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sábado, 4 de outubro de 2014

Olhando para as gaivotas sabe de que lado sopra a brisa?

Depois de nos termos deliciado com o saboroso peixe fresco da nossa costa, comido ali bem perto da Doca dos Pescadores, meu pai, meu irmão e eu fomos dar uma pequena volta por aquele local de tantas lembranças para o nosso pai, um velho pescador nascido e criado no velho bairro de Troino.

A zona do antigo cais do carvão, onde o EVORA se encontra atracado, está agora mais atraente e funcional depois das obras de melhoramento levadas a cabo pela APSS e foi até ali ao cais nº 1 que nos deslocamos para ver a entrada dos barcos na sua doca.

Meu pai olhando para o “cisne branco do Sado” comentou: “- O EVORA não está de nível, tem a proa mais levantada…” o olho clínico do velho homem do mar reparou naquele pormenor que passava despercebido à generalidade daqueles que por ali andam diariamente.

Meu irmão olhou para mim, num olhar cúmplice e afagou a cabeça do nosso pai, dando-lhe razão. De facto o EVORA tem os depósitos de água na proa e estes de momento ainda não foram abastecidos com os cerca de 22 mil litros o equivalente a cerca de 22 toneladas, o peso suficiente para o nosso pai notar a diferença de nível.

Uma ligeira brisa sobrava de noroeste e o velho pescador virando-se para os filhos comentou: “-sabem que as gaivotas indicam-nos de que lado sopra o vento?” Olhamos um para o outro e embora saibamos alguma coisa sobre esta matéria, aprendida ao longo de muitos anos de técnica escutista o facto é que saber a direção do vento pelas gaivotas nunca tínhamos sequer ouvido falar.

“- Olhem para elas! Vejam para onde apontam a proa!”

Em cima de cada um de todos os novos candeeiros lá estava uma ou duas gaivotas empoleiradas e, curiosamente, nunca tínhamos reparado que todas as aves estavam viradas na mesma direção, precisamente apontando o bico para noroeste.

“- Assim podem fazer cócó à vontade cá para baixo porque nunca sujam as penas, se estivessem ao contrário sujavam-se!”

Se é por causa dos hábitos de higiene das gaivotas ou não, nem sequer comento, o facto é que reparei que todas aquelas aves estavam de bico apontado para o lado de onde soprava a brisa.

São histórias e ensinamentos simples como este que semanalmente são partilhadas pelo nosso velho pai, depois do nosso almoço semanal de bom peixe fresco capturado na nossa costa, deixando-nos bem felizes por podermos partilhar da companhia e dos ensinamentos do nosso querido progenitor.

Rui Canas Gaspar
2014-outubro-04

www.troineiro.blogspot.com

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