necessária manutenção e acompanhamento destes espaços.

O nosso povo utiliza um termo que não poderia ser mais adequado para este tipo de situações, aquele que reza assim: “estamos entregues à bicharada” . 

Nada mais verdadeiro! É que ao fazer uma incursão por aquele local da nossa serra-mãe se não vi javalis selvagens, vi pelo menos bastantes pegadas e “terra lavrada” por aqueles animais na sua busca por alimento.

De facto, haja paciência, porque parece que estamos mesmo entregues à bicharada!...

Rui Canas Gaspar
2015-fevereiro-13

www.troineiro.blogspot.com
Recordando um desfile carnavalesco em Setúbal

O ano de 1967 mal tinha começado quando os Caminheiros do Clan 1 de Setúbal do C.N.E. respondendo a uma solicitação da Comissão de Festas da Cidade encetaram um projeto com vista à sua participação no corso carnavalesco que deveria desfilar nesse ano.
Chegamos à conclusão que poderíamos organizar uma formação romana que transportaria o imperador Nero num palanque carregado por dois possantes escravos e um prisioneiro viking devidamente acorrentado.
Quase não havia dinheiro nenhum para levar de vencida tal projeto, mas muita imaginação e boa vontade. Por isso mesmo recorremos aos materiais mais baratos e cada um comprou uma folha de cartão e fita de nastro para fazer a sua própria armadura.
Com papel de jornal e cola de sapateiro, tendo por molde uma bola de futebol, fizemos os capacetes romanos que teriam o seu acabamento com uma pintura metalizada utilizando-se a tinta que fomos pedir, como oferta, a uma empresa local.
Os escravos tal como o prisioneiro viking vestiam-se com peles. Naquele tempo alguns comerciantes de carne do Mercado do Livramento matavam e esfolavam os coelhos e colocavam as peles a secar, em longas fiadas, num espaço ao ar livre na Rua Ocidental do Mercado. Certa noite, fomos lá “pedir emprestadas” umas peles para cobrir a nudez dos pobres escravos…
Para fazer as vistosas capas vermelhas utilizamos o tecido mais barato que encontramos no comércio local, o tafetá. Enquanto as sandálias foram confecionadas com cartão prensado, o conhecido platex e, seguradas aos tornozelos com fita de nastro.
Quanto ao Nero, uma colcha servia-lhe de manto e uma coroa de louros embelezava-lhe a cabeça enquanto uma harpa alegrava-lhe o dia. O palanque ia assente numa padiola transportada por dois possantes escravos. Tão fortes que não se cansaram com aquelas dezenas de quilos, é que a saia que cobria a padiola não deixava ver as duas rodas de bicicleta em que ela se apoiava…
O nosso grande receio era a chuva. Se ela caísse, mesmo com pouca intensidade chegaríamos em cuecas à nossa sede na Ordem Terceira de S. Francisco, dado que todo o equipamento se iria desfazer.
No último dia de carnaval o corso foi desfilar no Estádio do Bonfim e entreolhámo-nos apreensivos quando aquela nuvem escura, vinda de oeste, começou a despejar água sobre o recinto, precisamente na altura em que desfilavamos junto à lateral nascente, apenas levando com uns borrifos porque os deuses romanos tinham-nos protegido e a água caíra precisamente sobre a parte do cortejo que desfilava junto às bancadas poente.
As cerca de três dezenas de jovens escuteiros setubalenses não poderiam ter ficado mais contentes. Se o primeiro prémio foi para as simpáticas meninas da Escola Industrial e Comercial de Setúbal que desfilaram como majoretes o segundo coube-nos a nós com esta vistosa e bem conseguida formação romana.
Tal foi o sucesso desta iniciativa que as imagens fotográficas captadas, durante muitos anos ainda serviram para publicitar o Carnaval de Setúbal, cuja tradição praticamente se viria a perder no tempo, restando agora uns insípidos desfiles de crianças do ensino pré-escolar.
Rui Canas Gaspar
2015-fevereiro-13
www.troineiro.blogspot.com

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Gaivota sem voar é como jardim sem flores

O funcionário do Bowling de Setúbal mostrava-se visivelmente aborrecido e o caso não era para menos.

