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quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

P´ra melhor está bem, está bem, p´ra pior já basta assim

Há uns anos atrás, um amigo meu debatia-se com o flagelo do desemprego e com sérias dificuldades para solver os seus compromissos, ele nem tinha dinheiro para a gasolina do carro quando um seu amigo mais velho  lhe disse: “Mexa-se, porque você ainda vai ser um homem rico!”  O mais novo olhou para aquele homem, com uma cara incrédula, não fosse ele estar a brincar…

Mas como é que o nosso homem se haveria de mexer? Tal como um carro com a bateria em baixo, só pode voltar a andar se alguém der um empurrãozinho, foi isso que aconteceu. De imediato, após proferir aquelas palavras o mais velho ligou para um outro amigo que arrendou uma pequena casa onde o que estava em dificuldades montou escritório de mediação imobiliária, tendo-se o mais velho emprestado algum dinheiro, sem juros… e tendo-se comprometido como fiador e principal pagador, como faria qualquer bom amigo.

Uma secretária precária (entenda-se, mesa de cozinha), um computador que não funcionava, muita limpeza, simpatia quanto baste e vontade de vencer. Estes foram os ingredientes utilizados no início do negócio.
Com muito trabalho e grande força de vontade o nosso homem pouco tempo passado estava a mudar para um novo escritório, com secretárias e computadores a sério e a dar emprego a outras pessoas.

Presentemente, ele é um homem de negócios, conhecido e bem sucedido e que faz questão de não esquecer os momentos difíceis por que passou e o empurrãozinho que recebeu a par das palavras de incentivo.

Acredito sinceramente que Portugal ainda virá a ser uma grande nação. Bem vistas as coisas, de facto até já o somos, reparemos por exemplo, que as imensas riquezas do nosso mar ainda estão inexploradas, apenas precisamos de um empurrãozinho e neste caso mais do que palavras de incentivo, precisamos de líderes, de homens que o possam ser pelo exemplo e não pelas palavras.

Foi com muito agrado que li hoje a notícia de que a industria do calçado português, uma das melhores do mundo, recusa salários baixos e quer vender mais caro. A meu ver, como simples cidadão, penso ser a receita certa.

Como é que poderemos ter uma economia a crescer se os operários não receberem o suficiente para fazer face às suas mais elementares necessidades? Como é que o comércio poderá vender se as pessoas não tiverem poder de compra? Para que fabricarão as industrias se o comércio que não vende, também certamente não lhe comprará. Para que quererão as fábricas operários se não escoarem a produção? Como pagarão impostos sobre o trabalho operários que estão no desemprego? E por ai fora, com todo o encadear de situações anómalas que qualquer sério economista saberá explicar muito melhor do que eu.

É minha opinião que tudo na vida deve ser equilibrado. Salários mais baixos do que os miseráveis que se praticam em Portugal, comparativamente com os outros seus parceiros da União Europeia, é uma receita para o desastre e não para o progresso, porquanto operário descontente e com problemas é operário que não vai produzir a 100%, tal como um empresário na mesma situação.

Precisamos de mais gente no nosso país com a visão dos empresários da industria do calçado e pela minha parte dispenso opiniões, só porque não os posso despedir, como maus funcionários, aqueles governantes  que advogam que o país só sairá da crise com salários de miséria.


E como reza o refrão da popular chula da chila “p´ra melhor está bem está bem, pra pior já basta assim”

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