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sábado, 18 de outubro de 2014

Até quando teremos travessia fluvial para Troia?

A atual conjuntura económica, o assoreamento da margem norte do Sado, aumentando o volume de areia do lado de cá, as melhorias introduzidas na zona ribeirinha de Setúbal, os ventos de norte e nordeste que tornam a margem sul menos abrigada, são fatores que influenciam a população setubalense a não atravessar o rio.

A aquisição dos novos quatro barcos da Atlantic Ferries representaram um investimento substancial que, naturalmente, seria amortizado e rentabilizado se o país estivesse numa situação estável economicamente, o que não tem acontecido nos últimos anos.

O fator económico, aliado aos outros focados acima, levaram a um decréscimo acentuado no volume de viaturas e passageiros transportados, logo a uma diminuição das receitas, que naturalmente se transformaram em prejuízo para a empresa detentora da exploração da travessia do Sado.

Ora como sabemos todas as empresas são criadas para dar lucro e não prejuízo e se isso acontecer sistematicamente apenas lhes resta uma solução, aquela que passa pelo seu encerramento.

Antes dessa solução drástica acontecer certamente que os gestores tomarão todo o tipo de medidas, por vezes nem sempre as mais acertadas, porém serão aquelas que lhes parecem melhor.

E foi assim que, porque as receitas eram insuficientes, se aumentou o preço dos bilhetes, o que levou muitos automobilistas a optar por dar a volta por Alcácer do Sal, diminuindo ainda mais o volume de viaturas transportadas.

Quanto aos veraneantes, porque o dinheiro não abunda e porque as zonas balneares do lado norte estão agora mais amplas indo na maré baixa desde o cais nº1 até à Comenda, também deixaram de ir para Troia.

Porque há menos movimento na época baixa então encosta-se metade da frota e aumenta-se o espaço dos horários, com a consequente perca de qualidade. É assim como a pescadinha de rabo na boca…

Se a tudo isto juntarmos os maiores custos de combustível inerentes a uma viagem mais longa do ferrie, que viu o seu cais de atracação na margem sul ser deslocado para montante para permitir maior qualidade ambiental à desertificada zona de moradias da marina de Troia, então temos todos os ingredientes para que a coisa não dê certa.

Sendo assim, e pensando um pouco sobre o assunto, acho eu, enquanto leigo na matéria, que mais cedo ou mais tarde, apenas um ferrie estará a prestar serviços mínimos, atravessando o Sado e atracando no antigo cais, levando pessoas e viaturas, com menores custos de combustível. Isto enquanto a empresa não encerrar por falta de rentabilidade económica.

É claro que isto é o que eu acho, e de achismos está o mundo cheio, vamos ver pois até quando teremos travessia fluvial para Troia.

Rui Canas Gaspar
2014-outubro-18

www.troineiro.blogspot.com

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