Antes do estabelecimento abrir ao público e poucos minutos depois de ter limpo a entrada daquele espaço de lazer localizado junto à doca dos pescadores, em Setúbal, uma das muitas gaivotas que por ali costumam esvoaçar achegou-se mesmo à entrada envidraçada e foi mesmo ali que defecou.

Depois de bater as palmas para que a ave se assustasse e voasse para bem longe, o animal olhou para o homem, virou-lhe o rabinho e deu uns passos, como que a desafia-lo, tornando-se irritante.

O funcionário deu uma pequena corrida  para afugentar a ave e esta por sua vez correndo um pouco, porém sem voar lograva fugir do seu perseguidor.

E foi quando abriu as asas como que querendo voar que reparei que o pobre animal não o poderia fazer e por isso mesmo não conseguiria elevar-se até ao topo dos candeeiros de iluminação onde as gaivotas gostam de pousar, muito menos podia esvoaçar graciosamente à volta dos barcos de pesca com o seu estridente piar.

Aquele pobre animal tinha apenas uma asa. Da outra, apenas era visível uma pequena parte como que se estivesse a crescer uma nova, por isso ele teria de defecar pelos cantos e alimentar-se do que fosse encontrando junto aos recipientes de recolha de lixo por ali existentes.

Nunca tinha observado uma cena tão triste ali pelas bandas da doca, onde me costumo deliciar com aquelas elegantes aves esvoaçando e alegrando-me com o seu alegre e estridente pio.

Fiquei a pensar no que teria sucedido àquela gaivota, se fora alvo de ataque de algum predador, de malvadez humana, ou fosse lá o que fosse que a teria deixado naquele estado. É que gaivota sem voar é como jardim sem flores e isso certamente não alegrará ninguém.

Rui Canas Gaspar
2015-fevereiro-12

www.troineiro.blogspot.com

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

A história do choco frito à moda de Setúbal

Desde o Largo da Palmeira e até à Fonte Nova, quase se poderia dizer que porta sim, porta sim, iriamos encontrar no piso térreo dos pequenos prédios de 1º ou 2º andar a indispensável taberna.
No início da segunda metade do século XX era ali que os pescadores de Troino se reuniam não só para acertarem as contas das suas pescarias, como também para conviverem jogando às cartas ou ao dominó, enquanto regavam a garganta com uns copos de vinho tinto, nos poucos momentos de ócio de que dispunham.
Manuel Coutinho residia na parte de cima de Troino, nos Olhos d´Água, na periferia poente da cidade, onde as precárias habitações eram construídas, muitas delas com o recurso a chapas metálicas recicladas de antigos bidons e a velhas tábuas de madeira conseguidas na Praia da Saúde, onde muita gente também laborava no estaleiro de construção naval.
Ele era um simples pescador que andava embarcado num dos vapores registado na capitania do Porto de Setúbal e estando farto da dura vida do mar um dia, depois de juntar alguns escudos, decidiu mudar de rumo e optar pela vida de taberneiro.
Conseguiu um espaço no Largo da Palmeira onde instalou a sua própria taberna e logo se destacou entre os seus colegas porquanto para melhor escoar o bom tinto das pipas vindas dos lados de Palmela resolveu servir também um petisco até então praticamente ignorado em Setúbal.
Manuel Coutinho logo cedo, pela manhã, dirigia-se até à beira-rio e junto à estacada do carvão comprava aos pescadores dos botes chocos bem grandes e logo ali, nas escadinhas de acesso ao rio, tratava de os cortar em tiras e lavar.
Já na taberna as tiras de choco eram de novo bem lavadas com água doce, salpicadas com umas pitadas de sal e esfregadas com alho e malagueta seguindo depois para a frigideira onde eram bem fritas, tendo o cuidado de tapar o recipiente para que não fosse salpicar e queimar as mãos do cozinheiro.
O pitéu despertou de tal modo a atenção dos clientes que rapidamente a taberna do Manuel Coutinho ficaria famosa entre as gentes do mar graças àquele novo petisco com que os homens do mar acompanhavam o vinho.
Com a fama veio a clientela e com ela o lucro devido à inovação introduzida por este antigo pescador dos Olhos d´Água, que quando faleceu deixou mais do que um considerável pecúlio, legando-nos sobretudo um manjar que se tornaria num emblemático prato da gastronomia tradicional, o choco frito à moda de Setúbal.
Rui Canas Gaspar
2015-fevereiro-11
www.troineiro.blogspot.com

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Os papagaios de Troino

As canas eram cortadas em finas tiras, depois duas delas eram atadas formando uma cruz, colocava-se um fio à volta e forrava-se com papel de jornal, colado com sabão negro.

Alguns moços que tinham conseguido arranjar alguns tostões compravam uma folha de papel colorido na papelaria da Fonte Nova, fazendo um papagaio mais bonito, por vezes até com uma cauda de lindos laços de papel.

O fio de pesca era atado no meio e com o vento que se fazia sentir no alto do outeiro os papagaios e as goinhas esvoaçavam e os rapazes de Troino desafiavam-se uns aos outros para ver qual dos seus engenhos chegaria mais alto.

De vez em quando, quando menos se esperava, lá vinha um a pique e o trabalho de muitas horas lá ia para os anjinhos…

Era com esta e outras inofensivas brincadeiras que nesta altura do ano os moços setubalenses, dando azo ao seu engenho e arte se divertiam, no alto daquele outeiro por cima da “fonte da charroca” cujo nicho ainda podemos ver na foto, envergonhado e escondido por detrás dos contentores do lixo.

Era também do alto deste outeiro que a rapaziada, com os seus olhos de lince conseguia divisar e distinguir os barcos de pesca, que lá longe, para as bandas do Outão, vinham a caminho da lota. Se eles traziam escolta de gaivotas logo corriam a avisar as mães que os pais vinham aí e traziam peixe.

Era assim à pouco mais de meio século, quando as laboriosas gentes do bairro de Troino viviam na sua quase totalidade na dependência da pesca, especialmente da sardinha, que nesta altura do ano não se podia pescar por se estar em altura do defeso, uma medida ecológica que os pescadores e suas famílias tanto temiam.

Havia fome naquelas casas, mas alegria nas ruas, não entre os preocupados adultos, mas entre as ingénuas crianças que mesmo sem dinheiro conseguiam inventar e fabricar os seus próprios brinquedos.

Eram assim aqueles tempos que recordamos com saudade, mas que não queremos vê-los de volta.

Rui Canas Gaspar
2015-fevereiro-09

www.troineiro.blogspot.com

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Conhecem a “Rua dos Mestres” ?

Embora o local ficasse na zona do meu nascimento, o facto é que desde há muito tempo por ali não passava a pé e como tal não o apreciava com algum pormenor. Por isso mesmo, dei comigo a ficar surpreendido quando ao parar para olhar para a placa toponímica com a indicação de Rua dos Carmelitas, verifiquei que se tratavam de umas escadas que venceriam um pequeno outeiro.

O curioso é que esta estranha rua, ali bem perto da Igreja da Anunciada, com uma largura na ordem dos 5 metros está interrompida a meio por uma alta grade metálica, porquanto ela não teria seguimento e como tal, já lá vão algumas dezenas de anos, os moradores solicitaram o seu encerramento à autarquia, transformando assim um espaço público numa espécie de condomínio fechado, só ali entrando os moradores locais.

Não é caso único em Setúbal, conheço pelo menos mais três situações idênticas, na zona da baixa, porém em espaços de menores dimensões.

Mas o mais curioso é que ao falar neste assunto com o meu pai fiquei a conhecer outro interessante pormenor. É que aquela rua, quando ainda por lá não existia o tal gradeamento, era conhecida entre as gentes de Troino como a “Rua dos Mestres” por ali residirem vários destes profissionais.

Nessa altura aqueles habitantes conheciam as ruas da baixa pelas suas antigas denominações, tais como: Rua dos Ourives, dos Almocreves, dos Sapateiros, dos Caldeireiros, etc. etc. mas em nenhuma artéria da cidade se fazia então referência aos profissionais responsáveis pelas embarcações da pesca costeira, os tais mestres.

Os mestres de pesca eram pessoas importantes entre as gentes de Troino, eram os que mais ganhavam e daí o seu estatuto privilegiado.

Nas embarcações o aviso de partida era, por exemplo, dado para as 21,00 horas, os camaradas chegavam com antecedência e o mestre era o último a chegar e a dar as ordens de largar amarras para o barco sair para a pesca.

Se o vento mudava e se verificava que poderia vir tempestade, um dos camaradas logo corria a avisar o mestre que em sua casa ditava as ordens, de saída ou não, do seu barco para a faina.

E foi em torno destas memórias de vivências com mais de meio século que a conversa desta tarde se desenrolou entre mim o meu pai e meu irmão, três troineiros que partilharam boas memórias destas curiosas coisas de Setúbal e onde tive oportunidade de aprender que afinal aqui na nossa terra teria havido uma tal “Rua dos Mestres”.

Rui Canas Gaspar
2015-fevereiro-06

www.troineiro.blogspot.com

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Na Arrábida

Tenham cuidado com os javalis e não descurem as miras lazer

Já lá vão uns três anos quando andando a colher elementos e a fazer entrevistas pela serra com vista à escrita do livro Arrábida Desconhecida, parei  em Casais da Serra para almoçar.  Ali, veio então à conversa o assunto dos javalis.

Soube então que aqueles animais se estavam a multiplicar de forma quase incontrolável por toda a cordilheira da Arrábida e que naquele mesmo local um deles teria sido colhido por uma ambulância que por ali circulava à noite.
Também foram ali contadas aventuras de caçadores furtivos, algumas delas que não achei grande piada porquanto envolviam armas de fogo, com mira lazer, utilizadas em caçadas noturnas.

Segundo foi então relatado um desses caçadores teria sido surpreendido e advertido duramente por um experiente chefe escoteiro para o grave ilícito que estava a cometer, quando em determinada noite este viu a luzinha vermelha da mira telescópica  brilhar na mochila de um elemento do seu grupo.

O tempo que o Parque Natural da Arrábida  deixou passar entre o conhecimento da existência destes animais selvagens e o seu controle originou numa autêntica praga, ao ponto de já terem sido avistados às dezenas na zona do Portinho e um pouco por todo o lado, desde as pedreiras de Sesimbra até à própria cidade de Setúbal, onde já se passearam pela Avenida Luísa Todi e pela Doca dos Pescadores.

Na passada segunda-feira dia 2 deste mês de fevereiro de 2015 finalmente algo de concreto aconteceu e as autoridades organizaram uma batida aos animais. Juntaram 4 matilhas de cães e 17 caçadores, cortaram o trânsito entre as 8 e as 13 horas na Estrada Nacional 379-1 e trataram de dar caça aos animais. Só que… javalis nem vê-los!

O Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, a Associação Nacional de Produtores e Proprietários de Caça, o Núcleo de Proteção Ambiental do Comando Territorial de Setúbal da G.N.R., a Junta de Freguesia de Azeitão e o Clube da Arrábida, entidades organizadoras, vão agora reunir-se para debater nova estratégia que eventualmente passará pela colocação de armadilhas.

De facto a quantidade de animais deverá ser tão grande e a velocidade a que se reproduzem é tal que ainda que estes caçadores e suas matilhas de cães os não tivessem descoberto são bem visíveis por toda a serra os terrenos “lavrados” pelos animais na sua busca por alimento.

É por isso importante controlar a praga pelos meios que os entendidos técnicos julgarem por mais convenientes, mas que esses meios sejam seguros para que possamos continuar a andar de dia ou de noite pela nossa Serra Mãe sem correr o risco de sermos confundidos com javalis.

Rui Canas Gaspar
2015-fevereiro-05

www.troineiro.blogspot.com